seu pai tinha razão

Henrique

Ouvir da boca da Martina que faria aquilo por qualquer pessoa, me sentir como qualquer um na vida dela. Mas talvez eu fosse isso para Martina.

Enquanto a observava dormir, tive certeza de que a pessoa que vi era parecida com ela.

Agora seria coincidência? Afinal dizem que temos pelo menos cinco sósias no mundo... Ainda assim, o olhar... parecia vingança, sendo que eu nem conhecia o homem. Ou conhecia?

- que cara é essa Henrique? / ela pergunta e eu volto para a realidade

- nada só pensando...

- está com fome? vou trazer café! / ela diz ficando em pé e pegando seu celular

- estou sim, mas posso descer, não me tornei um inválido! / falo e me sento na cama e acabo fazendo careta

Ela me olha e coloca as mãos na cintura.

- Henrique, não seja teimoso! Já volto com seu café! / Martina diz e pega um robe, coloca por cima da camisola fina e sai

Deus... que mulher linda. Em plena lua de mel, tínhamos que brigar e eu levar um tiro?

Mas o que eu podia esperar dela? Martina já tinha me dado um tiro na sua casa, logo algumas briguinhas, eu devia esperar.

Me vem a memória o dia em que a insultei e ela pegou uma arma e me deu um tiro no braço. Acabo rindo... Acho que foi ali que me apaixonei... percebi o quanto ela era rara, cheia de personalidade, ali eu soube que a queria do meu lado...

Espera... apaixonei? não, eu gosto dela, apenas!

Martina volta com uma bandeja enorme de café da manhã.

- uau / falo

Ela coloca a bandeja em cima da cama.

- não sabia o que queria, então trouxe tudo que tinha! / ela fala pegando um pedaço de bolo

Martina trouxe café para nós dois

- suas funcionárias são uns amores, gostei delas!

Pelo menos ela gosta de alguém né....

- não são mais minhas, são nossas! / falo

- sim sim claro!

Comemos juntos e até tivemos uma conversa sensata e gentil um com o outro.

***

UMA SEMANA DEPOIS

Já recuperado, embora não 100%. Estou em um dos nossos galpões de treino e Martina chega, com quatro seguranças.

- oi amor, vim ver você! / ela diz e me dá um beijo no rosto

Eu fico sério e sem entender nada. Ela faz um sinal para mim, e eu ainda não entendo.

- o que foi? / pergunto baixo

- dispensa todos... / ela fala entre os dentes

Eu os dispenso com as mãos e eles saem rápido. Assim que estamos sozinhos ela desmancha a cara de esposa feliz.

- o que tá fazendo aqui? / pergunto

- seu pai tinha razão! / ela fala andando de um lado para o outro

- sim... mas sobre o que?

- estão mesmo nos seguindo... pelo menos a mim! Fui comer, levei esses homens que vieram comigo, então percebi que desde que dobramos a esquina de casa, até a cafeteria alguém boa seguiu. Logo que entrei, não vi ninguém estranho, mas depois um homem de boné e óculos escuros, entrou e ficou de longe observando. Eu fingi que não o vi, mas vi. Já seus homens... só por Deus, não viram nada! / ela diz

- Martina... se tem certeza, então precisamos fazer algo... precisamos achar essa pessoa e o interrogar, não podemos deixar ele solto por aí! / falo

- também acho!

Meu pai, que iria chegar só mais tarde, aparece no galpão.

Martina sorri e diz:

- obrigada amor pelo cartão, eu preciso daquele sapato! / Martina diz e sai

Meu pai e olha e acena com a cabeça, depois se aproxima de mim.

- Combinaram dela se fazer de boa moça? Para você ganhar respeito? / ele pergunta

- não sei do que tá falando pai...

- hora, por favor. Lembro bem que ela veio resgatar o pai junto com o cartel deles. A menina andava e falava como quem tinha treinamento tático. E agora chama você de amor e diz que precisa de sapatos? Só esses imbecis para acreditarem! ,/ ele fala com as mãos nos bolsos

Meu pai, na maioria das vezes... é um idiota.

- bom pai, você tem razão. Combinamos que ela devia me respeitar na frente dos outros, só que agora ela tá forçando até demais/ falo

Meu pai ri

- por experiência própria filho... você tá ferrado. Moças como ela, nos deixam malucos... fique esperto!

- ok pai... o que faz aqui tão cedo?

- descobrimos o paradeiro de quem atirou em você. Temos que ir até o lugar e o pegar, consegue vir mesmo machucado? / ele pergunta

- sim pai estou bem! / e estava, embora as vezes sentia uns fisgões na barriga.

- então vou chamar todos e vamos! Agora! / ele fala e chama nossos homens pelo rádio

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