PONTO DE VISTA: ANGEL LEE
Ao descer as escadas percebi que um dos amigos de Luke era o homem do restaurante, se me lembrava bem, seu nome era Ravi.
"Que coincidência!"
Cumprimentei a todos e resolvi não falar que já o conhecia, pois teria que contar toda a história em frente ao restaurante e não tinha tempo para isso, visto que o funcionário do Sr. Clifford estava a minha espera.
Eu apoiei no braço do homem que esperava por mim e fui andando devagar sem forçar o meu outro pé no chão.
A casa do meu sócio ficava do outro lado da rua.
E até lá fui pensando, de onde teria visto o Ravi antes daquela noite.
Seria um cliente?
De repente, me lembrei que já havia sentido aquele olhar intenso antes... Meu coração começou a bater mais rápido... Sim, me lembrei. Era ele, o homem do avião, na última viagem que fiz.
Nunca fui de flertar com desconhecidos, mas aceitei os olhares naquele dia e ele chegou a tocar de leve a minha mão no corredor…
Recordo que ele muitas vezes inclinava o corpo um pouco para frente e olhava na minha direção. Eu senti o seu olhar por diversas vezes. Cheguei a ficar um pouco incomodada no início, uma vez que não estava afim de me envolver com ninguém naquela época. No entanto, algo parecia querer me levar até ele, seria o destino?
Por isso, ele pareceu surpreso ao me ver na porta daquele restaurante...
"Que pena!!! Se não fosse amigo do Luke ... " — Pensei e sorri.
O Luke já havia me contado que tinha um melhor amigo e que era o herdeiro de uma das famílias mais ricas do país.
"Ele parece ser encantador, educado, gostoso, porém muito rico... portanto, fora do páreo. Não quero complicações na minha vida." — Meu alerta interno apitou.
Se alguém ouvisse os meus pensamentos ficaria indignado, pois quem não gostaria de um namorado bonito, rico e gostoso? Bem, talvez só eu não quisesse...
Com certeza, essa pessoa diria que sou totalmente insana, boba, ignorante e uma lista de pré julgamentos seriam proferidos.
Antes de me julgar, saiba que eu tinha um motivo para pensar assim...
Tudo começou com a minha mãe. Aos 18 anos de idade, uma jovem estudante do primeiro ano da faculdade de engenharia química, se apaixonou perdidamente por um calouro de outro curso, e ele correspondeu ao sentimento.
Foi amor à primeira vista para ambos, tudo entre eles aconteceu muito rápido: conhecer, namorar, transar e ir morar juntos.
Minha mãe, Anne Lee, tinha dois empregos para conseguir se sustentar. Durante a semana trabalhava numa fábrica de cosméticos e aos finais de semana como bartender numa boate. Tudo isso conciliado com a faculdade.
Já o seu namorado, assim que comunicou à família bilionária sobre o seu namoro, foi expulso de casa, sem qualquer renda, pois não concordavam com aquele relacionamento e ele apaixonado demais não quis ceder.
Um típico drama romântico do rapaz rico que se apaixona pela garota órfã pobre.
Moraram juntos por alguns meses e nesse tempo a família dele conseguiu que fosse despedido de todos os empregos que arranjou.
Até que um dia, minha mãe começou a passar muito mal e ele totalmente imaturo, inexperiente e preocupado, foi buscar auxílio da família sem que ela soubesse.
Seus pais disseram que daria um bom dinheiro e proporcionaria o melhor tratamento médico para ela, com uma condição: deveria deixá-la e nunca mais procurá-la. Ao perceber que não estava disposto a aceitar, ameaçaram a vida dela...
Pensando na saúde da sua amada e no quanto ela trabalhava para sustentar os dois, aceitou a condição, muito relutante.
Ele voltou para casa e contou o acontecido aos prantos, deixou uma pequena quantia de dinheiro.
Não deu chance para minha mãe explicar que poderia estar grávida. Disse adeus e foi embora...
No entanto, minha mãe nunca falou mal dele, nunca o odiou por tê-la abandonado, pelo contrário dizia que a única coisa que desejava para o meu pai era que fosse feliz.
Ela tinha consciência que a vida que os dois levavam era muito difícil para uma pessoa que viveu a vida inteira cercada de luxo e que jamais o privaria de voltar para a sua família, mesmo que para isso tivesse que sofrer...
Alguns dias depois minha mãe comprovou a gravidez... eis o motivo de tanto passar mal.
Ela havia optado por não tocar naquele dinheiro, mas ao descobrir sobre mim, tudo mudou.
Quando a minha mãe viu o cheque, pensou bem sobre o que fazer. Sua intenção era devolver, porém para a família do seu amado, aquilo era esmola. Se estivesse realmente doente, o valor deixado não seria suficiente para um tratamento demorado.
Não poderia ser egoísta comigo, fruto de um grande amor.
Usou parte do valor recebido para comprar uma passagem para outro estado e se estabelecer. O restante ela fez um investimento a longo prazo para emergências no meu futuro.
Minha mãe sabia que se um dia meu pai soubesse da minha existência e que havia deixado passar dificuldade, ele sofreria por isso e talvez não lhe perdoasse por não contar. Ela trabalhou muito para me proporcionar o melhor que podia me dar.
Quando cresci, a quantia investida há anos não foi suficiente, mas ajudou por um tempo na minha faculdade e aulas de etiqueta.
Ela dizia que se um dia o destino colocasse aquela família na minha frente, eu deveria mostrar que mesmo vivendo uma vida simples, eu era alguém melhor.
Dois anos atrás, quando resolvi vir para cá, ela não veio junto, mas em nenhum momento foi contra... Sempre disse que se um dia eu quisesse conhecê-lo, ela me contaria a sua identidade, porém nunca tive essa intenção.
Desde de pequena, ela me contava a sua história e me pedia para que não julgasse a atitude do meu pai, porém eu acompanhei por anos a sua luta para me criar sozinha, o seu sofrimento, os seus momentos depressivos... e isso criou uma mágoa profunda no meu coração.
Sendo assim, coloquei na minha cabeça que se ele a amasse de verdade teria lutado mais e se a quisesse de volta, poderia ter lhe procurado, mas ele nunca fez isso, foi um covarde. Portanto, o dinheiro sempre falava mais alto e ele preferiu ser o herdeiro da família rica em vez de amante e pai. Talvez tivesse outra família rica como ele.
Por isso, tinha as minhas ressalvas quanto a me envolver com homens de classe social diferente da minha.
Sabia que não devia generalizar e era uma besteira da minha parte pensar assim, mas só quem presenciou uma história como a da minha mãe de perto poderia entender.
"Eu não quero ter o mesmo destino!"
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Atualizado até capítulo 95
Comments
Eliana Regina da Silva
Que forte°!!!
Ele é pai dela
2025-03-20
0
Imaculada Abreu
O sócio dela é o próprio pai
2023-12-23
3
Nalva Maia
Oi oque eu tenho pra dizer é que comecei a ler agora e já estou gostando
2023-12-01
1