Capítulo 14 - Seduzir

Só quando já estou frente a frente com ele é quando me dou conta de não saber como fazer o que estou querendo e tentando fazer.

- O que? - ele pergunta e eu contínuo encarando ele, sei saber o que dizer ou o que fazer.

- o que?

- você me chamou. - ele responde.

- ah, sim, claro. - digo.

Só agora percebo que meu pai tinha razão, o vento gelado bate nas partes expostas de meu corpo e eu me encolho, me abraçando com os próprios braços.

Atlas começa a tirar a própria camisa do nada e eu arregalo os olhos.

Ele joga a camisa para mim e apesar de eu te-la pego, meus olhos não desviam da visão bem em minha frente.

- ta frio aqui fora, a camisa não vai ajudar em muito coisa mas será melhor do que esse vestido. - ele diz.

Só de lembrar com que roupa estou vestida, meu rosto arde em chamas e visto sua camisa depressa, tentando ignorar a fragrâncias masculina.

Quando sua camisa fica exatamente do tamanho do vestido, é quando noto o quanto ele é curto, e por um instante me sinto nua.

- por que você não usa uniforme de jardineiro? - pergunto, desviando os olhos de seu peito nu.

- porque não gosto de uniformes.

- não esta com frio? - pergunto.

- tenho resistência ao frio e sou o próprio vulcão, meu corpo exala calor. - ele diz dando uma piscadela de uma pessoa convencida e eu rio.

Observo ele voltar ao seu trabalho e cuidar das plantas.

- você não gosta disso também? - pergunto, me encostando no muro.

- disso o que?

- da jardinagem, das plantas...do trabalho que você esta fazendo no lugar de seu pai.

Me sento na grande pedra encostada na parede e propositalmente entre abro as pernas e sei que minha calcinha ficou exposta enquanto ele esta ajoelhado na minha frente trabalhando.

- não é algo que temos escolha, é a natureza, no temos que gostar dela, faz parte de nós. - ele responde.

Paro para pensar por um instante.

- tem razão, se não gostarmos da natureza, ia ser como negarmos a nos mesmos. - digo, entendo o raciocínio dele. - mas então ...por que você esta trabalhando no lugar de seu pai?

- por que...- ele levanta a cabeça para me responder, e ao fazê-lo, franze a testa. - isso é assédio sabia?!

Fico completamente desconfortável com a sua última frase e me ajeito na pedra imediatamente.

- O que?! - pergunto.

- estou vendo sua calcinha, e da para ver que é proposital Hope. - ele diz, olhando nos meus olhos. - o que você esta querendo com isso?

- Eu nem toquei em você, não pode me acusar de assédio. - digo, sentindo não só meu rosto, mas meu corpo todo arderem em chamas de tanta vergonha.

- vai negar de tentar me seduzir?

- eu não...- tento dizer, mas volto a fechar a boca, porque ele esta certo, estou querendo seduzi-lo.

- O que você quer Hope?! - ele pergunta.

Respiro fundo e depois solto o ar pela boca antes de responder.

- quero que tenha relação comigo. - digo.

- O que?! - ele pergunta espantado. - quer que eu tr@nse com você?! assim?! sem mais nem menos!? do nada!?

- sim. - digo, baixo de mais, me encolhendo. - por favor?

- nos se conhecemos ontem!

- Idai?! muitas pessoas tem relações com gente que se conhecem em menos de dois minutos o tempo todo! - digo, tentando convence-lo.

- mas você é virgem! - ele diz.

Engulo em seco, é claro, que como todo mundo, ele percebeu que sou virgem.

- você homens são todos iguais! não sei qual o problema de vocês em ter relação com mulheres inexperientes. - digo, revirando os olhos.

Atlas respira fundo e se levanta do chão.

- Hope, o motivo de eu não querer tr@nsar com você não por ser inexperiente...a questão é que você não pode perder sua primeira vez com um homem qualquer como eu, tem que ser com uma pessoa que você deseje. - ele diz.

- mas eu te desejo. - digo olhando para seu peito nu. - você é gostoso e fico excitada só de imaginar você em cima de mim, e você me deseja?!

Ele ri.

- Sou homem neh p@rra, é claro que a desejo.

- então pronto, assunto resolvido. Você tem quantos anos? 23?!

- 25, e não esta nada resolvido, não vou tirar sua virgindade. - ele diz e depois fita o céu e depois volta o olhar para mim. - isso não é normal vindo de você Hope, te conheço a pouco tempo mas mesmo assim sei que não é esse tipo de garota, porque se fosse, não seria virgem aos 17.

Me levanto irritada.

- mas já esta na hora de eu me tornar esse tipo de garota!

- não, você não pode fazer nada disso por pressão! você tem cara de quem nem sequer beijou na vida.

Cruzo os braços ainda mais irritada.

- é claro que beijei!

- Bom pra você então. - ele diz.

- não, foi péssimo! - digo.

Ele arqueia a sombrancelha.

- o que foi péssimo?! - ele pergunta.

- o beijo. - digo e depois continuo a dizer, voltando a me sentar. - foi quando eu tinha treze anos, o garoto me beijou, e depois dei um tapa na cara dele.

- por que você fez isso?!

- eu também não sei! - digo, com raiva de mim mesma e ele ri.

- esse foi seu único beijo? - ele pergunta.

Digo que sim com a cabeça.

- caramba, você é virgem de alma. - ele diz.

Dou um soquinho de leve nele.

- não zomba de mim!

- foi mal, não resistir. - ele diz. - mas então, por que esta se pressionando tando assim agora? para perder a virgindade!?

Conto para ele tudo o que aconteceu na festa, com as meninas debochadas e do estrupador do Maven.

- c@ralho, você ta f@dida mesmo...mas sério, espero não encontrar esse Maven na minha frente, que garoto imbecil! - ele diz juntando os punhos.

- Por isso...eu preciso perder a virgindade, antes que ela seja tirada de mim a força! - digo, desesperada. - por Favor Atlas, se eu perder ela com você, sera porque eu quis isso...e não porque fui obrigada a isso.

- você esta sendo obrigada a isso de todas as formas Hope.

Respiro fundo, tentando diminuir meu desespero.

- ele esta doente. - diz ele.

- quem?

- meu pai, por isso estou trabalhando no lugar dele.

- o que ele tem?

- uma doença rara, que só com malditos tratamentos caros ele pode ter uma chance de se recuperar. - ele responde.

Uma luz nasce no topo de minha cabeça e eu pego as mãos de Atlas, ignorando a terra suja de suas mãos, sujando as minhas.

- podemos fazer um acordo Atlas.

- do que você esta falando?!

- eu tenho dinheiro, muito dinheiro...eu posso dar isso a você, para poder ajudar o seu pai, em troca disso...você dorme comigo.

Atlas puxam suas mãos de volta da minha e me olha com muita furia nos olhos.

- esta pedindo para eu me prostituir em troca de dinheiro!?

Meus labios ficam secos e sinto meu estômago se apertar.

- não! não foi isso que eu quis dizer Atlas...eu nunca..

- mas é o que você ta dizendo...quer que eu tr@nse com você, e ai você me dar dinheiro por isso!

Engulo em seco.

- desculpa Atlas...é que estou desesperada...

- EU TAMBÉM ESTOU DESESPERADO! meu pai esta morrendo Hope...morrendo, e não posso fazer nada...

Minha garganta se fecha.

E só agora percebo o quanto sou dramática, tantas pessoas por ai com problemas verdadeiros e eu com minha vida perfeita, choramingando só por ser virgem.

- tem razão...- digo, muito baixo, me levantando e me afastando. - desculpa...desculpa mesmo.

Corro para dentro de casa, sem olhar para trás.

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