Capítulo 18

Eles chegaram ao restaurante e foram muito bem recebidos.

— Sr. Henrique, boa noite! A mesa de sempre? — Perguntou o Hostess.

—Sim, por favor!

— Por aqui, me acompanhem!

Mel estava deslumbrada, o que não passou despercebido aos olhos de Henrique. Ela parecia uma criança numa loja de doces. A mesa escolhida era

reservada e aconchegante. Henrique puxou a cadeira para ela se sentar e sentou-se em frente a ela. Mel estava com os olhos brilhando. Ela pegou o celular e tirou uma selfie e tirou fotos do ambiente para mostrar para Drica.

— Esse restaurante é um sonho! — Admirou ela — Quem é o chef daqui?

— Eu não tenho certeza, mas acho que é o André Mifano.— Respondeu Henrique.

— Não acredito! — Mel caiu o queixo.

— Conhece o Mifano?

— Nossa, não perdia o programa dele na TV! Ele é muito top! Tipo, demais! — Mel percebeu que não estava sendo muito elegante e se corrigiu. Limpou a garganta, encostou os punhos delicadamente à beirada da mesa e continuou: — Quero dizer... Eu admiro muito o trabalho dele e acho que ele atende bem a uma cidade tão cosmopolita como São Paulo com sua culinária diversificada.

Henrique a olhou surpreso.

—Olha só! Alguém fez o dever de casa! — Comentou ele. Ela sorriu — Pois é… Mas ele só assina o Menu. O restaurante é de um amigo meu. Rafael Vilhena.

Nesse momento, o maître chegou com a carta de vinhos e o cardápio oferecendo a eles. Mel olhou para todos aqueles pratos e não sabia o que escolher. Henrique a observava.

— Difícil escolher. Alguma sugestão? — Perguntou ela.

— Você come carne?

— Sim.

— Então vamos pedir o carret de cordeiro que eles fazem aqui. É o terceiro lugar na minha lista de pratos favoritos.

—Carret de cordeiro? Hum, Fiquei curiosa! Mas eu também gostaria de escolher essa entrada aqui: salada caprese. Parece muito boa essa combinação.

— É uma delícia!

— Eu gosto muito de salada caprese, mas essa ainda tem castanhas de caju, que eu amo!

Henrique a olhou com satisfação e fez os pedidos. Eles ficaram ali saboreando o couvert e o vinho de cortesia, conversando. Mel começou a tagarelar sem parar. Isso sempre acontecia quando ela ficava nervosa. Contou sobre o seu dia, as conversas do salão de beleza sobre cirurgia plástica e outras futilidades; Falou sobre o que tinha combinado com a Dirce para a semana; Contou sobre as aulas de etiqueta com a sogra e algumas coisas sobre sua amiga Drica. Henrique a observava com curiosidade, passando o dedo indicador no queixo. Ela era um mistério para ele. Não o olhava em nenhum momento com sensualidade, muito pelo contrário, ela carregava uma inocência verossímil nos olhos. Talvez ele realmente não chamasse a atenção dela. Um cliente dispensável, como ela havia dito. Ele resolveu fazer algumas perguntas.

— Melissa, o que te levou a entrar nessa vida?

Ela o olhou confusa e perguntou:

— O quê?

— O que te levou a entrar para o mundo da prostituição?

— Aaah! — Ela até tinha esquecido disso e ficou tentando inventar uma história convincente em sua mente — Bem... Bem, eu... Eu... estava ... Precisando... de dinheiro, aí eu me... Eu fui até lá... E comecei a fazer programas. Fiz um, depois outro e outro, até que você apareceu.

— E você não tem medo de sair com esses caras estranhos?

— Claro, mas fazer o que, né? É a vida! Eu fiquei com muito medo de você também, mas... Estamos aqui, né?

Henrique a olhou sedutoramente e perguntou:

— E o que você costuma fazer em um programa?

Mel estufou o peito puxando o ar e se desconsertou.

— Ué, de tu-do! — Respondeu ela desviando o olhar.

— Tudo, tudo mesmo? — Insistiu ele, curioso.

— Só não beijo na boca!

— Como é que é?

— Brincadeira. É só uma frase da Julia Roberts do filme “Uma linda Mulher”.

Henrique sorriu.

— Sim, me lembro desse filme. — Falou ele.

Mel bebericou sua taça de vinho e perguntou:

— Por que está me perguntando essas coisas?

Henrique encolheu os ombros

— Só quero saber mais sobre você.

Ela limpou a garganta e falou:

— Olha, Henrique, eu não sou uma prostituta.

— Não?

— Não.

—Não mais, não é mesmo? É assim que se fala! Passado é passado. Vida nova de agora em diante.

Mel esmoreceu. Ele não acreditaria nela. Henrique deslizou a mão direita sobre a mesa e segurou a mão dela carinhosamente. Mel ficou sem reação.

Henrique sorriu e falou entre os dentes:

— Olha bem nos meus olhos e sorria.

Ela obedeceu. Ele se inclinou ainda olhando-a nos olhos e beijou a mão dela.

— O que tá acontecendo? — Perguntou ela entre dentes também, disfarçadamente.

— Paparazzi na segunda coluna. — Explicou ele. — Não olha!

Mel sorriu amplamente.

— Nossa! Tô me sentindo uma celebridade!— Falou ela cochichando.

Henrique sorriu do comentário. O paparazzi se afastou depois de dar os seus cliques. Os pedidos

chegaram e eles começaram a apreciar os pratos, conversando descontraidamente. Mel estava bem desenvolta com os talheres. Ela aprovou o cordeio.

— Você tinha razão. É uma delícia!

— O que eu mais gosto nesse prato é esse molho. Perfeito!

Mel cortou um pedaço da carne elegantemente, levou à boca e fechou os olhos.

— Canela! — Exclamou ela.

— O quê?

Ela ainda de olhos fechados falou:

— O segredo do molho. O cítrico vem de uma redução de balsâmico com mostarda e o toque da canela fez toda diferença.

— É outra frase de filme?

Mel abriu os olhos e respondeu:

— Não. Eu faço gastronomia.

Henrique franziu o cenho.

— Sério? — Perguntou ele. — Estou surpreso!

— Cozinhar sempre foi uma paixão pra mim. Os aromas, as texturas... Os sabores! É tudo tão fascinante! Ah, e muito obrigada por me deixar voltar a estudar. Com o estado do meu pai, os gastos com o tratamento, eu tive que trancar. Não teria como pagar. Mas agora estou muito feliz por poder continuar.

— Que bom! Mas você não tem cara de quem sabe cozinhar!

— Não me subestime! Eu posso reproduzir esse prato perfeitamente.

— Eu duvido! Se você fizer um carret de cordeiro igual a esse, eu te dou um carro!

Mel gargalhou:

— Então, eu já vou fazer minha matrícula na autoescola.

Eles terminaram a refeição e ainda continuaram o papo sobre gastronomia. Antes da sobremesa Mel pediu licença para ir ao banheiro. Ela deixou o celular sobre a mesa, quando esse vibrou recebendo uma mensagem. Henrique foi atraído pelo aparelho, que mesmo com a tela bloqueada era possível ler:

Romeu: E aí gata, a noite que você me prometeu está de pé? Tô ansioso pra me deliciar com o seu mel! Saudade!

Uma onda de fúria se apoderou dele, mas ele tentou se controlar. Mel voltou do banheiro muito empolgada para experimentar a sobremesa. Assim que

chegou, ela conferiu o celular e ficou estranha. Henrique percebeu a mudança. As sobremesas chegaram e ele começou a saborear seu pudim tranquilamente. Mel estava tensa.

— Algum problema, Melissa? — Perguntou ele.

— Não.

Ela tentou comer, mas a mousse de limão não descia. Estava na dúvida se Henrique tinha visto a mensagem ou não.

— Você estava tão empolgada com essa mousse, agora mal a tocou!

— É que não está tão boa assim.— falou ela visivelmente desconfortável.

— Então não coma! — Exclamou ele visivelmente aborrecido.

Pela forma como ele falava com ela, ela teve certeza que ele tinha visto a mensagem. Ele acenou para o garçom pedindo a conta. Mel começou a ficar chorosa.

— Henrique...

— Só vou pagar a conta e vamos.

O garçom se aproximou com a maquininha e depois de realizar o pagamento, Henrique se levantou e seguiu para a saída deixando Mel para trás.

— Henrique! Espera!

Ela o alcançou do lado de fora.

— Henrique! Eu posso explicar!

— Entra no carro!

Henrique entrou no carro batendo a porta. Mel entrou em seguida. Ele ficou parado sem dar a partida.

— Henrique não fica assim!

— Quer que eu te leve pro seu programa? — Perguntou com ironia.

— Para! Não existe programa algum! O Romeu é um idiota! Ele vive me atormentando!

— Ah, com certeza é! Talvez ele seja da lista dos dispensáveis como eu!

— Deixa eu explicar...

— Eu não quero ouvir nada!

— Henrique! —Mel começou a chorar.

— Eu não sei onde eu estava com a cabeça pra colocar uma piranha em minha vida! — Exclamou ele com muita raiva.

— Eu não sou uma piranha, seu imbecil!

Mel saiu do carro e seguiu pela calçada em passos apressados. Henrique saiu também e chamou por ela.

— Melissa! Volta aqui!

— Fica longe de mim!

— Melissa! —  Ela seguia andando — Droga, Melissa!

Henrique foi atrás dela a alcançando fazendo-a parar. Ela já estava com a maquiagem borrada pelo choro.

— Me solta! — Gritou ela.

— Pra onde você está indo?

— Pra qualquer lugar bem longe de você.

— Vamos pra casa! — Falou autoritariamente.

— Eu não vou a lugar algum com você!

— Eu estou mandando, Melissa!

Mel olhou para ele com tristeza, tremendo os lábios.

— Por que você tem tanta raiva de mim, Henrique? O que eu te fiz? — Perguntou ela com um fio de voz.

Ele se perdeu no seu olhar. Aquele olhar inocente que parecia o enfeitiçar.

— Por que você faz isso, Mel?

— Isso quê?

Henrique a tomou pela cintura, puxou-a para si e a beijou. Um beijo faminto e desesperado.

Mais populares

Comments

Denise Figueiredo

Denise Figueiredo

Esse malandro vai perturbar a Vida dela,conta logo pro Henrique,talvez ele ajude...🤔🤫

2024-04-16

10

Solange Santos

Solange Santos

meu DEUS mel abre logo essa boca ou vai acabar se ferrando por causa desse romeu 🙄🙄🙄🙄🙄🙄🙄🙄🙄🙄

2024-05-02

0

Beth elliskat

Beth elliskat

kkkk

2024-04-25

0

Ver todos
Capítulos
Capítulos

Atualizado até capítulo 76

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!