As primeiras palavras de Meggie

Mais tarde, naquela noite, Meggie acordou chorando e Damon, que ainda estava acordado trabalhando no computador em seu quarto, deixou o aparelho de lado e se levantou para ir dar uma olhada na filha mais nova.

Pelo que soubera, os dentinhos de sua pequena estavam nascendo e ele sabia o quanto que os bebês se sentiam incomodados nesse momento.

Abriu a porta do quarto, acendendo a luz e fechou novamente para que o choro da menina não acordasse todo mundo.

Ela estava de pé no berço, apoiando-se na grade e suas bochechas estavam molhadas pelo choro.

—O que foi, minha princesa? — ele perguntou baixinho, ao se aproximar e pegar a filha no colo.

Por mais que tivesse recebido a atenção desejada, a menina ainda não parou de chorar, deitando a cabecinha em seu ombro.

Naquele instante a porta se abriu e ele se voltou para ela, deparando-se com uma Leane de pijamas, os cabelos revoltos e o rosto amassado pelos travesseiros.

Era óbvio que ela estava dormindo e ficou feliz por saber que ela tinha o sono leve a ponto de ouvir a filha chorando no outro cômodo.

—Sr. Howard? — ela ficou surpresa ao vê-lo. —Me desculpe se ela o acordou. Pode deixar que eu cuido dela agora.

Damon continuou a embalar a filha em seus braços.

—Eu não estava dormindo. — respondeu.

—Deve ser o dentinho. Ela está muito incomodada nos últimos dois dias. Vou passar a pomada para aliviar um pouco o incômodo. — ela disse, abrindo uma gaveta na cômoda da menina.

Damon observou em silêncio, tentando acalmar a filha, até que ela encontrou o que procurava e se voltou para ele.

—Encontrei! — disse ela.

Assim que a viu, Meggie parou de chorar e estendeu os bracinhos em sua direção.

—Ma...Ma... — ela balbuciou, entre o choro, pegando a ambos de surpresa.

Leane estacou no lugar ao perceber que a menina tentava chamá-la de mãe e não conseguiu olhar para o pai da menina, tamanho o seu constrangimento.

—Não, querida. — ela disse, pegando a menina dos braços dele enquanto sentia o olhar de Damon sobre si, ainda em silêncio. —Você deve dizer Papa.

—Mama... — a menina repetiu, para o desespero de Leane, que finalmente ergueu os olhos para ele em um pedido silencioso de desculpas.

—Sr. Howard, me desculpe. Eu não sei onde ela ouviu essa palavra...— pediu, desejando sair dali naquele instante.

Ele a encarou de uma maneira estranha por um momento, em silêncio, antes de assentir e caminhar até a porta do quarto.

—Não se preocupe com isso, você passa muito tempo com ela e é normal que ela veja em você uma figura materna.

Ele estava certo quanto a isso, mas ainda assim, Leane se sentiu incomodada que as primeiras palavras da menina fossem dirigidas a ela e não ao pai.

Ele deveria estar chateado, apesar de não demonstrar.

—Deve ser isso mesmo. — concordou e resolveu se sentar com a menina na poltrona ao lado do berço, para passar a pomada em sua gengiva, na esperança de que ele fosse para o próprio quarto.

Imaginava o quanto devia estar horrorosa com aquele pijama surrado. Seus cabelos estavam soltos e completamente bagunçados, sem contar sua cara amassada de sono.

Quando ergueu os olhos novamente para a porta ficou aliviada ao constatar que ele ja tinha saído e suspirou, voltando sua atenção para a pequena em seus braços.

—Tanta coisa para dizer, você tinha que me chamar logo de mamãe? — ela disse para a menina, que agora estava mais calma.

Pegou um livrinho infantil com ilustrações colorida e começou a ler para a menina, tentando fazê-la dormir novamente, mas o tempo todo não conseguia parar de pensar na maneira como Damon Howard olhara para ela quando sua filha tentara chamá-la de mãe.

Só esperava que isso não fosse o motivo que ele esperava para demiti-la, ela pensou.

****

No dia seguinte, Leane tentava pensar em algo que pudesse fazer para entreter as crianças, mas nada vinha-lhe à cabeça.

Foi a Sra. Albert quem teve a ideia perfeita.

—Eu posso pedir ao Norman para limpar a piscina. —ela sugeriu. — Vai ser um dia quente e faz muito tempo que ela não é usada.

Leane ficou em dúvida.

Ela não sabia nadar, então não poderia entrar na água com as crianças e muito menos possuía trajes de banho.

—Acho que não é uma boa ideia, Sra. Albert. Eu não sei nadar e se acontecer algum acidente com as crianças...

A Sra. Albert fez um gesto para que ela ficasse despreocupada.

—Fique tranquila, as crianças sabem nadar perfeitamente. O Sr. Howard fez questão de colocá-las na escola de natação quando ainda era pequenas.

Isso deixou Leane mais tranquila.

Quanto a Meggie, ela não teria que entrar na água. Apenas molhar os seus pezinhos seria o suficiente, então de repente a ideia lhe parecia perfeita.

Sorriu para a Sra. Albert, satisfeita.

—Faremos isso então, se não for muito trabalho para o Norman.

Ele era idoso já, e Leane não queria ser responsável por afetar sua saúde com um trabalho pesado.

Ela sabia que ele era responsável pelos reparos da casa, além de ser mordomo.

Tinha vasto conhecimento em hidráulica e elétrica e seus serviços eram solicitados sempre que necessário, a não ser que fosse algo extremo que fugia de suas capacidades físicas.

Norman e a Sra. Albert eram os funcionários mais antigos da casa e os mais queridos também, pelo que ela observara.

A sra. Albert riu, tranquila.

—Não será trabalho nenhum. Ele adorava limpar aquela coisa, assim como adorava ver as crianças se divertindo na água nos dias quentes de verão. Vai deixar não só aquele velho feliz, mas as crianças também. —ela contou, deixando Leane mais tranquila.

—Tudo bem. Vou avisar as crianças para prepararem seus trajes de banho. — ela avisou, voltando-se para subir as escadas até os quartos.

— Creio que seja melhor preparar um lanche leve para vocês, então. — A Sra. Albert sugeriu, fazendo com que Leane parasse na metade do caminho.

—Tem razão. Acho que eles estarão envolvidos demais na diversão, para se preocupar com comida.

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