Primeiro domingo

Elizabeth dormiu a noite inteira agitada. Acordava com calor, depois com falta de ar, em seguida com sede, com fome e não tinha sossego para dormir e descansar. Mal o dia amanheceu, ela fez sua higiene e saiu do castelo vestindo um conjunto de moletom. A manhã estava bem fria.

Andou pela lateral esquerda do castelo e assim que chegou aos fundos, viu uma construção um pouco mais afastada do castelo. Foi até lá. Era a lavanderia e a garagem. A lavanderia era muito grande e bem equipada. Duas máquinas de lavar com água quente e com secagem automática e duas secadoras de centrifugação além de um tanquinho para lavagem de cobertores. Vários varais de teto. Na garagem, além dos carros modernos e velozes, também tinham alguns modelos antigos.

Elizabeth admirou a coleção e saiu dali em direção ao prédio mais distante do castelo. Os estábulos. Onde ficavam as cocheiras, havia a charrete que eles usaram no dia anterior e uma carruagem antiga e muito bonita. Devia ser a carruagem do primeiro duque MacMillan.

Apesar da curiosidade para entrar e sentir a sensação de estar em uma carruagem antiga, seu estômago começou a doer. Tinha saído em jejum bem cedinho. Já eram mais de 8 horas da manhã. Voltou rapidinho pelo mesmo caminho. Quando chegou já eram nove horas.

- Bom dia! Desculpe estar chegando agora para tomar café, mas acordei muito cedo e quis olhar ao redor do castelo.

- Bom dia! Onde esteve? Nos jardins ou nos fundos?

- Nos fundos. Vi a lavanderia e a garagem e depois fui até os estábulos. Achei uma carruagem antiga linda!

- Você gostaria de um passeio de carruagem?

- Ela ainda sai do estábulo?

- Poucas vezes. Em períodos de comemoração, ela é pintada e reformada para dar uma volta pelas terras do castelo.

- Ela não é toda original?

- Sim. Ela ainda é toda original. Mas precisamos consertar amortecedores e as rodas. Lubrificar os eixos, pintar tanto interno quanto externo. Reforçar os bancos. Lavar as cortinas e os tapetes.

- Reforma de manutenção. Agora entendi. Por isso que ela está linda!

- Além de participar da comemoração anual do castelo, a carruagem foi usada nos últimos casamentos. Meu bisavô, meu avô, meu pai, eu e meu filho. Espero que também seja usada no casamento do meu neto.

- Casamento?

- Sim. Casamento. Uma linda cerimônia na igreja local.

- Mas, como assim? Outro casamento?

- Sim. Um casamento religioso com a benção do padre em nome de Deus.

- Por essa eu não esperava.

- Você não gosta da ideia?

- Gosto sim. Só não imaginava que teria isso já estando legalmente casada.

- Nossa família preza a tradição. Você terá um casamento digno, com vestido de noiva e véu. Festa, baile, jantar e lua de mel. Tudo o que tem direito.

- Uau! Nem sei o que dizer...

- Não precisa dizer nada. Apenas marque uma data na igreja. Deixe o resto comigo.

- Mas assim, de repente? Richard está de acordo com isso?

- Claro que sim. Meu neto anseia por poder realizar essa etapa.

Elizabeth ruborizou. Imaginou que ele queria ir além dos beijos. Ela sabia o que seria. Já assistiu em filmes.

Para sorte de Elizabeth, Richard já havia tomado o café e saiu para olhar a fazenda, como fazia todos os domingos. Se ele estivesse presente, ela nem saberia onde esconder o seu rosto vermelho de vergonha.

- Eu realmente não esperava por isso. Quanto tempo eu tenho para resolver isso?

- De hoje a mais quinze dias.

- Hum! Tão rápido assim?

- Você acredita que o meu neto vai conseguir esperar mais do que isso? Por que ele ontem pediu que trocasse de roupa por algo confortável?

- Não sei. Talvez por termos que sentar no chão.

- Porque ele não resistiria com você naquele vestido solto. Ele contou da sua reação ao selinho que ele deu e depois ao beijo.

- Que vergonha! Eu não acredito que ele contou que eu desmaiei.

- Contou-me tudo. Não temos segredos entre nós.

- Eu não sei o que dizer.

- Você será uma noiva linda!

- Nem sou bonita, quanto mais linda!

- Você alguma vez se maquiou?

- Na festa da formatura do ensino médio. Minha mãe fez uma maquiagem em mim.

- Você tem fotos? Gostaria muito de olhar você maquiada e com vestido de festa.

- Está no meu celular. Vou pegar lá no quarto.

- Você não anda com o seu celular? Pensei que as garotas de hoje não ficassem longe dele.

- Não sou como a maioria das garotas. Vou buscar e já volto.

Elizabeth correu até o quarto. Na verdade o celular estava com ela, só não queria acessar as fotos da família. Precisava de um tempo para isso. Foi até o banheiro, lavou bem o rosto. Depois foi ao frigobar e pegou uma garrafa de água. Bebeu quase toda de uma vez. Respirou bem fundo umas vezes e desceu com o celular na mão.

- Aqui estão as fotos da minha formatura. Meu pai e minha mãe estão comigo na foto.

- Você se parece muito com sua mãe e ela é a cara da minha mãe. Minha irmã Claire também era muito parecida com minha mãe. Eu, meu falecido filho e meu neto puxamos a aparência do meu pai. Você sabe passar fotos para o computador? Gostaria muito de ter essas fotos.

- Sim, eu sei fazer isso. Quer que eu faça agora?

- Seria bom. Vamos para o escritório. Ainda lembro da senha.

- Por que não anota a senha na sua agenda.

- Richard vive dizendo isso. Toda vez que eu esqueço, ele fala a mesma coisa.

Ligaram o computador e Alfred digitou a senha. Elizabeth ficou olhando. Quando estava pronto, ela pareou o celular com o computador via Bluetooth e passou as fotos da família. O álbum de fotos de família estava na memória do celular e agora no computador do castelo. Alfred ficou um tempo olhando as fotos, principalmente de sua irmã e sua sobrinha. Eram duas mulheres lindas!

- Você digitalizou as fotos para o celular?!

- Ainda tenho os álbuns originais, mas carrego comigo no celular. Meu celular tem apenas uma vaga lembrança, porque a memória está cheia com as fotos.

- Pelo que vejo, o seu celular é desde o seu ensino médio...

- Quase isso. Foi meu presente de formatura.

- Está mais que na hora de ter um novo. Dois anos é muito tempo para essa tecnologia. Tudo muda muito rápido todos os dias.

- Estou acostumada com ele.

- Vou pedir para Richard trazer um novo amanhã.

- Não precisa. Esse aqui ainda funciona.

- Mas não deve fazer ligações internacionais.

- Como assim? Ligações internacionais?

- Do seu país de origem para qualquer canto do mundo?

- Não. Na verdade ele só fazia ligações dentro do país. Desde que cheguei ele está mudo.

- Então sem reclamar. Amanhã a noite Richard vai trazer um novo celular para você.

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