Capítulo 17 - Cronograma

Entro no quarto de Fanny tentando não fazer barulho, vendo que no relógio do criado mudo marcava 00h15.

° Nem o jantar anual da família acaba tão tarde meu deus! °

Levanto as cobertas e me enrosco em Fanny, abraçando sua cintura por trás, estou muito estressado para conseguir dormir sozinho, no caso, dormir sem ela.

Ela se remexe na cama e se inclina, levando as mãos aos olhos, acordando e esfregando eles.

- Dante? - ela sussurra.

- sim. - sussurro de volta e ela volta a se deitar, se encolhendo com meu abraço, para caber melhor em meu corpo.

Sinto o cheiro de shampoo de coco em seu cabelo.

- O que aconteceu? - ela perguntou.

- fui rejeitado. - digo e ela se vira na cama, ficando de frente para mim.

Mesmo no escuro, consigo notar seus lábios se abrindo em um sorriso debochado de gozação.

- Você!? por quem!?

- Bellah.

Ela ri.

- Você trans@u com a Bellah!?

- não, beijei ela e levei um tapa por isso. - digo decepcionado.

Ela se agita e começa a rir.

- Foi rejeitado, levou um tapa, e beijou a Bellah! que jantar empolgante!

- você não sabe da pior. - digo.

- qual? calma...deixa eu adivinhar...- ela diz, fingindo pensar. - ela chutou seu saco?

- não. - respondo e depois suspiro. - vou ter que ir nesses jantares até sábado.

- mas sábado é a festa do encerramento do feriado.

- eu sei! - digo estressado.

Fanny fica em silêncio, até passar uma das suas mãos em meu rosto, afastando meu cabelo loiro dos olhos.

- sei que esta fazendo isso pela mamãe e pelo papai...obrigada por isso. - ela diz.

Pouso minha mão em cima da sua que agora esta em minha bochecha.

- A família Kaito estão acabando com eles...preciso ajudar no que posso, se eu for nesses jantares com o objetivo de agradar Beth e ela aceitar a trabalhar na empresa, teremos uma chance.

Ela tira a mão do meu rosto e se encolhe mais do que deveria, abaixando a cabeça.

- E se...Marven..

- NÃO! - digo autoritário, levantando seu rosto para mim. - eu e Merlin jamais vamos deixar aquele pervertido casar com você, chegar perto de você ou qualquer outra coisa! jamais Estefânia! nos não vamos deixar isso acontecer! você é minha irmãzinha...não vou deixar ninguém te machucar. - digo e sinto uma gota de sua lágrima pingar no meu dedo e eu limpo a lágrima de seu rosto. - Beth e as filhas delas não são nada demais para mim.

Ela assente com a cabeça e se vira de barriga para cima, fitando o teto de seu quarto, onde é preenchido com uma ilustração noturna de estrelas.

- qual é a da Beth com esses jantares!? - pergunta Fanny.

- Tem haver com influência, a filha dela mais velha andando com o herdeiro da Taylor é uma boa influência na mídia para ela não é!?

- As vezes sinto pena delas.

- de quem!? - pergunto.

- de Bellah e da Mel, sei que as duas são um porre, mas a culpa é da mãe. A mãe é a primeira influência aos filhos...além disso, percebeu uma coisa!?

- o que!?

- o cabelo de Bellah, antes, passava da bunda dela de tão grande, agora, a cada dia que passa, parece menor...duvido nada que daqui a pouco apareça do tamanho do cabelo da mãe, de chanel.

- meu deus...duas Beth é demais para esse mundo! - digo e ela ri.

Estefanny

Encaro o relógio até bater 6h00 em ponto.

Me levanto, evitando acordar Dante e dessa vez, me troco, vestindo uma roupa normal.

Um conjunto de moletom preto e só, com os cabelos presos em um coque alto e bagunçado.

Escovo os dentes e lavo o rosto com pressa.

Pego a camisa dobrada e levada de cima da minha penteadeira e saio do quarto.

Desço as escadas com pressa e saio de casa, correndo em direção ao jardim.

Paro quase tropeçando quando vejo Atlas conversando com alguém, mas não por ver ele conversando com alguem foi o que me assustou, e sim, com quem ele esta conversando.

- Estefanny! oiii!! - me comprimenta Anne ao se virar e me vê.

- ah...oi! - comprimento me aproximando deles.

Ela se vira de volta para Atlas e esboça o seu maior sorriso tímido, o tocando no ombro e nos braços repetidas vezes enquanto ri com algo que ela mesma fala ou ele diz á ela.

° Isso ele não reclama ser assédio...engraçado. °

- Bom dia Hope. - diz Atlas sorrindo para mim, demonstrando esta bem de boas comigo mesmo depois de ontem, não parecendo estar bravo e nem magoado.

- bom dia. - digo, sem a mesma empolgação que a dele.

Eu gosto de Anne e muito, mas o que me irrita nela, é o fato de mesmo sendo tímida, ela tem bem mais facilidade de interação com os garotos do que eu, e ela é um ano mais nova que eu.

- pensei que você iria passar o feriado na casa de um amigo. - digo a ela, interrompendo a conversa deles.

- Nos brigamos...então decidi vim passar o feriado com vocês. - ela diz, corando de um jeito muito fofo e excitante, que até eu se fosse homem, gostaria de come-la.

Pensar nisso, me faz imaginar o quanto ela e Hannah são idênticas nesse quesito de sedução, o quanto são atraentes para os homens e fáceis de conseguir o que querem, mas de maneiras diferentes, com personalidades diferentes.

- ah...entendi, você conheceu Atlas? - pergunto.

- sim! - ela diz abrindo um grande sorriso. - ele estava me contando das suas tatuagens e como consegue fazê-las sozinho! - ela diz, abrindo um sorriso mais ainda. - vocês dois são artistas Estefanny, Atlas ama pintar a pele, você ama pintar quadros!

- não sabia que você era tatuador. - digo, olhando para Atlas.

- e não sou, é apenas um hobi. - ele diz, com indiferença. - não sabia que era pintora. Achava que só era uma leitora.

- a leitura é meu hobi. - digo. - a Arte, é minha profissão, pelo menos, é a que eu quero seguir. - digo.

- Bem...ok, então...vou levar minhas coisas para dentro. -diz Anne.

- posso te ajudar. - digo junto com Atlas ao mesmo tempo.

Anne sorri, com um sorriso doce que quase consigo sentir cheiro de morangos de seu hálito quando volta a abrir a boca

- Esta tudo bem, tenho ajuda o suficiente. - ela diz, apontando para os seguranças atrás dela que imediatamente param de zepoviar nossa conversa e começa a carregar as malas de Anne em direção a entrada da sala. - vou descansar um pouco da viagem. - ela avisa e eu aceno para ela. - foi um prazer te conhecer Atlas.

- o prazer foi todo meu Anne. - responde ele, respondendo com o primeiro nome dela.

Quando Anne desaparece de longe, me viro de frente para Atlas.

- Anne!? - pergunto, franzindo a testa. - você conheceu ela hoje e já a chama pelo primeiro nome!

- qual é o problema disso? - ele pergunta confuso.

- nos conhecemos a mais tempo e você me chama pelo nome do meio ao invés de usar meu primeiro!

- você nunca pediu para eu utilizar o primeiro.

- então use.

- não.

- que !?

Ele suspira antes de responder.

- gosto de Hope.

Reviro os outros.

- Ta! - resmungo, colidindo a sua camisa em seu peito. - obrigada por ontem e desculpa também.

- ta tudo bem Hope, não sou uma pessoa fácil de magoar. - ele responde com um sorriso sincero segurando a camisa com as mãos.

Caminhamos pelo jardim e eu observo ele a dar várias paradas para cuidar das plantas.

- como você consegue? - pergunto.

- consigo o que?

- trabalhar aqui, na livraria e curtir seu hobi.

- bem, eu trabalho aqui as 6h da manhã até as 10h ou 11h, depois, 12h vou para a livraria e ás 18h vou malhar e fazer algumas tatuagens ou criar algumas em desenhos, e as 20h ou 21h eu venho vê o jardim de novo, e depois disso, vou fazer meus dois hobi de novo, malhar e criar novas tatuagens até me dar sono.

- nossa...você tem um cronograma para tudo isso!? meu deus! - digo, impressionada. - mas...calma...VOCÊ MALHA!?

Ele ri com minha expressão.

- sim Hope, malho...bem..- ele diz, parando para pensar, e demorando um pouco para continuar a frase. - vai sair hoje a noite?

- isso é um encontro? - pergunto, provocativa.

- não iludida. - ele diz rindo e eu também rio.

- toda leitora de romance é iludida Atlas.

- então vocês deviam para de ler e se iludir atoa. - responde ele.

- e por que parariamos!? as vezes, a ilusão é a melhor forma de fugir do terror do mundo real.

- isso não ajuda a fugir e sim a ter mais dificuldade de aceita-lo.

- a onde quer me levar? - pergunto, mudando de assunto.

- você só vai descobrir a noite. - responde ele, dando uma piscadela.

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