Primeiro jantar social

Depois de tomarem chá, Alfred levou Elizabeth até a última ala do castelo, que ficava nos fundos próximo da cozinha.

- Ontem você estava cansada, então não quis forçar muito. Hoje quero que veja o restante do castelo. Vamos começar pela cozinha e seguir para a área dos fundos, onde estão os alojamentos dos serviçais e outras dependências.

A cozinha era imensa. Com uma despensa grande e um lavabo. Dobrando para a esquerda, ficavam os alojamentos do mordomo, dos dois motoristas, da governanta, da cozinheira e seus auxiliares, da faxineira e das arrumadeiras, além do jardineiro.

- São muitos funcionários!

- Esses são os funcionários que atendem ao castelo no prédio principal. Lá fora também tem outros prédios e também outros alojamentos.

- Mas apesar de serem muitos funcionários, são apenas 10 quartos?!

- Os casais moram juntos, é óbvio e os filhos têm quartos partilhados.

- São famílias?

- Sim e estão aqui desde sempre. Trabalhando em família e para nossa família desde muito tempo, várias gerações. São quatro famílias com os seus filhos. Os quartos das duas extremidades são os quartos dos casais e os quartos no meio são dos filhos.

- Todos os quartos são suítes?

- Menina inteligente. Eu e meu filho fomos modificando internamente e também transformamos os quartos dos serviçais. Antes do meu pai, os banheiros eram do lado de fora do castelo. Meu pai trouxe os banheiros para dentro do castelo e eu e meu filho fizemos as alterações para a configuração atual.

- Transformaram num local confortável para todos.

- Vamos dobrar mais uma vez. Saindo dos alojamentos, temos a sala das armas. Aqui estamos na parte que podemos considerar como um museu do castelo. Temos armas antigas, armaduras e vários aparelhos de guerras antigas. Na sala ao lado temos as obras de arte. Depois o salão de festas e a biblioteca.

- A escadaria dos fundos é bem mais simples do que a escadaria principal.

- Sim. Ela foi construída para facilitar a locomoção dos funcionários ao andar de cima.

- Essa foi a última ala a ser construída no castelo?

- Sim. No princípio os funcionários moravam em cima da estrebaria e do celeiro. Foi meu bisavô quem trouxe os funcionários para dentro do castelo. Pela praticidade e evitava que ficassem doentes ao ter que atravessar um trecho na chuva ou na neve. Os funcionários eram chamados por um sino.

- Que dureza! Coitados. Era muita dificuldade para trabalhar no castelo.

- Daqui a pouco vamos jantar. Está na hora de nos arrumarmos.

- Obrigada pelo passeio e pela aula de história!

Elizabeth subiu as escadas e foi até seu quarto. Já sabia que roupa deveria vestir. Nem se importou de ser ciceroneada por seu tio-avô. Que Richard ficasse no escritório, ou no quarto, não importava.

Tomou um banho relaxante na banheira. Saiu enrolada na toalha e foi para o closet vestir a roupa escolhida. Colocou um conjunto de lingerie vermelho de renda e um vestido também vermelho. Penteou os cabelos e os deixou solto e calçou sapatos fechados de salto médio. Não usou maquiagem, nem mesmo um batom.

Desceu faltando cinco minutos para o jantar. Seu tio-avô estava admirando o frescor da jovem. Ela parecia desconhecer a arte de se enfeitar, mas sem nada ela era bonita. Ficou imaginando como seria se ela fosse devidamente arrumada, penteada, maquiada e com joias para completar. Ele estendeu o braço para que ela segurasse. Foram juntos até a mesa. Ele puxou a cadeira para ela sentar. Era um verdadeiro cavalheiro. Richard entrou na sala nesse momento.

- Boa noite! Está muito bonita!

- Obrigada! São seus olhos!

O jantar foi servido e como no dia anterior, comeram em silêncio. Isso estava deixando Elizabeth constrangida. Tudo bem que certos assuntos não eram muito bem vindos durante o jantar, mas podiam falar do tempo, das colheitas, das frutas, qualquer coisa que quebrasse o silêncio.

Após o jantar, sempre vinha a sobremesa. Elizabeth escolheu um pudim como sobremesa. Depois da refeição, conversavam ainda na mesa, sobre amenidades. O assunto que surgiu foi o nascimento do filhote do cavalo de corrida. A princípio ela se interessou por saber do filhote e do pai e da mãe do potrinho. Depois o assunto foi ficando monótono. Ela pediu licença para subir. Não queria bocejar na mesa.

Alfred fez um sinal para o seu neto. Ele deveria acompanhar a esposa até o quarto. Ele saiu da mesa atrás de Elizabeth.

- Posso acompanhar até o seu quarto?

- Pode, claro.

E os dois subiram juntos, mas sem se tocar. Na porta do quarto dela, antes que ela abrisse a porta, ele pegou a cintura dela e a trouxe até seu corpo. Beijou carinhosamente até que ela demonstrou estar ficando sem fôlego.

- Boa noite! Durma bem, Elizabeth!

- Boa noite! Durma bem também, Richard.

Elizabeth abriu a porta e fechou lentamente, não querendo demonstrar que o beijo deixou ela abalada. Seria outra noite com sonhos eróticos? Ela esperava que não. Precisava aprender a controlar as suas emoções.

Richard desceu as escadas e encontrou o seu avô sentado na sala.

- Como foi? Dessa vez ela não desmaiou, já que você voltou logo.

- Eu não quis forçar demais. Mas ela correspondeu ao beijo novamente. Talvez amanhã eu já consiga fazer ela se sentir mais confortável com os beijos e aceite as minhas carícias.

- Não tenha pressa. Vá devagar e conquiste ela completamente. Antes de inaugurar o hotel, precisa oficializar o casamento, de preferência religioso. Ela não vai se entregar sem isso. Ela é jovem, inexperiente, mas é romântica. Um casamento religioso com certeza será a cereja do bolo. Espero que até domingo próximo já tenham uma data prevista para isso.

- Por que devo casar no religioso se somos legalmente casados?

- Por que uma mulher, jovem, solteira, sem nunca ter namorado antes, é uma eterna romântica e sonha com o casamento na igreja e ter a sua união abençoada por Deus através de um padre. Só por isso. Depois disso, o relacionamento de vocês será bastante produtivo. Se é que você me entende...

- O senhor MacMillan já está sonhando com bisnetos?

- Seria maravilhoso ver crianças correndo pelo castelo. Do mesmo jeito como foi lindo quando seu pai nasceu. Infelizmente minha esposa não pôde me dar mais filhos. O mesmo aconteceu com sua mãe.

- Vou realizar seu sonho, vovô. Elizabeth vai me amar e me dar lindos filhos.

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