Capítulo 5 - Feriado

Merlin

Entro em casa e já encontro Fanny no salão de entrada me esperando parecendo ansiosa.

Abraço ela com um comprimento rápido, pois sei que ela não é o tipo de pessoa muito de gostar de contato físico, e nem eu, isso é uma das poucas coisas que eu e ela temos em comum.

- Você venho! - ela diz com os olhos brilhando.

- você me chamou. - digo com indiferença entrando de vez na sala e largando minha mala no sofá, me sentando em seguida, para me recuperar um pouco da pequena viagem de carro até aqui.

- você trouxe só isso para passar a semana toda aqui?! - ela pergunta apontando para minha mochila que nem gorda estava, e quase achatada.

- não preciso de muito, e além do mais, tenho muitas coisas minhas aqui, inclusive roupas.

- então ta. - ela diz dando de ombros e pegando minha mochila. - vou levar lá pra cima.

- obrigado escreva. - digo sorrindo e ela mostra a língua para mim antes de desaparecer escadas a cima.

Fecho os olhos e respiro um pouco pensando como será esse feriado.

O feriado é só dois dias, mas se estendeu para semana toda nas escolas e universidades. Então ficarei aqui durante uma semana.

Alguém bate a porta e já estando perto, atendo ela antes de umas das trabalhadoras da casa.

Eloise madrinha de Fanny esta na porta e Eliseu irmão dela, junto com sua esposa.

Quando iria abrir a boca para comprimenta-los e convidada-los para entrar, escuto passos corridos atrás de mim e logo vejo Fanny novamente a minhas costas, mas com Dante a acompanhando atrás.

Fanny passa por mim e se joga nos braços da madrinha em um abraço caloroso e intenso.

Bem...lembra sobre o que eu tinha dito de ela não ser muito o tipo de pessoa que gosta de contato físico?! bem, descartem isso, pois a real é que eu e Fanny não somos muito íntimos mesmo para eu receber o tipo de abraço que ela deu em Eloise. E o engraçado é que Fanny é a garota que eu mais tenho relacionamento "família" tirando minhas irmãs e país e Dante.

Eliseu me cumprimenta com um aperto mano a mano e sorri.

- você aqui cara ...droga! vou ter que transportar meu studio de novo para antiga sala. - diz Dante, fazendo uma careta.

- vocês dois já não estão meio velhos para continuar fazendo apostas idiotas?! - pergunto.

- bem, são pessoas muito mais velhas que eu que ganham muito dinheiro em roletas com apostas.

- e tem pessoas que perdem muito dinheiro com isso também.- rebato e ele sorri.

- E Letícia?! - pergunta Fanny para sua madrinha.

- esta no trabalho, mas no próximo feriado viemos nos duas.

Letícia é a mulher de Eloise, as duas são casadas e por conta disso, Fanny tem a sorte grande de ter duas madrinhas.

Mas o relacionamento de Eloise e Letícia nunca me deixou muito feliz, e não é porque sou homofóbico ou nada do tipo, além do mais, o que mais tenho na faculdade são amigos gays e minha melhor amiga da faculdade é lésbica. Mas o que me deixa triste na relação de Eloise é o jeito que ela se tornou quem é.

Todo mundo sabe a história de Eloise na mídia, a modelo inspiradora das mulheres feministas. Por ter sofrido um estrupo na adolescência em uma festa quando batizaram sua bebida, tirando a sua virgindade enquanto estava drogada e bêbada.

Depois de tudo o que ela passou, ela fez terapias e ajudou outras mulheres que passaram por isso, mas também se tornou lésbica por não conseguir mais se relacionar com os homens. É isso o que me triste, mas a vida não é justa.

- Merlin!!! meu bebê!!!!!! - escuto o grito da minha mãe entrando na sala e em segundos quando viro a cabeça, ela esta em cima de mim, com os braços em volta de meu pescoço e me enchendo de beijos na face.

- mãe! mãe! ta me enforcando! - digo á ela e ela me solta, cruzando os braços, parecendo estar irritada agora.

- você ficou dois domingos sem vim em casa! até pensei que nem viria mais para passar o feriado, mas acho que subestimei demais Fanny! - diz ela e eu sorrio.

- é, subestimou mesmo. Cadê o pai? - pergunto.

- esta no trabalho com Dylan e Elizabeth. Fiquei aqui para receber as visitas.

Arqueio as sobrancelhas.

- trabalho?! em pleno feriado?!

Minha mãe respira fundo.

- as coisas não tem andado muito boa na empresa.

Desvio o olhar, vendo que o clima ficou meio tenso, mas ai vejo Mary passar por nos e noto ela antes que chegasse a sair de vez.

- vai na onde?! - pergunto.

Ela se vira e me encara, como se me visse todos os dias em casa, e não que fiquei quase três semanas sem aparecer aqui.

- festa. - ela diz.

Observo ela atentamente, toda arrumada e imperequitada, 14 anos, e mais madura do que a garota de 17 anos que conversa com a madrinha toda empolgada como se tivesse 5 anos.

- o que foi?! - ela pergunta após eu encarar ela por tempo demais.

- não vai nem da um abraço de boas vindas em seu irmão mais velho antes de sair para se divertir e brincar de boneca?!

Ela ri e se aproxima de mim me dando um abraço e depois diz com desdém antes de se afastar.

- como se você gostasse de abraços Merlin.

Rio, pois ela tem razão, e eu não sou mesmo muito o tipo de pessoa que gosta de contato físico, mas gosto quando as pessoas tentam mesmo assim.

- Merliiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinnnnnnnnnnnn!!!!! - grita Penélope entrando na sala correndo e pulando nos meus braços.

Se Mary e eu somos a versão idêntica como meu pai de ser indiferente com tudo e com todos, Penny, minha irmã de 8 anos é idêntica a minha mãe na questão do entusiasmo e formas intensas de se expressar.

Quando finalmente volto a coloca-la no chão, observo ela com a mesma intensidade que observei minha irmã a menos de 1 minuto atrás.

Penny é o tipo de menininha que só de olhar, você sabe que vai dar trabalho quando crescer, por ser bela demais para esse mundo.

- Penny! esta bem minha pequena?! - pergunto, alisando seus longos cabelos incrivelmente retos e lisos.

- Melhor ainda! você vai passar o feriado com a gente! papai disse para eu ficar longe do seu quarto, mas você pode ir no meu quando quiser!

Tento conter a risada, pois meu pai deve ter mandado ela ficar longe do quarto só por causa do que aconteceu com Fanny na última vez que estive aqui no sábado, e com certeza ele ficou sabendo.

- pode deixar! irei encher seu saco o tempo todo lá! - digo e ela sorri.

Volto olhar para minha mãe, e varro a sala de entrada com os olhos antes de voltar a olha-la novamente.

- vai passar tanta gente o feriado com nós?! - pergunto, tentando tirar o desconforto da voz.

- não meu bem, eles só vão jantar aqui essa noite e irão embora, os únicos que vão passar o feriado com a gente são seus padrinhos que ainda não chegaram.

Minha boca seca na hora.

E por incrível que pareça, uma trabalhadora abre a porta de casa, depois de escutar ela bater, algo que ninguém escutou pois estávamos todos distraídos.

Quem entra primeiro, me faz se colocar de pé junto com Fanny, só que não com o sorriso de orelha a orelha que tinha no rosto dela. Eu apenas encarei a garota adentrar o ambiente.

Fanny e ela gritaram e deram pulinhos de felicidade quando se cumprimentam.

- sua vaca desgraçada! está atrasada! - diz Fanny batendo de leve no braço de Hannah.

E p@rra...É a Hannah, minha prima, e ela é gostosa pra c@ralho, além das tatuagens que tem pelo corpo que deixa ela ainda mais sexy.

E sim, eu sou louco para comer minha própria prima. Desejo ela desde quando ela tinha a idade presente de minha irmã Mary, 14 anos e eu 17.

E a desculpa de comer ela não foi o fato de ela ser minha prima, até porque, hoje em dia, a maioria dos adolescentes teve sua primeira tr@nsa com primo, a partir do 3° grau, e por sorte, Hannah está igualada entre 4° e 5° grau. A treta é que no sistema da família Taylor que é a nossa família, existe a merda de uma monarquia, onde somos dividos com uma palhaçada de família primária, família secundária, família terciária e assim vai...até a família 12°, e sendo importantes apenas os 6 primeiros e os 3 primeiros, sendo o foco da mídia, com importância total e todos em cima. Infelizmente sou da família primária junto com Dante e Fanny, e Hannah é da familia secundária junto com sua irmã.

Quando finalmente nossos olhares se encontram...

O verdadeiro motivo de eu não come-la, surge logo atrás, entrando depois dela.

Meus padrinhos, os pais dela.

- repolho! - diz a mãe dela que também é minha madrinha me abraçando e bagunçando meus cachos que a maioria das vezes, consigo confundi-la com a minha, pois as duas tem a mesma personalidade.

Ela me chama desse apelido idiota desde quando eu estava na barriga da minha mãe e ela teve desejos de comer só repolho por alguns meses.

- Oi madrinha! - digo a abraçando e ela se afasta apertando meus ombros. - meu deus como esta forte! virou um rapaz bonitão! - ela diz me dando uma piscada.

Meu padrinho que também é meu tio por parte de pai vem e me da um tapa forte nas costas.

- iae?! quem é seu personagem da marvel favorito?

Rio com o seu comentário, pois é a mesma pergunta que ele faz o tempo todo quando me ver, tentando me convencer de chama-lo de Thor como eu chamava até os 10 anos, por conta de quando eu tinha 2 anos, não sabia pronunciar seu nome "Arthur", então chamava ele de meu personagem da marvel favorito.

- não vai rolar Arthur. - digo e ele finge um semblante decepcionado.

É estranho eu tratar meu padrinho como mano a mano, ele é um cara muito bacana, apesar de ser ele o meu sangue, o sangue que fez sua filha Hannah ser uma secundária.

Ah e sim, eu comeria Hannah mesmo com as castas da nossa família, a questão é que não posso comer a filha dos meus padrinhos, um dos casais adultos que mais admiro, além de meus próprios pais e os pais de Fanny e Dante.

- então ele realmente venho?! saiu da toca coelhinho?! - provoca Hannah do outro lado da sala, olhando diretamente para mim.

- gostei da nova tatuagem. - digo, apontando para a enorme faca desenhada em seu braço.

Ela sorri e se vira para voltar a conversar com Fanny e também com Dante que estava entre elas.

Fanny olha para mim e faz sinal para eu me aproximar e me incluir na conversa.

Obedeço e logo estou entre eles.

- é serio! finalmente o perfil de Estefanny não esta mais sem nenhum post e com apenas o perfil de gente velha. - diz Hannah.

- qual é o problema de vocês com minha foto de perfil?! - pergunta Fanny indignada.

- que adolescente tira uma foto do rosto até a altura do peitoral e da um meio sorriso á câmera?! é foto para rede social ou para o rg?! - pergunta Dante contendo um sorriso.

- inclusive, vamos mudar essa foto de perfil ainda essa semana! talvez hoje mesmo, mas vamos! a foto de você e Dante foi um arraso, mas você precisa de uma foto sozinha priih! - diz Hannah empolgada.

- eu vi a foto de vocês no Insta, até eu não acreditei depois de receber a notificação " Estefânia Hope acabou de publicar sua primeira publicação", é serio, eu achei que era trolagem, mas quando fui ver, realmente ela tinha publicado uma foto com Dante. - digo.

Todos riram e Fanny fica corada.

- ah, vai se f@der todos vocês. - ela xinga, cruzando os braços.

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