Capítulo 12 - O Jardineiro

Estou em meu quarto, desde de as 18h tentando achar uma roupa para ir para a festa no closet e até agora não sei o que vestir.

Já tomei banho umas duas vezes, experimentei umas seis roupas e nada, nada me faz se sentir bem.

Sei que a festa vai ser só as 22h e agora é 20h mas mesmo assim estou muito ansiosa.

A festa será em uma balada noturna onde normalmente jovens de todas as universidades e colégios se encontram, o lugar mais badalado.

- você tem 2h horas Estefânia, aquieta o facho! - digo para mim mesma no espelho.

Respiro fundo e vou para o quarto, onde ando para lá e pra cá.

Paro de andar quando da minha janela, consigo o acesso a vista do jardim principal de nossa família.

- merda! não! - exclamo após ver o que estou vendo pela janela.

O cara tatuado está no quintal de casa de novo, e esta se aproximando da coisa mais importante do jardim, ou melhor, da casa toda.

O arbusto de cisne, é particularmente uma herança, pois é o que minha falecida avó biologica mais amava do jardim.

Estou descendo as escadas as pressas que só quando saio pela porta da frente de casa e piso no chão de fora frio, percebo estar descalça e só com um vestidinho fino e curto, nem sutiã estou usando, e pra piorar o vestido é branco, deixando os bicos dos meus seios marcados e meu corpo levemente transparente.

Havia vestido essa roupa quando tinha pensado em desistir de ir para festa e ir dormir.

° merda, tudo o que menos quero é seduzir um terrorista! °

Corro até o jardim principal e quando vejo o homem já tocando no arbusto de cisne, grito imediatamente.

- saia dai! fique longe, se não irei chamar os seguranças!

Ele se vira e me olha com a mesma expressão que havia feito na livraria mais cedo.

- anda! terrorista! ladrão! ou seja lá o que for!- grito, com mais autoridade.

Ele da um sorriso torto, mas continua com a mesma expressão no rosto.

- você acha que com o tanto de seguranças e cameras que tem por aqui, eu conseguiria entrar se fosse uma dessas coisas de que me acusou ser?!

Abro a boca mas volto a fecha-la, pois ele tem razão, e nunca havia pensado nisso.

Quando volto a abrir a boca, digo as coisas mais idiotas de toda minha vida.

- é um...mafioso? um espião? um...ninja?!

Ele faz uma careta, mas a sua expressão agora não é como se eu fosse uma louca...e sim apenas burra...burra.

Ele faz uma pausa silênciosa e volta a atenção para o cisne e depois de 10 segundos volta a me olhar, mas dessa vez com uma expressão de conhecimento.

- ah, você é a garota atrapalhada dos livros.- ele diz.

Agora sou eu que dou um sorriso torto.

- o que você esta fazendo aqui?! - pergunto.

- eu trabalho aqui. - ele responde como se fosse o óbvio.

- não, você trabalha na livraria. - rebato.

- eu trabalho aqui também. - ele diz e da as costas indo em direção ao cisne e quando se aproxima, ele pega algo do chão que parece uma tesoura grandona.

Quando ele aproxima isso do cisne, grito em desespero e me coloco na frente do arbusto.

- Pare! fique longe disso!

- saia da frente menina! deixe eu fazer o meu trabalho! - ele diz parecendo irritado.

- eu não sou uma menina! tenho 17 e sou uma mulher a muito tempo. - digo e quando ele desce o olhar pelo meu corpo, parando em minhas coxas expostas, me lembro como estou vestida e sinto meu rosto queimar. - e que trabalho foi esse?! te mandaram destruir o bem mais precioso de minha família?! quem te enviou aqui!? quanto te pagaram para isso?!

O cara suspira pesado e depois solta uma risada.

- meu deus ...que mente criativa a sua! sou o jardineiro. Esse é meu trabalho, e você esta atrapalhando menina! - ele diz se aproximando e engulo em seco.

- mentiroso! conheço o jardineiro daqui! ele é um senhor de idade e não um homem que tem quase minha idade! E NÃO ME CHAME DE MENINA!

- esse senhor é meu pai, estou fazendo o trabalho dele temporariamente, e só pelo escândalo que esta fazendo, tenho certeza que se eu fosse um dos sujeitos que você diz, já estaria uns 10 seguranças em cima de mim, e os dois ali atrás nem estariam rindo.

Quando ele diz isso, viro minha cabeça rapidamente até notar dois seguranças de longe rindo mesmo, quando me veem, rapidamente eles saem da minha vista e ajeita a postura.

Quando viro o meu olhar para o tatuado, meu rosto está em chamas.

- é...você é quem diz ser. - admito.

Dou licença para ele fazer o seu trabalho e ele se aproxima do cisne, cortando seus galhos defeituosos e deixando rosas turquesas florescerem belas ao seu redor.

Quando ele se vira de volta, desvio o olhar para o chão, disfarçando o fato que observei ele fazer isso até terminar.

- senta ai, esta frio. - ele diz, apontando para o banco.

Me sento, pousando as mãos no colo, ele continua fazendo o seu trabalho nas plantas ao redor.

- você gosta muito de ler menina? - ele pergunta, não desviando sua atenção de sua tarefa.

Penso em repreende-lo por me chamar de menina de novo, mas algo me irrita mais que isso, o fato de ele trabalhar para o meu pai e não conhecer a filha dele.

- Qual é o seu nome? - pergunto, sei responder a pergunta dele com a resposta óbvio, pois o tanto de livro que comprei na livraria que ele trabalhava, da até a impressão que sou obcecada por livros e não que apenas gosto deles.

- Atlas. - ele responde.

- Atlas. - repito. - gosto do nome, me lembra o livro" É Assim que Acaba" da Collen Hoover.

- por isso.

- por isso o que?!

- meu nome é esse por causa desse livro. - ele responde. - era o livro favorito de minha mãe.

Sorrio, o sorriso mais sincero que já dei.

- você já leu ele?!

- ainda não...não sou muito fã de livros.

- o cara que trabalha com livros não gosta de livros, essa é nova. - digo rindo.

- nem todos podemos ser o que queremos.

- e o que você quer ser Atlas? - pergunto.

- qual é o seu nome?

Rio, pois ele fez comigo exatamente o que fiz com ele.

- Estefânia Hope...

- Taylor, eu sei. - ele diz, me interrompendo.

- se sabe, então porque perguntou?!

- todo mundo sabe o seu nome hope, só perguntei por educação.

- hope?

- é, ou prefere "senhorita" Taylor?!

Solto uma risada.

- não por favor, que desatualizado você!

- falou a garota que lê romances de época. - ele diz e depois prossegue. - vi em alguma das capas que pegou na livraria.

- bem, eu sei diferenciar a realidade da ficção.

- tem certeza disso hope? - ele pergunta.

Quando não respondo, ele finge uma tosse e olha para o cisne.

- qual é a desse arbusto em formato de ave?!

- minha avó, é...ela amava a natureza.

- Laura Taylor?

- não, minha avó biologica, ela faleceu na adolescência de meu pai.

- entendi...ela era muito querida neh?

- ela é querida. - corrigi, pois mesmo após a morte, minha avó é amada por todos e ate mesmo Laura sendo a esposa atual de meu avô, me conta varias história sobre minha falecida avó. - o meu nome...foi em homenagem a ela.

- qual deles?! o primeiro nome ou o do meio?!

Solto outra risada.

- é sério que voce não conhece a história de minha família?!

Ele da de ombros.

- só o básico, não sou muito fã da mídia.

- Estefânia. - respondo.

- bem ...e por que voce e seu irmão gêmeo tem o mesmo nome do meio?! - pergunta ele.

- porque meus pais tentaram ter filhos por quase 3 anos, e quando nos nascemos, fomos a "esperança" não morta deles.

- nossa, belo significado.

- e você Atlas? por que está trabalhando no lugar de seu pai?!

- acho que estão te procurando. - diz ele, olhando para cima.

Quando olho para a direção em que ele olha, vejo meu quarto ser iluminado e Dante lá, parecendo me procurar.

- ai meu deus! a festa! - digo me levantando depressa, pois tinha me esquecido.

Corro e me viro para trás por um segundo, acenando com a mão.

- Tchau Atlas, foi bom conversar com você!

Volto a correr, mas apesar de já estar longe do jardim principal, consigo escutar sua resposta.

- Nos se vê por ai esperança!

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