No dia seguinte, ao chegar na academia, fui cumprimentada por todos como se tivesse ganho o primeiro lugar. Adorava trabalhar ali, sempre aconteciam coisas novas todos os dias, sempre conversas diferentes e interagir com os alunos era algo que realmente me deixava feliz. No meio de uma instrução que eu dava a uma aluna, alguém toca em minhas costas, ao olhar me deparo com um entregador e um buquê de rosas. Imaginando ser para a garota que estava ali em minha frente, me afasto um pouquinho, então o rapaz chama por meu nome. Olho para ele espantada e todos ali na sala e nas mediações estão olhando para mim, aguardando eu pegar aquele imenso arranjo de flores. Seguro o buquê, assino a guia que ele me oferece, agradeço e ele sai da academia sem nem se dar ao trabalho de olhar para trás, mas todos ainda continuam me olhando, algumas garotas com uma certa inveja e os rapazes ainda sorrindo disfarçadamente. Peço desculpas a garota a quem estava dando instrução, peço para outro funcionário assumir meu posto e vou até à recepção imaginando o que fazer com aquele arranjo. Pego o cartão deduzindo de quem seria e, ao mesmo tempo, tenho vontade de matá-lo por ter me feito passar por aquilo.
📝 Isso é apenas uma forma de dizer que estou pensando em você e que já estou morrendo de saudades. Muitos beijos! Hugo.
Minha raiva passa no momento que termino de ler aquele cartão, e fico rindo sozinha. Chegando a recepção, a funcionária me olha de forma surpresa por ver aquele arranjo que carrego em meus braços. Ela comenta imaginar que fosse para alguma aluna e começa a sorrir da minha cara constrangida. Pergunto se ela pode guardá-lo para mim, ela pede que eu aguarde um minuto e sai da recepção, voltando alguns minutos depois com um vaso com água. Entrego o arranjo a ela e volto para minha área.
A garota a quem estava dando instruções sorri para mim. Volto minha atenção toda para ela, sem coragem de encarar mais ninguém. Não sei se fico com raiva do Hugo por ele me fazer passar por esse constrangimento, ou se me apaixono mais por ele demonstrar que está pensando em mim. O resto da tarde transcorre tranquila, sem mais surpresas. Quando largo passo no vestiário, pego minha bolsa e passo na recepção para pegar meu buquê. Ao sair da academia fico surpresa ao ver Hugo esperando. Quando ele me vê com aquele buquê de rosas na mão abre um lindo sorriso.
(Alice) ➖ Você tem ideia do quão constrangedor foi receber esse buquê lindo aqui no meu trabalho? Sem falar no meio de uma instrução que estava dando a uma aluna. Todo mundo me olhando como se tivesse duas cabeças. Ainda estou me decidindo se fico com raiva de você ou se me apaixono mais!
(Hugo) ➖ A segunda opção por favor! Queria apenas te dizer que estava pensando em você. Quando vi essas rosas descobrir uma maneira romântica de te dizer isso. Não pensei que você pudesse ficar constrangida, me desculpe por isso.
Olhei para ele fazendo minha cara de pensativa, como se tivesse analisando se o desculpava ou não, mas não consegui manter por muito tempo aquela farsa e lhe dei um sorriso.
(Alice) ➖ Claro meu amor! Você precisava ver a cara de inveja de algumas alunas, apesar de constrangedor foi até divertido.
(Hugo) ➖ Você me chamou de meu amor? Escutei bem? Acho que preciso mandar mais rosas para você.
Dei um tapa de brincadeira nele e depois o abracei para logo em seguida beijá-lo. Não poderia estar mais encantada com o Hugo. Nunca tinha recebido rosas, e aquele buquê era o mais lindo que eu já tinha visto. As rosas não eram vermelhas, era de um tom de cor de rosa diferente. Naquela noite mais uma vez Hugo me acompanhou até em casa, mas preferiu não entrar para não confundir a Mia, ele preferia que primeiro eu conversasse com ela e visse como ela iria reagir, antes de impor a presença dele a ela.
Durante todas as semanas seguintes, sempre que largava o Hugo me acompanhava até em casa, mesmo muitas vezes eu dizendo que não era necessário. Essa foi a maneira que ele encontrou de estarmos mais perto, mesmo que por tão pouco tempo. Perguntei sobre seu trabalho e ele apenas me respondeu ser gratificante trabalhar em uma rede de concessionária. Ele era responsável pelo administrativo e alguns programas que desenvolviam os veículos, falou que esse tipo de trabalho te coloca em contato com pessoas de todos os cantos e condições sociais. Você aprenda a se relacionar com gente muito diferentes e a fazer amizades que chegam a durar a vida toda. Além do horário dele ser às vezes flexível, em outros momentos eram bem puxados, e que às vezes ele precisava viajar para resolver alguns problemas em outras filiais. Percebi através daquele momento que não se tratava apenas de um trabalho, mas de algo que realmente ele amava fazer.
Ele morava com os pais. Me falou que a mãe dele era muito controladora, e como ele já tinha me dito, encontrou no esporte uma forma de liberdade para ele. Fiquei me perguntando porque mesmo tendo todos esses problemas de controle com a mãe, ele ainda decidiu permanecer na casa de seus pais. Normalmente em nossa idade procurávamos independência própria em nosso próprio lugar. Mas isso era uma pergunta da qual eu não tinha coragem de fazer, afinal sempre achei que os filhos homens sempre eram muito apegados a mãe, apesar que meus irmãos na primeira oportunidade criaram asas e partiram em busca de seus destinos, e pelo que me disseram estavam felizes com a vida que escolheram.
Nossos momentos juntos eram maravilhosos. Apenas o fato de ainda não ter revelado a Mia era que atrapalhava um pouco. Num determinado dia em que enfim decidira conversar com ela, Mia pegou uma virose. Após três dias de febre a situação dela piorou. A febre subiu muito, Mia começou a ter convulsões e terminamos no hospital com ela. Acredito que aquele foi o dia mais desesperador do mundo para mim. Noah, que me ajudou a socorrê-la, passou o resto da tarde comigo e com a Mia naquele hospital. Após ser medicada a Mia parecia bem melhor, mas tive muito medo de perder minha filha e meu abatimento estava estampado em meu rosto. No início da noite, após a Mia ter alta, Noah nos levou para casa. Não queria deixá-la um único minuto sozinha, e não queria incomodar mais a Vitória, então pedi que ele permanecesse com ela enquanto eu tomava um banho rapidinho e preparava uma refeição para nós. Naquele dia não fui trabalhar e muito menos compareci ao treino. Depois de tudo pronto acompanhei Noah até a porta, agradeci por ele ficar conosco naquele momento e ele notou todo o meu abatimento
(Noah) ➖ Não fique assim, a Mia é uma garota muito forte. Ela precisa de você firme com ela. Sei que não é fácil como mãe passar por isso, mas ela é uma criança e essas coisas acontecem pode acreditar em mim, já passei por isso outras vezes com o Felipe. Qualquer coisa você me liga e venho o mais breve possível. Não deixe de dar notícias da Mia.
(Alice) ➖ Pode deixar, eu ligo sim. E muito obrigada por tudo! Se desculpe com a Renata por mim, por atrapalhar os planos de vocês.
Ele balançou a cabeça em negativa, como se tivesse afirmando que eu não precisava me preocupar com nada daquilo. Passou a mão no meu rosto de forma delicada, como uma forma de consolar alguém e falou para eu descansar com a Mia, que ele tinha certeza que amanhã ela estaria bem melhor. Noah tinha sido um pai muito atencioso naquela tarde. Ele tinha outro filho menor que a Mia, parecia ter mais experiência do que eu nesse sentido de virose em crianças. A Mia raramente adoecia, foi muito bom tê-lo por perto num momento tão difícil pelo menos para mim. Mia sempre foi uma garota muito saudável, o máximo que ela tinha era algumas viroses, que em três dias passavam, mas foi totalmente diferente dessa vez. O quadro dela não melhorava e a febre subia muito rapidamente. Estava agradecida por nesse momento ela está melhor. Queria que o Hugo estivesse ali naquele momento comigo, meu celular tinha descarregado depois do dia todo no hospital com a Mia, meu desespero foi tão grande que nem avisei a ele nada. Fiquei me perguntando se ele ficaria preocupado ou se apareceria para me ver, mas ele não veio, talvez acreditando que eu precisava de espaço.
No dia seguinte, como Noah tinha falado, Mia amanheceu bem melhor para meu alívio. Se alimentou bem no café da manhã sem enjoar e até brincou com suas bonecas. Estava muito feliz por ver minha filha melhor. Mia representava meu mundo, preferiria ficar doente do que a ver abatida por conta de qualquer virose. Liguei para a academia informando que não poderia comparecer, e fiquei mais um dia em casa com a Mia. A tarde Vitória veio nos fazer companhia e ficamos às três assistindo os desenhos preferidos da minha filha. Liguei para o Noah informando que a Mia estava um pouco melhor hoje e agradeci mais uma vez pelo apoio que ele nos deu no dia anterior. Tentei ligar para o Hugo, mas caiu em sua caixa postal. Então enviei uma mensagem de texto explicando a situação.
(Alice) 📲 Mia encontra-se doente, não pude ir à academia hoje e pelo mesmo motivo não fui ontem. Saudades!
A noite chegou e não obtive retorno do Hugo. De início estranhei, mas resolvi aguardar. Foi mais uma noite tranquila.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 114
Comments