15

Eu acordei cedo e o sol ainda estava nascendo, algo que eu e Paulo fazia sempre quando vínhamos para cá, acordar cedo para aproveitar o dia juntos. Aqui era o nosso refúgio, refugiados da nossa vida corrida, da empresa. Era o lugar que a gente desconectava do mundo e se conectava um ao outro.

Iria ser difícil lidar com a sua ausência, dizem que o luto a gente só começa a sentir quando sentimos falta da pessoa no dia a dia, então eu iria viver o luto eternamente.

— Bom dia mãe — Pedro fala quando encontro ele na praia.

—Chegando agora? — eu pergunto.

— Sim — ele fala — Na verdade eu cheguei ainda de madrugada, mas não consegui dormir.

— Por quê? — eu pergunto.

— Eu acho que eu quero voltar para casa — ele fala — Aqui me traz ainda mais lembrança do papai — eu o abraço forte sem dizer nada, eu sinto uma lágrima descer do seu rosto.

— Eu amo você — eu falo. — Vamos arrumar as nossas coisas e vamos depois do almoço, pode ser?

— Pode sim — ele fala e eu sorrio de leve passando a minha mão pelo seu rosto. Ele sai andando na minha frente e eu fecho os olhos, depois abro olhando para o céu.

Começo a correr na praia o mais rápido que eu consigo, eu não era adepta a corrida, mas dessa vez, parecia que correr fazia soltar todas as coisas ruins que estou sentindo, toda a saudade. Eu paro de correr e coloco as mãos no joelho, minha respiração está ofegante e eu pingava suor, eu me ajoelho no chão e começo a chorar muito, a praia está vazia era muito cedo para ter gente aqui. Ajoelhada na areia com a água do mar indo e vindo eu deixava cair todas as lágrimas que eu tinha guardado na frente de Pedro.

— Barbara — a voz de Pietro soa e olho para o lado vendo-o vindo em minha direção, eu olho para ele com os olhos cheios de lágrimas e ele se abaixou na minha altura — Eu sabia que tinha que vir para cá, eu sabia que você não estava nada bem — eu o abraço, tentando sentir Paulo nele, já que ele era irmão dele.

— Dói muito — eu falo chorando e abraçada a ele — Eu preciso do Paulo aqui, eu preciso dele Pietro, eu preciso do seu irmão — ele passa a mão pelo meu rosto.

— Você precisa se manter calma — ele fala — Eu sei que é difícil, eu sei que é dolorido — eu nego com a cabeça — Mas você vai enlouquecer dessa forma Bárbara, você tem um lho lindo e que está sofrendo também, você precisa car bem.

— Eu não consigo car bem — eu olho para ele — O tempo todo eu procuro respostas pela sua morte, por todos os mistérios que envolve ela, pelas coisas que Paulo me escondia, eu procuro pistas, evidências, eu não consigo parar de pensar um minuto nisso.

— Vem comigo — ele fala me ajudando a levantar — Você precisa descansar.

— Eu preciso dele — eu falo.

— Não — ele diz — Você precisa de um tempo para você — ele para na minha frente de pé e eu olho os seus olhos verdes, que era a mesma cor dos olhos de Paulo, mas não era os olhos dele, não era o amor da minha vida. — Eu tenho uma solução para tudo isso.

— Tem? — eu pergunto.

— Tenho — ele fala — Existe um spa, é de um casal conhecido meu, um lugar no meio da natureza, com vários procedimentos estético e mental — eu o encaro.

— É uma clínica? — eu pergunto e ele nega.

— Não, não é uma clínica e nem é parecido com isso — ele fala — Vamos até sua casa e eu te mostro tudo sobre ela, talvez faça bem para você, cuidar do seu corpo e da sua mente vai te fazer bem, você precisa estar bem para o seu lho e para a empresa.

— Você não quer cuidar da empresa? — eu pergunto.

— Eu vou te ajudar no que precisar — ele fala — Mas uma hora a Evive, vai precisar que a mente fantástica dela volte, até porque é uma empresa que você e ele construíram e lá, você vai se sentir ainda mais perto dele.

— Você tem razão — eu falo.

— Então, vamos — ele pega na minha mão — Eu estou aqui no que você e o Pedro precisar — eu assinto com a cabeça.

Eu entro para dentro de casa com Pietro e vou tomar um banho para relaxar, eu acredito que Pietro tenha razão, eu preciso me desligar um pouco do mundo, de todas as coisas à minha volta, eu preciso de um tempo para esfriar a minha cabeça e esclarecer minhas ideias. Pietro tem sido uma pessoa muito especial para nós, muito mais que um cunhado e um tio, sei que Paulo está feliz por isso onde ele estiver.

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