Capítulo 08 ( Hugo)

A segunda finalmente chegou, nunca estive tão ansioso para o começo da semana como estive desta vez. Hoje teria corrida e estava ansioso para verificar se a Alice estaria presente. Assim que cheguei na academia não a vi, o que me causou um pouco de frustração, mas depois de um tempo a notei passando para o vestiário meio que apressada e não demorou a retornar. Algumas pessoas a cumprimentaram e não pude negar que meu coração estava feliz por vê-la e meu rosto demonstrou isso com um sorriso. Então fui cumprimentá-la.

Perguntei se ela estava preparada para a corrida puxada, e assim que ela confirmou, me perguntou se haviam alterado o percurso por conta dela. Percebi que ela ficou um pouco incomodada com isso, mas logo esclareci que não foi apenas por isso, mais sim para incluir subidas durante o nosso trajeto. Falei ser engraçado que apesar de quase dois meses aqui, não reparei muito nas pessoas e que ficava tão centrado na corrida que esquecia quem estava ao nosso lado, porém escutei falar que ela era uma da grande medalhista da academia.

Ela ficou vermelha com a informação. Acho que não se deu conta que o pessoal a observava e acompanhava suas vitórias. Percebi que ela ficou um pouco constrangida, mas logo tentei aliviar o clima falando que a galera tinha orgulho dela. Mais uma vez ela ficou em silêncio, apenas observando a nossa equipe, mas assim que a corrida começou, percebi que ela tentou ficar mais próximo de todos, não sei se pelo que falei ou por medo do que havia acontecido. Mas também percebi que ela estava mais atenta ao que acontecia ao seu redor, porque uma vez ou outra percebia um sorriso em seu rosto. Às vezes é preciso que outra pessoa nos faça enxergar o que acontece ao nosso redor e acho que fiz isso com a Alice. Acho que ela nunca havia notado o quanto o pessoal torcia por ela até aquele momento.

Ao final da corrida fui tomar uma ducha e quando sair resolvi esperar novamente a Alice. Quero me aproximar dela e ver onde isso pode nos levar. Quando a vi saindo me perdi em pensamentos, cada vez que reparava nela parecia que ela ficava mais linda. Resolvi brincar com ela informando que a estava esperando para pegar uma carona. Ela me olhou sem entender nada e eu fiquei olhando para ela sorrindo, o que ela retribuiu. O sorriso dela pareceu o sol a me ilumina.

Então ofereci a ela mais uma vez carona, ela agradeceu, mas informou que não queria abusar da minha boa vontade. Fiz cara de triste para que ela não me dispensasse, apesar que não desistiria tão facilmente assim. Então ela novamente sorriu e aceitou minha carona. Perguntei várias coisas sobre as corridas profissionais que ela tinha feito e informei que nunca tinha feito nada parecido. A corrida para mim era apenas um hobby, mas eu queria conhecer o mundo dela e sabia que isso envolvia essas corridas.

Quando menos esperava, estava em frente à casa dela. Ela desceu do carro e eu fiz o mesmo. Do nada escutamos o portão sendo aberto e de dentro da casa saiu um pequeno furacão em forma de garotinha, gritando estar morrendo de saudade dela. Vi a Alice se transformar, os olhos dela brilharam mais, apenas com a presença daquela menininha. Não tive dúvidas que ela era o mundo da Alice. Logo depois chegou a moça que acredito tomar conta da filha dela, se desculpou quando percebeu que Alice não estava sozinha. Percebi surpresa no olhar dessa outra pessoa ao me ver, acredito que Alice não tem costume de chegar acompanhada e isso me deixou feliz, mesmo sem entender o porquê.

Descobri que sua filha se chamava Mia e que além de muito fofa ela tinha uma personalidade única. Seu olhar meio que me analisava, e quando ela me perguntou se eu trabalhava com a Alice, e eu neguei, informando ser apenas amigo de corrida de sua mãe, a Mia confirmou minhas suspeitas, dizendo que a mãe nunca havia trazido nenhum amigo para a casa delas. Percebi a Alice constrangida. Realmente não errei quando falei que a Mia era um furacão. Ela fala o que pensa e é tão linda quanto a mãe.

A Alice mais uma vez me ofereceu algo para beber, porém, queria que as coisas acontecessem devagar, então neguei novamente, dei um beijinho na mão da filha dela e desejei uma boa noite às duas. Entrei no carro e fiquei observando pelo retrovisor elas entrarem. A Alice realmente é uma mulher que vale a pena. Linda, esforçada, persistente, engraçada e pelo que pude descobrir da interação com a filha, uma excelente mãe.

Não tinha alternativa senão torcer para que ela pudesse me dá uma chance de fazer parte da vida dela e da pequena Mia. Tinha que pensar uma forma de fazer as coisas darem certo, sem ser rejeitado por ela, porque eu já estava apaixonado por essa linda morena.