17

Eu bato na porta do seu consultório e logo escuto que é para entrar, ele está sentado atrás da mesa do pequeno consultório e logo reconheço os móveis do seu consultório, eles eram da nossa loja Evive.

— Estou surpreso com você por aqui — ele fala me olhando.

— Será que eu posso me consultar com você? — eu pergunto.

— É claro — ele fala — Fique à vontade, se sente! — ele diz se levantando e apontando para as poltronas.

— Foi você que decorou esse consultório? — eu pergunto.

— Foi minha esposa — ele fala.

— Ela tem muito bom gosto — eu sorrio — Esses móveis foram desenhados por uma designer muito talentosa, o nome dela é Alessandra, mas ela não está mais entre nós.

— Ele arqueia a sobrancelha.

— Você é a dona da Evive? — ele fala e eu me sento na poltrona.

— Sim — eu respondo — Quem é sua esposa? Talvez eu a conheça — ele me olha se sentando na minha frente.

— Minha esposa era Alessandra Miranda — ele fala e eu levanto o olhar para ele.

— Meus pêsames — eu falo para ele — Ela era uma mulher adorável.

— Obrigado — ele fala.

Alessandra Miranda era uma designer maravilhosa, trabalhamos muito juntas na empresa, ela trazia todos os seus clientes para nós e desenhava mobílias lindas para a nossa empresa, tinhamos um contato bem pro ssional, então pouco sabia da sua vida amorosa e no dia que ela faleceu, eu não estava no Brasil e não consegui ir até o seu velório, fazia mais ou menos um ano que ela tinha falecido de um aneurisma.

Tanto eu, como ele tinham cado meio sem graça depois dessa coincidência, mas logo ele como um pro ssional quebra todo esse clima.

— Então me conta o que trouxe você até esse spa? Qual foi o motivo de você vir até aqui? — ele pergunta.

— Eu perdi meu marido á alguns dias — eu respiro fundo — E está sendo muito difícil para mim superar a morte dele, ainda mais da forma que foi — eu já seguro as lágrimas — Paulo e eu tínhamos quase 20 anos de casamento, uma empresa, um lho e uma vida toda de alegria, sonhos, realizações.

— Como foi a morte dele? — ele pergunta.

— Ele foi assassinado no dia da festa de aniversário de 15 anos do nosso lho, durante o jantar, na hora dos parabéns as luzes se apagaram e ele foi ver o que tinha acontecido no disjuntor — eu respondo — Fui atrás dele e foi quando escutei tiros e quando a luz voltou, eu o encontrei caído no chão baleado e ele morreu nos meus braços.

— Eu sinto muito pela sua perda — ele fala — É uma perda muito traumatizante pelas circunstâncias que foram. Qual é a parte mais difícil para você em tudo isso?

— A falta dele todos os dias e ver meu lho sofrendo pela sua ausência, éramos companheiros, uma família unida. Paulo era apaixonado pelo lho e colocava a família acima de qualquer coisa. — uma lágrima desce pelo seu rosto — Eu e Paulo,  fazíamos tudo juntos, tínhamos uma rotina sagrada e gostávamos de viver assim, nós éramos muito amigos, além de ser um casal. Mas, a sua morte acabou me revelando muitos mistérios e às vezes, eu acho que eu não o conhecia de verdade.

— Você quer me falar mais sobre essa parte dos mistérios, e por que você acha que não o conhecia? — ele pergunta. — Se você não se sentir confortável para desabafar, que à vontade, não precisa dizer nada, pode até mesmo car em silêncio que será compreensível — ele pega uma caixinha de lenço e estica para mim.

— Obrigada — eu respondo pegando a caixinha e colocando em meu colo. — No dia do aniversário de Pedro, Paulo saiu de manhã sem me avisar, ele nunca tinha feito algo parecido, retornou perto do horário do aniversário muito estranho e com um carro para o lho que tinha recém completado 15 anos — eu engulo seco — Após isso, na festa ele estava muito estranho, era como se cada palavra dele fosse uma despedida — eu limpo com o lenço as lágrimas que desciam pelo meu rosto — Depois de sua morte, eu estou sendo investigada pela morte de Paulo, como uma das suspeita, eu jamais mataria o meu marido — ele me olhava sério — Naquela manhã, Paulo saiu com um carro azul, o mesmo carro que veio procurar ele dias depois da sua morte e quem dirigia era uma mulher desconhecida, na qual até hoje eu não sei quem ela era , o investigador levantou mais de uma vez a suspeita que ele poderia estar me traindo, mas eu sei que Paulo jamais faria algo parecido com isso — eu abaixo a minha cabeça — A gente se amava demais,  éramos  felizes e agora, eu procuro em todo canto respostas para tudo isso, para sua morte, para esse carro azul, por ele ter trocado o seu testamento no dia da sua morte, eu procuro pistas em todas as suas coisas , eu não consigo parar de pensar um minuto nele — eu começo a chorar muito.

— É normal você se sentir triste dessa forma — ele fala quebrando o silêncio que tinha cado na sala — Vocês eram companheiros, marido e mulher e convivia a muitos anos, o luto é algo que a gente não consegue descrever, é algo que vamos sentir no nosso dia a dia, quando você acorda para tomar o café da manhã e ele não estar mais ali, quando você quer perguntar sobre a sua roupa e não vai ter ninguém para opinar, é normal que alguns dias você sinta mais e outros um pouco menos, é como se fosse uma balança , um dia irá pesar mais e outros menos, ou irá car pensando por muito tempo, até que você vai se acostumando em conviver com o luto.

— Eu jamais vou conseguir conviver com a dor de perder ele — eu nego com a cabeça — É horrível, ter que acordar todos os dias e tentar ser forte, sendo que eu não sou. Quando Paulo morreu em meus braços, eu morri junto com ele, hoje eu preciso reviver aquele dia em cada momento das investigações e em cada segundo que sei que o assassino ainda está solto. Eu não consigo entender e nem imaginar,  quem teria motivos para mata-lo — os lenços não eram su cientes para enxugar todas as lágrimas que desciam pelo meu rosto.

— E o que você fazia no seu dia a dia, com Paulo? — ele pergunta e eu o encaro — Como era a vida de vocês dois.

— A nossa vida… — eu suspiro dando um leve sorriso lembrando de tudo — A nossa vida era tranquila, a gente tinha o nosso ritual de todas as manhãs. Era eu, ele e nosso lho,  tomamos café da manhã juntos antes de qualquer compromisso, Pedro estuda na parte da manhã, então a gente acordava bem cedo.

— Que horas? — ele pergunta.

— Paulo sempre se levantava antes, seu celular despertou às 5h da manhã e eu brigava com ele todos os dias, porque sempre despertava mais de uma vez e acabava me acordando, ele sorria, me dava um beijo na testa e ia até a sacada do quarto ver o sol nascer, depois disso eu o encontrava na sacada e a gente cava ali junto vendo o sol nascer — eu suspiro e dou uma pausa.

— Continue — ele fala — Feche os olhos e lembre com todos os detalhes como era a rotina de vocês, se você quiser lembrar sem me contar que à vontade — eu assinto e fecho os olhos

— Depois disso, a gente encontrava Pedro e tomava o nosso café da manhã, às 7h todos saiam de casa, a gente deixava Pedro na escola e depois ia para o parque fazer a nossa rotina de caminhada juntos, após a nossa caminhada seguíamos para a empresa e lá a gente fazia as nossas funções, às vezes juntos, mas separados também. Sempre tentávamos almoçar junto,s mas como tínhamos funções diferentes, nem sempre conseguíamos, mas o café da manhã e o jantar era essencial para nós, sempre que tinha jantares de negócio, os dois iam juntos, Paulo nunca me deixou de fora de nenhum jantar por que nós dois éramos donos da empresa, depois do jantar se a gente estava em casa, sempre tentávamos fazer algo que incluísse nós três, jogos de cartas, tabuleiro, assistir lmes. Nos nais de semana, nossas jantas viravam algum social na piscina com os amigos ou um momento só nosso, Paulo me fazia me sentir especial em todos os momentos — eu abro um sorriso — Ele era rodeado de amigos, era um homem bem humorado, engraçado e amigo de todos . Ele era um homem admirável e é por isso, que eu não entendo como alguém poderia ter motivos para matar ele — eu abro os olhos e uma lágrima desce pelo meu rosto — Ele é o amor da minha vida — eu falo olhando nos olhos de Fernando — Jamais vou esquecer ele, eu jamais vou conseguir me relacionar com qualquer outra pessoa, meu coração sempre será dele.

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Comments

Regina Dill

Regina Dill

podia colocar fotos dos personagens

2023-10-20

1

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