Aniversário

Temos muito a comemorarmos, convido Elisa e Lucas para almoçarmos num restaurante. Elisa parece não se dar conta da data, está muito envolvida com o trabalho e esqueceu do seu próprio aniversário.

No café da manhã, preparo uma linda mesa de frutas, sucos e cereais, e junto uma caixa de presente.

Ela se senta a mesa e ao ver a caixa abre um lindo sorriso. Eu e Lucas achamos melhor lhe dar o dinheiro para ajudar nos seus negócios, ela nos abraça e agradece.

Depois de arrumarmos algumas coisas em casa saímos para o restaurante.

Um lugar bonito e aconchegante, parece que a cidade em peso vem para o local no domingo. Está lotado e vários dos meus alunos me cumprimentam e me apresentam seus pais.

É um povo acolhedor, as alunas de Elisa a vêem e a abraça com carinho, ela está feliz com tanto afeto até mudar o semblante quando vê ao longe um casal entrando no restaurante:

__ Aconteceu alguma coisa, filha? ... Você os conhece?

Difícil esconder alguma coisa de mim, é um instinto de professora que sabe quando seus alunos não estão bem ou se estão aprontando alguma coisa. Com meus filhos sou ainda pior.

__ Ele é o prefeito.

Olhamos em sua direção e o mesmo cumprimenta a todos como um bom político que é. A noiva é a professora loira escovada, difícil de acreditar... Ela força um sorriso para cumprimentar as pessoas e segura firme sua mão com medo dele escapar. Ela é mais velha que ele mas não aparenta, ela é muito bonita mas é esnobe o suficiente para causar antipatia.

Ele passa do outro lado e Elisa abaixa a cabeça fingindo não vê-lo para não ter que cumprimentá-lo.

Lucas como é muito conversado sai com uma pérola:

__ Por quê você não o cumprimentou, maninha?

Ela está vermelha igual a um pimentão, um sorriso forçado e parece constrangida.

__ Eu só o vi uma vez, não o conheço direito e nem tenho amizade, não preciso cumprimentar a todos ou preciso?

Eu tento abafar o caso para não estragar o almoço de aniversário que parece mais um baile de formatura do colégio em que todos da cidade participam...

Estamos almoçando e conversando em família e de repente alguém fala com uma voz rouca atrás de mim e meu corpo arrepia.

__ Dona Heloísa, está gostando do local?

__ Doutor Esteves!... O senhor por aqui?...

__ Sim, eu venho sempre. Não gosto de almoçar sozinho no domingo e aproveito para encontrar os amigos.

Ele não está sozinho, Leide está com ele, parece que a trouxe para distrair um pouco. Ela nos cumprimenta e fica com um sorriso lindo quando vê Lucas que rapidamente puxa uma cadeira para ela se sentar. Apresento a eles meus filhos e sem ser convidado o delegado se senta ao meu lado e faz questão de abrir bem as pernas para encostar na minha. Estou um pouco incomodada por ele ser um tanto abusado. Apesar dele ser lindo e usar um perfume estonteante. Suas mãos estão sempre perto das minhas e tenho medo que ele se atreva a toca-las.

Elisa pede licença da mesa e vai ao toalete, ela demora mas estamos entretidos em uma conversa saudável, dando atenção a Leide e Lucas que falam da faculdade e as experiências que tiveram durante a semana com o nascimento do bezerro. Eles parecem gostar das mesmas coisas e a paixão pelos animais.

Terminamos o almoço e continuamos a conversar, eles saem para pegar uma sobremesa e eu fico a mesa com o delegado que me encara o tempo todo. Passo minhas mãos nas minhas coxas em sinal de nervoso e sinto sua mão sobre a minha, meu corpo está em choque com o contato:

__ Você está nervosa, por algum motivo?

__ Eu acho que o senhor está muito abusado, eu sou mãe de família e não costumo dar confiança a quem eu não conheço.

__ Você já me conhece, e eu já sei tudo sobre você. Já sei de onde veio e porque veio. E estou aqui para ajudá-la no que você precisar.

__ Obrigada, mas não preciso de nada. E não sei nada a seu respeito e também não tenho interesse em saber.

Estou mais nervosa e tentando me acalmar, ninguém percebe que ele está apertando minha mão de um jeito carinhoso por debaixo da mesa e meu coração está disparado.

__ Heloísa, eu estou encantado com você desde a hora em que te vi no supermercado, você é uma mulher marcante e muito atraente... Na verdade você é muito linda!

__ Eu agradeço seu elogio mas não posso me envolver com ninguém e nem quero. Estou recomeçando minha vida agora e não estou pronta para colocar ninguém a mais na minha vida.

Ele me olha com encanto e acho que com minha atitude sincera só piorei as coisas... É o caso de quanto mais difícil melhor.

Ele está visivelmente interessado em mim. Sou salva quando os meninos vem em nossa direção trazendo as sobremesas. Elisa traz algo sem muita açúcar e brinca que hoje eu poderia comer um pouquinho fora da dieta mas que amanhã terei que dar duas voltas a mais na caminhada. Leide entrega a sobremesa do seu tio que só assim desata sua mão da minha.

Ficamos mais um pouco e no final ele não me deixou pagar a conta, falando que seria seu presente para Elisa que está cheia de amizade com ele. Estou prevendo muita confusão por causa desse envolvimento entre as famílias.

Ele me passa seu contato para caso eu precise de alguma coisa, eu agradeço sabendo das suas intenções. Até chegar em casa eu tive que aturar as piadinhas dos meus filhos por causa do delegado atrevido.

Entro no meu quarto e tomo um banho, sorrio sozinha lembrando da sua ousadia, é uma pena que isso esteja acontecendo em um momento tão doloroso, eu não posso me envolver com ninguém, meu divórcio não saiu ainda e César se souber que estou saindo com alguém ele surta.

Levanto cedo e depois da caminhada vou até o hospital tirar os pontos, doutor Davi ao me ver vem ao meu encontro com um sorriso encantador. Ele tem a mania de me beijar no rosto perto de todos e eu fico sem graça:

__ Então você veio?

__ O senhor pediu que eu viesse.

Ele abre um sorriso ainda mais lindo e me dirige até seu consultório, pede a enfermeira o material para tirar os pontos, me sento na maca e ele fica muito perto em pé a minha frente, um homem grande com um físico inibidor. Sua respiração está ofegante e ele tenta controlar o tempo todo, depois de tirar os pontos ele passa sua mão por toda extensão do meu braço e pega minha mão e a fica segurando. Ele olha dentro dos meus olhos com seu rosto muito próximo ao meu e me fala com uma voz mansa e atraente:

__ Podemos sair para jantarmos um dia desses?

Meu coração acelera e estou engasgada, não raciocino direito:

__ Sim, podemos sair qualquer dia desses...

Era para eu ter dito não, mas eu fiquei muito nervosa e não pensei direito. Só me faltava essa, os dois irmãos me secando.

Ele leva minha mão até seus lábios e beija lentamente:

__ Vou ficar esperando ansioso para esse jantar é só me dizer quando.

__ Assim que der a gente marca, não posso prometer que seja por agora, estou arrumando algumas coisas nas minhas horas vagas.

Dou uma desculpa e ao sair do consultório ele novamente me beija a face.

Vou trabalhar com uma sensação estranha, pareço uma adolescente sendo desejada por dois homens lindos, isso me faz sentir viva e que ainda chamo atenção de alguém apesar da idade e da minha forma física.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***