Véspera do casamento no castelo

Alfred deixou Elizabeth descansar por dois dias inteiros. Não queria que ela ficasse mais nervosa do que estava. Ela aproveitou para conhecer melhor as terras do castelo e suas construções. Tinha algumas ideias de inovação que precisariam implementar para atrair os clientes. Tinha uma grande área próxima do castelo que não tinha nenhuma construção de apoio. Pensou em criar um local para diversão para adultos e crianças. Uma área de piscinas, quadras e brinquedos infantis.

Em casa ela ficou pensando em coisas que vira em vários filmes e que era recorrente: passagens secretas. Todo castelo que se preza tem pelo menos umas duas passagens secretas. Ela agora morando ali iria procurar. Não falaria para ninguém. Afinal, os donos geralmente negavam a existência disso, pois era motivo de vergonha.

Elizabeth foi para o escritório procurar o tio-avô. Queria falar com ele sobre as ideias de utilização das terras do castelo. Ele estava conversando com um advogado sobre a situação dos MacMillan espalhados pelo mundo.

- Bom dia! Com licença? Existem outros MacMillan?

- Sim. Um ramo dissidente foi para os EUA e outros foram para a Austrália. Quando o primeiro MacMillan entrou para a nobreza, alguns se ressentiram e fugiram da Escócia. Estou procurando por eles há décadas. Meu neto também. Acreditamos já estar mais do que na hora de acabar com essa separação.

- Sabemos quem são, o que fazem na vida e onde vivem, mas não conseguimos falar com eles. - Falou o advogado.

- Eles têm direito às terras do castelo e da fazenda?

- Sim. Mas por orgulho não aceitam aproximação.

- E quanto aos bens adquiridos fora das terras do castelo e da fazenda, eles também têm direito?

- Por serem da família, sim. Apesar de ter sido adquirido ao longo do último século, como recebe a chancela MacMillan, eles têm direito. Só não tem direito ao título de nobreza.

- Então esses parentes idiotas estão perdendo dinheiro esse tempo todo por causa do orgulho? Eu não consigo acreditar nisso...

- E nem nós. Infelizmente estamos sem ideias de aproximação.

- Deixa comigo. Vou bolar uma estratégia para atrair esses MacMillan para a Escócia. Ou não me chamo Elizabeth Marie Andrews MacMillan. Deixa só eu voltar da viagem.

- Minha menina cheia de ideias incríveis e inovadoras. Espero mesmo que consiga onde eu, o meu filho e o meu neto falhamos.

- Isso é um caso para uma formiguinha e não para soldados. Os soldados falham por terem muitas regras. A formiguinha invade de maneira invisível.

- De onde tirou essa ideia?

- Na casa em que minha avó morava, era sempre invadida por formiguinhas daquelas bem pequenas que entram em qualquer lugar. Minha avó dizia que as formiguinhas invadem melhor que muitos exércitos. Elas chegam em silêncio e vão tomando conta.

- E você vai usar essa estratégia para chegar perto desses MacMillan dispersos?

- Claro. Vou chegar bem perto e trabalhar com cuidado. É preciso ter calma e cabeça fria. No momento não tenho nenhuma delas. Essa agitação me faz perder o foco. Não consigo pensar direito em nada. Mas depois que voltar...

- Esse seu lado criativo e estratégico vem de onde?

- Acredito ser pelo lado do meu pai. A família dele era especialista em estratégias militares. Meu pai foi o único a não seguir o caminho dos antecessores dele. Ele preferiu usar esse lado criativo para coisas menos bélicas. Meu pai foi o único ferrado da família Andrews. Talvez por nunca ter seguido os passos dos outros.

- Não sabia que a família do seu pai era militar. Interessante isso.

- Meu pai foi o único Andrews que nunca venceu na vida. E como era o filho único, foi a decepção de meu avô. Meu avô faleceu antes do meu pai casar. Os bens dele foram passados para o exército. Ele deserdou o meu pai.

- Seu avô paterno teve coragem de deserdar o filho único? Que homem sem coração!

- Ainda bem que não o conheci e nem convivi com ele. Com certeza ele abominaria uma neta.

- Não consigo acreditar nisso. Que atitude mesquinha do seu avô!

- Eu não ligo para isso. Meu pai nunca quis contextar o testamento do pai dele. Preferia viver do seu suor do que receber por herança um bem que foi tirado dele pelo próprio pai. No trabalho de meu pai, tinha um advogado que achava que meu pai deveria lutar contra o testamento.

- E seu pai não quis lutar?

- Segundo meu avô, meu pai era um banana podre. Um homem sem brio.

- Dureza isso! Um pai desprezar o filho por causa das escolhas de vida.

- E meu pai apenas decidiu não entrar para o exército. Imaginou se meu pai fosse gay? Meu avô iria espancá-lo até a morte.

- E você nem existiria. Que homem rude! Bem parecido com o meu pai.

- Eu sei que atrapalhei a conversa de vocês, mas estava com algumas ideias para o hotel. Depois eu coloco no computador.

- Pode colocar agora. Não estou fazendo nada de importante...

- Tudo bem. Aqui estamos com a imagem do castelo e das terras ao redor. Na parte dos fundos temos vários prédios de apoio ao castelo. Na frente temos o jardim com os labirintos espelhados. Do lado direito temos o heliporto. Mas o lado esquerdo está vazio. Nenhuma construção de apoio ou de diversão.

- E você teve uma ideia para usar essa área?

- Como área de lazer. Piscinas, quadras de esportes, locais de diversão para adultos e crianças.

- Uma ótima ideia! Vamos colocar no planejamento. E quanto aos demais pontos dentro do castelo. Teve alguma outra ideia?

- No momento, não. Ainda tenho que conhecer melhor a estrutura do castelo para resolver esses detalhes.

- Já teve ideia para o jardim interno, também para a área externa próxima e também afastada. Vou aguardar suas novidades. Suas sugestões são ótimas!

- Por acaso foi dela a ideia de construir uma fábrica de queijo na fazenda?

- Isso mesmo! Richard já confirmou com o administrador a construção do projeto. Depois vamos construir a estrutura do hotel fazenda.

- Uau! Isso é o que eu chamo de explosão de ideias.

- E não para por aí. Ela dividiu a área do lago em quatro partes. Duas seriam utilizadas como dependências externas do hotel e outras duas como reservas ambientais.

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