Capítulo 3

Enquanto Henrique conversava com sua irmã ao telefone, Arthur perguntava à Melissa as informações de sua conta bancária para fazer a transferência.

— Eu posso receber esse dinheiro em espécie? — Quis saber ela.

— Em espécie?

— Sim, dinheiro vivo.

— E por quê?

— Ah... Eu... Bem, eu não queria que um dinheiro tão grande entrasse na minha conta assim de repente, o banco pode suspeitar de alguma coisa, já que a minha conta sempre foi pequena e nunca movimentou mais que dois mil reais...— respondeu ela pensando rápido.

— Tem razão, não seria conveniente. Tudo bem, eu posso providenciar esse dinheiro, mas vai demorar um pouco. Quero dizer que não vai poder ser agora.

— Tudo bem.

— Segunda-feira, sem falta, eu te entrego e assim, você vai depositando aos poucos.

— Muito obrigada!

Henrique se aproximou deles.

— Vamos! Estamos muito atrasados!

Os três partiram para o carro apressadamente. Arthur abriu a porta traseira para Melissa e entrou do lado do carona, enquanto Henrique assumia o volante. Retornaram calados para casa dos pais de Henrique, onde seria o casamento. Melissa analisava o veículo luxuoso, enquanto enviava uma mensagem para Drica dizendo que não iria mais dançar na boate, pois tinha recebido uma proposta irrecusável.

Drica:— Como assim? Que proposta?

Mel: — Depois eu te conto.

Drica: — Depois nada!

Mel: — É que eu não posso falar agora.

Drica: — Fala logo, Mel! Se não pode falar, então escreve!

Mel: — É que... Eu

*vou me casar! **🤗😬*

*Drica: — O quê??? **😱😳*

Mel: — Não posso contar mais nada agora! Tchau!

Drica:— Mel, que história é essa?— Drica perguntou, mas ficou no vácuo.

Melissa guardou o celular e ficou tensa ao se dar conta da loucura que estava fazendo.

Estava indo se casar com um completo estranho. Henrique quebrou o silêncio e perguntou:

— Você tem algum apelido?

— Apelido? Meus amigos me chamam de Mel.

— Tá, mas eu quero saber se você é conhecida por outro nome.

— Outro nome? — Melissa não estava entendendo muito bem.

— Sabe como é... Outro nome — Henrique falou.

— Garotas de programas sempre tem um nome de guerra. — Esclareceu Arthur.

— Ah, não... Não tenho.

Henrique olhou para Arthur e o amigo entendeu que ele queria que fizesse uma busca nas redes sociais para saber se havia algo comprometedor.

— Como minha esposa muita coisa vai mudar na sua vida. Precisamos conversar depois pra ajustar tudo. — falou Henrique, enquanto observava a moça assentindo, pelo retrovisor.

“Meu Deus, eu realmente vou me casar! Isso é loucura! Eu nem sei quem é esse cara!” Pensou Melissa assustada.

A ficha foi caindo aos poucos e o pânico lhe dominou. Sua respiração foi ficando difícil e ela falou de repente:

— Para o carro, por favor!

— O quê? — Perguntou Henrique com rispidez.

— Não posso fazer isso! — Respondeu Melissa ofegante.

Henrique jogou o carro para o acostamento, freou bruscamente e virou-se para encara-la.

— Você me deu a sua palavra!

— Eu sei, mas...

— Não vai dar tempo de arrumar outra noiva!

— Você fala de buscar uma noiva como alguém que sai pra comprar bebidas! Casamento é coisa séria!

— Você está me vendo rir? Isso é muito importante pra mim!

— Não posso me casar com você!

— Melissa!!! — Henrique gritou impaciente, mas logo tentou se abrandar respirando de vagar — Mel! Eu sei que você está preocupada e não tiro sua razão, mas não precisa ter medo... E pode acreditar que exposta naquela boate você estava correndo mais perigo!

Melissa franziu a testa.

— Não que esteja correndo perigo agora... Você está prestes a entrar em uma das melhores famílias do Brasil e só tem a ganhar. Eu sou Henrique Sorrentino, filho de Giovani Sorrentino... Do Grupo Sorrentino — revelou ele meio desanimado com essa tentativa de convencê-la, pois achava que ela não fazia

ideia de quem ele falava.

— Giovani Sorrentino da SottoSapore? A empresa de alimentos? — Indagou ela com olhos curiosos.

— Exatamente! Você conhece?

— Claro que sim! Quero dizer os produtos da sua empresa, não o seu pai... Sei sobre a história da sua família também, as dificuldades que enfrentaram ao

migrarem pra cá, os primeiros molhos que desenvolveram... Seria uma honra conhecer seu pai!

— Pois então, essa é a oportunidade! — Falou Henrique dando partida no carro novamente.

— E ele será seu sogro.

Melissa sentiu um arrepio de empolgação e mudou sua expressão. Henrique olhou para Arthur intrigado e percebeu que ele também estava curioso por ela saber tanto sobre eles. Ela também notou que eles acharam estranho e tentou se explicar.

—Por coincidência eu vi sobre isso na internet uma vez. Estava pesquisando uma receita de molho pra minha mãe e me deparei com um artigo que contava a história dos Sorrentino... É uma bela história!— ela parecia estar mais tranquila.

Henrique também se satisfez com a explicação e informou:

— Estamos quase chegando.

A casa ficava em um condomínio luxuoso. Passaram pela portaria e ao se aproximarem da imponente construção, Melissa se sentiu dentro de um sonho.

Havia muitos carros estacionados por perto. Arthur abriu a porta para ajudá-la a sair do carro e lhe explicou que o casamento seria realizado no jardim da

casa, onde haviam montado toda uma estrutura para o evento. Melissa ficou apreensiva ao imaginar a quantidade de convidados. E todos, com certeza,

pessoas de nível elevado. Ela olhou para si mesma dentro daquele vestido simples e até meio brega, seus cabelos soltos de forma simples. Sentiu-se

pequena diante daquilo tudo e tentou se ajeitar dentro da roupa, por extinto.

— Nossa!— exclamou Melissa —Parece que tem muita gente aí dentro.

Henrique desceu do carro também e se aproximou dela.

— Minha mãe fez questão de fazer algo grande, mas relaxa, são só pessoas.

Isabela os avistou e veio na direção deles em passos apressados.

— Ai, graças a Deus vocês chegaram!

Henrique sorriu e falou:

— Melissa, essa é minha irmã Isabela. — e virando-se para Isabela — Isa, essa é

Melissa minha nova noiva. Sua futura cunhada.

Isabela olhou para ele meneando a cabeça negativamente com decepção e em seguida lançou um olhar de piedade sobre Melissa.

— Muito prazer! — Disse ela.

— O prazer é todo meu. — Respondeu a moça sorrindo sem graça.

— Você vai mesmo se casar com esse maluco?

Antes que Melissa respondesse, Henrique já foi cortando e dando instruções para as duas.

— Vamos, vamos, depois a gente conversa. Melissa, vai com ela! Retoque a maquiagem, beba água, se prepare, a cerimônia já vai começar. — e virando-se

para Isabela, perguntou: — Você consegue melhorar a aparência dela?

— Acho que sim! — Respondeu ela analisando Melissa.

— Então faça isso o mais rápido possível! Quero que ela use o colar.

— O quê?— sobressaltou-se Isabela.

— Isso mesmo que você ouviu.

— Mas...

— A Melissa vai ser minha esposa e tem todo direito.

Isabela se resignou e falou:

— Tem razão.

— Agora, vai!— e virando-se para Melissa — Vá com ela!

Ela olhou para ele e balançou a cabeça afirmativamente.

— Vamos, então!— falou Isabela a puxando pela mão.

Artur, que assistia tudo calado, se aproximou do amigo e falou:

— Você tem consciência da loucura que está fazendo?

Henrique nem se deu ao trabalho de responder.

— Eu quero que faça uma varredura nas redes sociais dela e apague tudo que possa me comprometer. Não quero perder meu tempo com possíveis transtornos que minha futura esposa possa me causar. — Disse ele ainda de olho nas duas moças que se afastavam.

— Vai ser um escândalo se descobrirem que está se casando com uma garota de programas.

Ele olhou de soslaio para Arthur e estalou a língua.

— Ninguém vai descobrir nada. Você vai se encarregar disso.

—  Sim, farei o meu melhor, mas não posso controlar tudo. E também tem aquela coisa: “Mentira tem pernas curtas!”, “ A verdade sempre aparece!”

— Fica tranquilo, como eu disse, ninguém vai descobrir nada, mas o meu pai eu faço questão que saiba.

— O quê?

— Eu quero que o meu pai saiba. É claro que ele não vai contar nada pra ninguém, mas vai ter que se conformar em ter netos maculados e viver com isso. Vai passar o resto da vida tentando evitar que isso vaze. Tentando evitar um escândalo. Talvez isso o mantenha ocupado e não atrapalhe minha gestão na empresa.

— Mas por que isso?

Henrique olhou para o amigo e respondeu indignado:

— Por quê? Porque por culpa dele eu tive que me esforçar pra esse casamento acontecer. Joguei fora um tempo precioso da minha vida me envolvendo com essas mulheres ordinárias, quando poderia estar me dedicando à empresa. Poderia ser nomeado presidente mesmo sendo solteiro, mas não, tenho que seguir essa tradição idiota e olha o trabalho que isso está me dando!

— Mas você ia se casar por amor... A Marcela...

—Não me fale na Marcela! E... Que amor, que nada! Não existe essa coisa de amor! Era só tesão! Tanto é que agora eu odeio aquela vagabunda! Minha vontade é matar, matar aquela mulher! Ainda bem que ela fugiu, senão eu já estaria preso!

— Calma, rapaz!

— E agora essazinha aí! Melissa! Ela não sabe o que a espera, coitada!

— O que você está pensando em fazer, Henrique?

— Já disse que vou fazer da vida dela um inferno.

— De novo essa conversa?

— Achou que eu estava brincando?

— Cara, você está dizendo que vai descontar a raiva que sente pela Marcela nessa menina? É sério isso?

— Exatamente.

— Isso não é justo! Ela não te fez nada!

—  Não fez porque ainda não teve oportunidade! São todas bandidas! Você viu? Ela nem titubeou quando ofereci o dinheiro! Aceitou os cem mil assim! — ele gesticulava estalando os dedos. — Cem mil! Não é nem o que faturo em um dia! Se ela tivesse mostrado ao menos um pouquinho de dignidade...Se pelo menos dissesse algo do tipo— ele fala tentando imitar a voz de uma mulher— “ Não estou a venda! ” , “Nem por um milhão!” e depois, fosse cedendo aos poucos e barganhasse uma quantia de milhões, seria compreensível... Mas não, ela aceitou a mísera quantia de cem mil sem pestanejar!

— É, realmente foi muito fácil. E com isso, eu perdi o meu whisky!

— Tá vendo? São umas vagabundas! Uma garota tão nova, vendendo o corpo por dinheiro, quando podia estar estudando, trabalhando honestamente, mas não... Bonita como é, já deve ter passado na mão de todos os homens de São Paulo!

— Ela não parece uma prostituta.

— Ah, com certeza não... Essas são as piores. Fingidas!

— É melhor você se conter, porque agora é você quem precisa fingir. Fingir serenidade, fingir que não foi atingido pela rejeição da Marcela e se mostrar

forte, porque muitos dos convidados já sabem o que aconteceu.

— Eu estou preparado.

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Comments

Denise Figueiredo

Denise Figueiredo

da revolta faz as pessoas ficarem cegas com o ódio tomando conta da razão...
a menina não tem nada a ver com os problemas dele, ela só aceitou por causa da dívida do seu pai.... coitada,!! vai sofrer por causa de outras safadas.,

2024-04-15

8

Solange Santos

Solange Santos

ele vai tentar machucar ela so que ele e quem vai ficar machucado quando se apaixonar por ela 😏😏😏😏😏😏

2024-05-02

0

Solange Santos

Solange Santos

espero que ele descubra logo que ela não e o que ele pensa

2024-05-02

0

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Atualizado até capítulo 76

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