Capítulo 11 (Hugo)

Minha única vontade era matar a Laura e consequentemente minha mãe, que permitia que essa louca trabalhasse no RH. Os erros que ela fazia era um absurdo e causava alguns transtornos para a empresa, sem falar das possibilidades de alguns problemas trabalhistas se eles não fossem tratados com muito cuidado. Precisava conversar com minha mãe mais uma vez a respeito disso, se ela quisesse manter a Laura dentro da empresa tudo bem, mas que não fosse diretamente relacionado com algo tão primordial quantos nossos colaboradores. Laura tinha feito uma verdadeira confusão na filial de Portugal, e isso refletiu na área contábil, já que influenciou nos pagamentos de nossos colaboradores. Precisei passar quase uma semana na filial de lá, tentando solucionar esse problema e evitar ações trabalhistas.

Se não bastasse toda essa dor de cabeça, minha mãe ainda fez com que a Laura me acompanhasse para verificar onde aconteceu o erro, e assim evitar cometê-lo futuramente. Tenho certeza que qualquer outro colaborador teria sido demitido numa situação tão grave como a que aconteceu. Minha mãe precisava enxergar que ela estava misturando vida pessoal com vida profissional. A Laura poderia ser inteligente em algumas outras situações, mas ela não era boa em interagir com pessoas como alguém da área precisava.

A noite, como se nada tivesse acontecido, ela ainda queria que eu a acompanhasse em algum passeio romântico. Laura não passava de uma menina mimada e fútil que nem se dava conta da responsabilidade que tinha quando, ou trocava um simples número, ou um simples nome nos relatórios que enviava ao setor de contabilidade.

(Hugo) ➖ Laura você tem dimensão de todo o transtorno e gasto financeiro e emocional que você causou pelo seu erro? E você ainda quer fazer turismo numa situação dessa?

(Laura) ➖ Hugo foi apenas um erro, troquei apenas a planilha de horas extra. O pessoal que é muito dramático. Já descobrimos onde está o erro, poderíamos aproveitar o momento para nos reconectar. Portugal tem restaurantes e pontos turísticos tão lindos.

(Hugo) ➖ Por Deus, Laura, nossa relação teve um fim, até quando você vai ficar ignorando isso? Eu não tenho interesse mais em você, já deu. E o que você encara como drama, poderia ter nos custado milhões em indenizações e até mesmo o fechamento de nossa filial aqui. Não sei como minha mãe ainda permite que você trabalhe conosco depois desse erro tão ignorante. Vou sair, preciso espairecer minha mente, mas não será com você.

Estávamos dividindo o quarto duplo, mas se eu permanecesse ali dentro com ela acho que seria capaz de esganá-la. Ela levava o trabalho como uma brincadeira de passar o tempo ao meu lado, e sei que minha mãe só permitia isso, porque sabia que eu conseguia contornar os problemas causados pela Laura. Coloquei uma roupa mais leve e um tênis, e fui correr. Se não bastasse toda essa confusão que precisei solucionar, ainda fui impedido de ver a Alice. Minha vontade era afogar a Laura na fonte da Praça do Rossio. Meu único consolo é que estaríamos retornando amanhã e que na segunda eu finalmente iria encontrar a Alice. Por diversas vezes, quando pensava que iria explodir com todos os problemas causados pela Laura, fechava meus olhos e imaginava a Alice, ela passou a ser meu ponto de calma, buscava a força e a determinação que ela demonstrava ter para não mandar tudo à merda aqui.

A segunda chegou e eu já estava ansioso para o final do expediente, para que pudesse enfim encontrar Alice na academia. Mas a reunião com a diretoria demorou mais do que imaginei e cheguei atrasado à academia, mas parece que eu não era o único. Fui direto para o vestiário e quando retornei Alice já estava se aquecendo, ela pareceu não me notar, então fui até lá cumprimenta-lá. Ela me olhou, me cumprimentou com um sorriso, porém não estava tão receptiva quanto os outros dias. Perguntei-me o que havia acontecido, durante todo o percurso ela se manteve junto ao instrutor, mantendo o ritmo dele e uma vez ou outra trocando algumas palavras. Senti-me meio frustrado por conta disso, queria ter a atenção dela, porém iria aguardar até o final. Quando retornamos, tomei uma ducha rápida e fiquei aguardando ela sair do vestiário. Normalmente ela não demorava muito, mas hoje tive a impressão que, ou ela tinha saído antes de mim, ou ela estava tentando me evitar.

(Hugo) ➖ Olá, sabe me informar se a Alice ainda contínua no vestiário?

Perguntei a uma das moças que fazia parte da equipe, e ela havia me informado que sim, ela ainda estava na ducha, o que me causou um certo alívio. Depois de mais 10 minutos aguardando vejo a luz sendo apagada e a Alice aparecendo na porta. Perguntei se estava tudo bem com ela. Não queria dizer que estive perguntando se ela ainda estava lá. Percebi que ficou surpresa por eu ainda ter permanecido ali aguardando por ela, e percebi que ela hesitou um pouco antes de responder a minha pergunta. Ele me falou estar bem, apenas focada na possibilidade de uma nova competição. Busquei mais informações com ela sobre isso, talvez seja a oportunidade perfeita para realizar uma surpresa. Depois de um tempo, ela me disse precisar ir embora para que a sua amiga, que estava com sua filha, não ficasse preocupada. Quando sugeri em levá-la para casa, ela disse que não era necessário. Será que ela estava realmente me evitando? Mas por que será? Sabia que algo tinha acontecido e queria saber o que era, não iria desistir tão fácil assim. Passei a semana toda estressado e pensando nela, queria saber pelo menos o que estava errado.

Depois de mais alguns questionamentos meus e algumas respostas dela, enfim ela permitiu que eu acompanhasse ela até sua casa e nos dirigimos ao estacionamento onde estava meu carro. No percurso resolvi perguntar como havia sido os outros treinos, se havia acontecido algo novo e expliquei que não tive como comparecer por conta de uma viagem de última hora a trabalho. Percebi que depois disso ela meio que relaxou mais e me falou que o pessoal não sabia ao certo se eu havia desistido do grupo, e que ninguém tinha meu número para entrar em contato. Foi ali que encontrei a oportunidade perfeita para conseguir o telefone dela. Peguei meu celular e passei para que ela pudesse salvar o número dela e logo em seguida dei um toque para que ela pudesse salvar o meu.

Chegando a casa dela mais uma vez ela me convidou a entrar, e dessa vez resolvi aceitar. Percebi surpresa na forma como ela me olhou, mas ela tentou disfarçar. Queria passar mais um tempinho com ela e conhecer mais um pouco dela. A casa, apesar de ser bem menor que a de minha mãe, era muito bem organizada. Observei alguns porta-retratos na estante e alguns em uma prateleira próxima, mas não consegui observar bem as fotos porque logo depois a filha dela apareceu correndo e gritando, o que me fez abrir um enorme sorriso. Pelo que entendi, ela e a moça, que se chamava Vitória, estavam jogando dominó na cozinha. Chegando lá a Alice me serviu um copo de suco e eu tentei interagir com a Mia falando que sou ótimo no dominó e que poderíamos se juntar para vencer a Alice e a Vitória.

A Mia era tão fascinante quanto a Alice e muito esperta para a sua idade. Tinham os olhos verdes bem marcantes, acredito que deve ter puxado do pai, porque os de Alice eram cor de mel. Começamos a jogar e sempre que eu fazia Alice tocar no jogo a Mia dava gritinhos empolgantes, até que no final vencermos elas. Coloquei a Mia nas costas e fiquei circulando a mesa como uma dança de comemoração. Quando por fim olhamos para o relógio, já era bem tarde. Alice me acompanhou até a porta, enquanto a Vitória acompanhava a Mia até seu quarto.

Agradeci pela noite e disse fazer tempo que não me divertia de forma tão espontânea. Inclusive comentei estar temeroso que ela pudesse estar chateada comigo por algum motivo ou que minha companhia a aborrecesse, o que ela negou. Não resisti e segurei a mão dela, Alice tinha um jeito que me encantava. De forma alguma queria apressar as coisas, mas senti uma necessidade de me aproximar mais e ficamos ali um olhando nos olhos do outro. E o encanto acabou quando a Vitória apareceu na sala. Mas confesso que minha vontade era beijar a Alice e me perder nesse beijo, mas não queria ser invasivo e nem rápido demais.

Me despedir e sair de lá com um propósito de conquistá-la. Alice era uma mulher maravilhosa e eu queria tê-la ao meu lado. Valia a pena esperar o tempo que fosse necessário para isso e eu iria conseguir. Enquanto voltava para casa, meus pensamentos estavam voltados para a noite maravilhosa que tive ao lado da Alice, da sua amiga e da graciosa Mia. Uma noite simples, regada de muitos sorrisos. Estava também planejando fazer uma surpresa para a Alice no dia da competição que ela participaria. Ela seria minha!

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