Na quarta nos encontramos novamente no treino. Cheguei um pouco mais cedo para poder conversar com Miguel sobre a competição. Estava ansiosa para disputar uma nova maratona, ainda mais de grande porte como seria aquela. A maratona internacional de Florianópolis iria trair um público que vai desde o atleta que está iniciando em corridas, até o atleta mais experiente com as maratonas. Precisaria me organizar para viajar dois dias antes da competição, com a intenção de conhecer o percurso e me familiarizar com o clima, que não é tão quente quanto aqui no Nordeste. Minha preocupação era que só tinha duas semanas para tudo isso.
De tudo que ainda tinha que organizar, a parte mais difícil seria a Mia. Fica longe dela era o que mais me aborrecia, mas não poderia levá-la comigo. Seria quatro longos dias longe da minha filhota. Mia precisava ir à escola e tinha certeza que ficaria muito bem com a Vitória, mas ainda assim meu coração de mãe já sofria por imaginar fica longe dela, mesmo tão pouco tempo.
Naquela noite mais uma vez corri lado a lado com o Miguel, focando no meu ritmo constante nas subidas e nas descidas, apesar de saber serem raras às vezes que numa maratona existia esse tipo de desafios, mas com meu corpo preparado para aquilo, correr no local plano seria mais fácil. Marquei com o Miguel treino extras durante a semana, poderia correr sozinha, mas ainda não tinha esquecido aquele episódio onde fui agarrada. Ao sair do vestiário, mais uma vez encontrei o Hugo, dessa vez me aguardando, mas perdido em seus próprios pensamentos. Minha alegria era tão grande que logo o contagioso, não sei com que ele estava preocupado, mas diante de minha euforia ele logo esqueceu.
Ele novamente me levou até em casa, e durante todo o percurso conversávamos sobre a maratona que eu iria disputar. Ele me perguntou a data e o local exato de onde seria a prova, e ao responder, percebi que ele tentava memorizar minhas informações. Descobri também que ele trabalhava numa rede de concessionárias e designer de veículo. E mais uma vez, rapidinho, estávamos em frente à minha casa. Com o Hugo ao meu lado tinha a impressão que o tempo passava muito rápido.
(Alice) ➖ Você quer entrar? Aposto que a Mia ficaria feliz em lhe ver.
(Hugo) ➖ Deixa para uma próxima vez, realmente preciso ir. Preciso acordar muito cedo amanhã. Diga que deixei um grande beijo para ela.
Ficamos nos olhando como se esperando que alguma coisa acontecesse. Ele segurou minha mão, olhou nos meus olhos, mas seja o que tivesse presta a dizer, desistiu. Levou minha mão aos lábios, deu um leve beijo, disse até mais e eu desci do carro e ele foi embora. Sabia que tinha algo o incomodando e não poder ajudá-lo me deixava incomodada. Se ao menos se ele tivesse falado algo, talvez pudesse ajudá-lo.
Ao entrar dei um abraço bem apertado em Mia e lhe falei que o Hugo havia deixado um grande beijo para ela. Mia como se lembrando daquele episódio do dominó, abriu um largo sorriso e falou gostar muito do Hugo. Vitória ao escutar aquilo me olhou e deu uma leve piscada, e eu lhe dei língua como uma menina malcriada, mas sem deixar que a Mia me visse fazendo aquilo. Conversei com a Vitória que iria precisar que ela tomasse conta da Mia por quatro dias, enquanto eu viajava para uma nova competição. Como esperado, Vitória me disse que não teria problema nenhum, que Mia já era sua filha adotiva e nós começamos a rir. Vitória era casada há 6 anos com Rodrigo. Durante uma conversa que tivemos sobre filhos, a questionei sobre o assunto. Ela havia me contado que durante o primeiro ano de seu casamento, tentou por diversas vezes engravidar, mas não conseguiu. Ao procurar ajuda médica foi constatado que ela tinha síndrome dos ovários policístico. Tentou por diversos tratamentos conseguir engravidar e até tinha conseguido, mas não conseguia segurar o bebê no útero, e sofreu dois abortos espontâneos. Depois disso ela e o Rodrigo desistiram, pois sofriam muito quando isso acontecia. Aceitaram a sua nova situação e decidiram ser felizes assim mesmo. Eles já se sentiam completos um com o outro.
Ao descobrir estar grávida de Mia, Vitória foi uma das pessoas que esteve sempre ao meu lado. Ela acompanhou cada evolução da minha gravidez, o nascimento de Mia, seu crescimento, sua primeira palavrinha, seus primeiros passos e até esteve comigo em seu primeiro dia na escola. Por tudo isso ela se apegou a minha filha e já a amava como se fosse sua. Rodrigo sempre que voltava para casa tinha que trazer uma lembrancinha para Mia. A mimava de todas as formas possíveis, e por saber que minha filha era tão amada por esse casal, já me sentia mais que agradecida.
Mia ficou um pouco triste quando soube que eu precisaria viajar, mas ao escutar o que Vitória programava para elas duas, logo se desfez do bico e me abraçou. Perguntou se eu traria mais um troféu para ela, já que ela tinha adotado todos os meus troféus como dela. Falei que iria me esforçar ao máximo para isso, mas que talvez não fosse possível, pois existiam mais corredores experientes do que eu nessa corrida. Mais uma vez Mia me olhou nos olhos e soltou a sua.
(Mia) ➖ Eu sei mamãe que você é a melhor. Quero meu troféu cheio de florzinha igual ao da princesa Sófia.
Durante aquela semana preparei tudo que tinha que preparar para viagem. Reservei o quarto no Valerim Hotel, como fui instruída. Conversei com o Sr. Daniel sobre minha ausência durante aqueles quatro dias, e ele me falou que eu estava com algumas folgas pendentes. Falei com o Noah que iria viajar, mas que a Mia ficaria muito bem aos cuidados da Vitória, mas que ele ficasse sobreaviso para o caso de algum imprevisto acontecer. Estaria longe e a única pessoa que poderia responder legalmente pela Mia após mim, seria ele. Tudo já estava preparado, aguardando apenas o dia do embarque. Durante toda aquela semana treinamos pesado, com exceção dos dois últimos dias, que Miguel achou melhor que eu descansasse os músculos e não forçasse muito, para não ter nenhuma distensão muscular às vésperas da competição. Hugo me acompanhou até em casa na quarta-feira depois do treino, mas se recusou a entrar, sabia que algo o incomodava, mas como ele não tocava no assunto, eu também não me senti à vontade para perguntar. Nossa conversa sempre era algo relacionado à competição, aos nossos treinos, ou as novas estripulias da Mia.
Chegou o tão esperando dia da viagem, Mia estava tão eufórica quanto eu. Deixei o número do hotel, o número do Noah e até o do Miguel com a Vitória, caso ela precisasse. Miguel chegou na hora em que havíamos combinado, como treinador ele iria me acompanhado durante esses dias em Florianópolis. Dei um forte abraço em Mia e ganhei outro da Vitória que me desejava sorte. Seguimos de carro até o Aeroporto Internacional do Recife. Essa seria a viagem mais longa que eu já tinha feito. Já tinha viajado para outros estados brasileiros, mas nunca para nenhum do Sul, estava nervosa com o voo. Avião era o único transporte que eu não achava seguro. Imaginar estar milhares de quilômetros do chão não era uma história que me fascinava.
O voo foi tranquilo. Só fiquei nervosa em duas ocasiões, na decolagem e no pouso. Florianópolis foi a cidade mais encantadora que eu já tinha conhecido. Tudo era de uma beleza extraordinária. O primeiro dia em que chegamos basicamente ficamos no hotel. Como nosso foco ali era maratona, não tivemos muito tempo para turismo. No dia seguinte eu e Miguel nos focamos em conhecer os pontos mais puxados de todo o percurso que iria fazer na corrida, tentando acertar a que velocidade correr em cada ponto, para obter alguma vantagem dos outros competidores. Estava ciente que alguns ali tinham bem mais experiência do que eu em maratonas, mas acertar meu condicionamento físico com os ponteiros do relógio era essencial caso quisesse me destacar ali.
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Atualizado até capítulo 114
Comments
Joelma Rocha
Autoraaaaa gostando muito da mãe e filha 😍😍🥰Hugo torcendo por vc, essa Laura tem que se mancar 😡😡😡
2023-06-28
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