flashes

Martina

Henrique quase me matou de susto na madrugada. Graças a Deus eles tinham um médico de plantão. Logo ele estava aqui e o examinou.

Henrique dormiu boa parte do dia. Fiquei o tempo todo ali, não preguei o olho.

Estou tão exausta.

Levo sopa para ele e quando chego no quarto ele está dormindo sentado. Eu o ajeito e deixo a sopa na sua mesa de cabeceira.

Tomo um banho para aliviar o estresse e me deito ao seu lado.

Ainda não sei em que pé estamos, não sei se ele vai arrumar outra. Ou se vai continuar comigo...

Pouco tempo após eu ter dormido, ouço um gemido e dou um pulo da cama, Henrique não está mais ao meu lado.

Vejo o banheiro com a luz acesa e corro até ali. Quando chego, ele está saindo.

- o que faz em pé sozinho? / pergunto

- só fui ao banheiro / ele diz segurando sua barriga

- podia ter me pedido ajuda! / falo e faço ele se apoiar em mim.

O levo até a cama e o deito ali.

- quer comer? / pergunto

- não, não estou com fome, estou enjoado

- devem ser os remédios! / falo

Me deito ao seu lado e ficamos de frente um para o outro.

- acho que... acho que tinha alguém no meu carro / Henrique diz

- como assim?

- acho que quando entrei no meu carro para ir embora, na casa do meu pai, tinha alguém... um homem, Martina, ele era muito parecido com você!

- se lembrou de tudo? / pergunto

- tive alguns flashes por isso acordei. Mas Martina... eu juro que mesmo no escuro, o homem parecia você, parecia seu pai... parecia você, com cabelo curto e um pouco de barba

Eu olho estranho para ele.

- não tô entendendo Henrique...

- você... tem algum irmão bastardo? / ele pergunta

- Não! Deus não! meu pai ama minha mãe e também minha mãe o mataria, caso ele tivesse tido um caso!

- não sei Martina...

Acho que ele ainda está delirando, mas não digo nada.

- não acredita em mim, não é? / ele pergunta

- não é isso, só durma. Está cansado e com sono! Amanhã suas ideias vão estar mais claras! / falo

- tem razão...

Ele diz e logo dorme.

Mas fico com uma pulga atrás da orelha. Meu pai teria um filho fora do casamento? Não era possível! Segundo minha mãe e minha tia, ele era um cachorrinho, fazia tudo que minha mãe queria.

E eu vi eles se amando todos estes anos, os vi brigando, mas sempre se acertando. Não! Definitivamente não era possível!

Decido dormir e pensar melhor quando acordar, como o Henrique.

A noite parece voar! Parece que nem dormi.

Quando abro os olhos na manhã seguinte, dou de cara com o Henrique me olhando.

- bom dia! / ele diz e sorri de leve

- bom dia, como você tá? / pergunto

- acho que 100% / Henrique diz e ri

Eu acabo rindo também

- impossível. E se isso é alguma armação para sair da cama, que fique claro, não vai! / falo.

- nem tinha pensando nisso! Martina... eu não agradeci pela sua ajuda, por ter me salvado...

- não salvei você! O ajudei, como faria com qualquer pessoa! sabe Henrique, não sou uma pessoa ruim! / digo

Henrique fica me olhando estranho

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