capítulo 5

Lidiane

Começo o dia com meus bebês me chamando.

— Mãe, acorda a senhora tem que fazer o café, vamos nos atrasar para a escola. — Foi logo falando, o Caio.

Breno começou a puxar as cobertas. — Acorda, dorminhoca!

— Ah! Não! Por favor! Deixa eu dormir só mais um pouquinho. — Resmunguei virando na cama. — Com certeza a Jesus já fez o café.

— Mãe, acorda!— Falaram os dois juntos.

— A Jesus não está em casa hoje, a senhora não lembra que ela pediu para ir cuidar da irmã que acabou de ganhar bebê? — O Breno gritou.

— Papai do céu! — Saí correndo do quarto, quando cheguei na cozinha fiz o café rápido, deixei eles comendo, voltei para o quarto, escovei os dentes, vesti um vestido e sai correndo.

— Bora vocês vão chegar atrasados! — Gritei na porta da sala e fui buscar o carro na garagem. Que falta faz o Miguel, se ele tivesse aqui não tinha que me preocupar com o café da manhã, com levar os meninos para escola, ele cuidava de tudo. Mas, ele não está mais aqui. E, agora, eu tenho que fazer coisas que nunca fiz na vida. A verdade era que ele me mimava muito.

— Bora!— Buzinei apressando os meninos.

Ainda bem que a escola não fica longe, chegamos em cima da hora. Deixei os meninos lá, falei que a minha mãe vinha buscar e ficar com eles. Eu tinha que ir para o trabalho, encarar o meu chefe.

...⏳...

Cheguei lá e fui organizar a agenda do dia. Estava usando o computador quando ouvi o barulho do elevador parando e vi o Gustavo saindo. Como o tempo fez bem para ele, o que já era bom ficou ainda melhor, ele parecia um deus grego, corpo definido, barba bem feita, vestido num terno todo preto, assim como o sapato. Ele veio em minha direção, quando ele me olhou meu corpo tremeu. — Bom dia, Gustavo!

— Bom dia! — Falou sem nem olhar para mim.

...⏳...

Depois do serviço, passei no supermercado, convidei a Carla e a Gabi para irem jantar comigo. Quando cheguei em casa os meninos estavam na sala jogando videogame com a Gabi, subi, tomei banho, vesti outra roupa e desci. Os meninos já tinham ido para o quarto fazer a tarefa de casa, e a Gabi estava no sofá mexendo no celular. Vou para a cozinha e ela me acompanha.

— Então, Lidi, como foi o seu reencontro com o seu moreno? ele continua gostoso?

— Ela viu ele no velório e agora é a secretária dele e de quebra ainda se beijaram. — Carla foi logo entrando e despejando tudo. Sim, ela sabe do meu rolo com ele. Contei para ela quando soube que o Gustavo seria o nosso novo chefe.

— Cala a boca, Carla! — Tampei a sua boca.

— Cala nada. Conta tudo. Quero detalhes. — Gabi puxou a minha mão da boca da Carla.

— Eu conto ou você conta?

— Ok. Vamos lá! — Sentamos ao redor da mesa. — Penso que ele nunca me perdoou. Penso não, tenho certeza. Vocês precisam ver o jeito que ele falou comigo no velório e também como ele fala na empresa. Parece que ele engole gelo antes de falar. E os olhos? Parece que vai me fuzilar.

— Mas o beijo? Por que ele te beijou? O que ele disse depois? — Gabi perguntou.

— Também quero saber. Ai meu Deus! — Sacudo a cabeça. — Estou mais perdida que cego em tiroteio. Depois do beijo eu, na verdade, nós, estamos nos evitando, quase não vou à sala dele.

— Por que isso? Ele não te disse nada, nadinha? — Gabi pegou um pão e colocou na boca. — Se fosse eu já tinha ido perguntar por que ele tinha me beijado.

— Claro. Eu entro na sala e digo: Gustavo, por que você me beijou? Eu não sou mais uma garotinha para acreditar que um beijo significa algo.

— Amiga, por que não aproveita que ele vai ficar aqui de vez e resolve esse rolo de vocês? — Gabi, veio e me abraçou. — Pode ser que ele nunca tenha te esquecido, e se for assim, vocês agora podem se acertar. Eu sei que você ainda gosta dele embora tenha escondido esse sentimento lá, no fundo do seu coração. Afinal, o primeiro amor a gente nunca esquece.

— Não, eu não vou falar nada. Eu e ele não temos como ficar juntos. Antes eu era a namorada e agora eu sou a ex do primo dele. E tem mais uma coisa: o Miguel quer voltar.

— Não acredito. — Carla cruzou os braços. — Ele teve a cara e pau de pedir para voltar?

— O que você disse? — Gabi me perguntou.

— Ainda não respondi, pedi um tempo para pensar.

— Sério que você ainda quer pensar, Lidiane, não tem o que pensar, ele vivia te traindo e ainda quer voltar? — Continuou ela.

— Mas vocês sabem que eu também fui culpada. Eu vivia rejeitando ele na cama, nenhum homem aguenta.

— Ele usou isso como desculpa para te trair, se ele te amasse ele teria tentado te ajudar a resolver o problema que você tinha naquela época. Você acabara de ter o Caio, estava insegura com seu corpo com a autoestima baixa, e o que ele fez? Te traiu.

— Ele disse que não vai mais fazer isso. — Falei.

— Ele também te disse isso quando você descobriu a primeira vez, mas o que ele fez? Ele te traiu de novo. Merda, Lidiane! Vocês estavam vivendo bem, tudo certo na cama. Estavam planejando uma segunda lua de mel. E ele te traia com uma aluna.

— Era a aluna que dava em cima dele. E são poucos os homens que…

— Lidiane, me poupe. Você realmente acreditou nessa história? Você viu as fotos que eles tiraram durante “a viagem a trabalho” que ele fez.— Carla jogou na minha cara. — Deixa de ser burra mulher.

— Mas tem nossos filhos. Se nós conseguíssemos nos acertar, seria bom para eles.

— Quer saber, desisto, você faz o que quiser. Quer se ferrar? Vá. Quer viver sendo corna? Ok, a vida é sua. — Gabi pegou uma garrafa de vinho da geladeira e tomou um gole.

— Mas vocês acham que o Gustavo vai querer ficar comigo? — Tomo a garrafa das mãos da Gabi e bebo um gole também.

— Lidiane, não ouse envolver o Gustavo nessa sua bagunça. Ele não merece. — Nesse momento o Caio entra na cozinha.

— Mãe! Já tô com fome.

— Mamãe já vai fazer o jantar. Vá para o quarto, quando tiver pronto eu chamo vocês. — Colocamos uma música e fomos fazer a comida.

Após comer e limpar a cozinha elas foram embora. Mandei os meninos para cama, fui para o quarto, vesti o pijama, escovei os dentes, liguei o alarme do celular e fui para cama.

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