Capítulo 11 - Livraria

Acordo com o braço esquerdo dolorido e só quando abro os olhos, lembro de onde estou dormindo.

Ontem voltei para o quarto e vi Millah espalhada na minha cama, ocupando todo o espaço enorme, então decidi dormir no canto do encanto, mas infelizmente eu também sou uma pessoa muito espaçosa e acabei dormindo em cima do meu próprio braço.

Me levanto e esfrego os olhos,e então olho para minha cama, arrumada e sem Millah nela.

Olho para o relógio do criado mudo e vejo ser quase 14h.

Arregalo os olhos por ter dormido tanto tempo.

Vou ao banheiro, lavar o rosto e escovar os dentes.

Saio do quarto ainda meio cambaleante e desço as escadas.

Só quando vejo meus primos e Dante que lembro de tudo o que aconteceu na madrugada passada.

Mas não estou com raiva mais, apenas com preguiça.

- Estefanny...- diz ele e eu faço sinal para ele ficar em silencio até eu terminar de descer as escadas.

- onde esta o pai e a mãe e os tios? - pergunto.

- na empresa, eles sairam de casa desde as 12h. - responde Merlin.

- entendi. - digo chegando no último degrau.

- Prih... - tenta chamar minha atenção Hannah, mas levanto a mão, com um sinal para também não prosseguir sua fala.

- estou com fome, depois conversamos. - digo, indo para a cozinha.

Preparo dois sanduíches pois não estou afim de almoçar ou fazer minha avó Laura esquentar a comida do almoço para mim.

- está bem querida? fiquei preocupada por você ter dormido o dia todo hoje, quando falei para os meninos ir te acordar eles disseram para deixa-la descansar. - diz minha avó Laura preocupada.

- sim, não dormir muito bem ontem a noite. - digo. - e Millah?

- O pai dela venho busca-la hoje cedo, ela não quis te acordar então por isso não se despediu. - diz meu avô entrando na cozinha.

- ah, entendi. - digo.

Meu avô vem até mim e leva uma mecha do meu cabelo atrás da orelha com carinho, olhando em meus olhos com empatia.

- está tudo bem mesmo Fanny? - pergunta ele e eu desvio o olhar.

- vou ficar vovô.

* Quebra De Tempo *

Eu sei que eu tinha dito que conversaremos depois que eu comesse mas estou andando na rua nesse exato momento, sai de casa correndo antes que um deles me visse, para passear e colocar a cabeça no lugar.

Quando tudo vai mal em sua vida o que fazemos para melhora-la? compramos livros.

Isso não melhora ela, mas me faz esquece-la temporariamente, então para mim, é quase a mesma coisa.

Infelizmente, como estou a pé, não tem como eu ir em minha livraria onde normalmente compro livros, pois ela é um pouco longe de casa e só dar para eu ir de carro.

Respiro fundo frustrada, mas fico feliz ao andar e ver uma livraria bem em minha frente.

Entro nela, e apesar de ser pequena por fora, por dentro é bem espaçosa.

Olho os livros enrolando o máximo que posso, até decidir pegar a saga de Os Instrumentos Mortais, a saga em que meu pai e meu tio Arthur leram na adolescência e que meu pai me recomendou a ler desde pequena, mas sempre tive preguiça por a capa não chamar minha atenção.

Mas agora decido compra-la e finalmente pensar em ler.

Pego o box e depois mais outros livros aleatórios que escolho por a capa me chamar atenção.

Pego todos os livros da saga e carrego eles até o caixa.

Levo um susto com o cara que está atrás do caixa e acabo derrubando três livros no chão.

No mesmo instante me abaixo e pego, juntando eles com os outros que carrego e colocando no balcão.

Encaro a mão tatuada que pega os livros registrando no computador eles e a conta.

Meu coração dispara quando subo os olhos das mãos até o rosto do indivíduo.

Ele não esta olhando para mim, está olhando os livros que anota no computador e o computador em seguida, ignorando minha presença ou quem sou.

Escuto o barulho da tecla e o que mais quero fazer no momento é correr, mas acabo fazendo a coisa mais estúpida de toda minha vida.

- você tem mania de invadir a casa dos outros na madrugada?!

Ele finalmente olha para mim e arqueia as sobrancelhas, e me olhando como se eu não fosse uma Taylor, filha e herdeira de uma das empresas mais importantes do mundo todo e descendente de uma família que é celebridade na mídia.

Ele se veste com roupas simples, com certeza é um pessoa comum, não parece nem ser classe média. Pessoas assim, me idolatram ao ver, mas tudo o que ele faz no momento, é levantar uma sombrancelha e me olhar como se eu fosse a pessoa mais louca que ele já viu.

- como é? - ele pergunta, como se não tivesse entendido minha pergunta ou acreditado no que eu disse.

Engulo em seco, pois mesmo na escola, ninguém nunca me olhou com indiferença.

- nada. - digo entregando o dinheiro para ele e pegando a sacola com os livros tão depressa que um deles cai da sacola, e pego depressa e saio dali quase correndo.

*Quebra de Tempo*

Agora não tem como eu fugir mais, esta nos quatro aqui e minhas mãos soam de ansiedade de qualquer verdade é a verdade que me contarão.

- primeiramente, ontem foi a primeira vez Estefânia, eu juro. - diz Merlin. - nunca nos tocamos antes e nem flertamos.

Levanto o olhar para Hannah que confirma com a cabeça e depois para Dante que faz o mesmo.

Respiro fundo, aliviada por ver a sinceridade em cada olhar.

- mas...Merlin...você não me usou neh? - pergunto, querendo tirar a ultima dúvida.

Merlin faz uma careta.

- jamais faria isso. - ele responde e eu sorrio.

- mas, então...me respondam com sinceridade, se eu não tivesse pego voces ontem, teriam me contado depois?

Ninguém responde.

- foi o que imaginei. - digo, decepcionada. - é porque sou virgem? - pergunto quase rindo e acrescento. - vocês me acham "santa" demais para achar a relação de vocês algo para ser julgado?!

Ninguém responde, e sinto meu riso querer virar choro, mas mesmo assim seguro ele.

- posso ter a p@rra do hímen intacto, mas minha mente sabe muito bem o mundo em que vivemos, não sou nenhum bicho de sete cabeças só por nunca ter tr@nsado na vida!

- você tem razão...sentimos muito. - diz Hannah corada.

- tudo bem. Eai?! vamos para a festa de sábado ou não?! - digo, querendo descontrair e esconder minha mágoa.

- Na verdade, temos uma festa para ir hoje a noite, deixamos você descansar até tarde para caso se nos perdoasse, fosse com a gente para essa festa com a gente. - diz Dante.

Sorrio.

- ok, estão todos perdoados.

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