Eu chego de volta em casa depois de andar muito e tenho certeza de que Marília falou todas aquelas coisas por ciúmes, não era possível ela acreditar que o seu próprio marido com qual ela construiu uma família, possa ser tão mal caráter dessa forma. Ainda mais sendo o irmão de Paulo.
“Murilo, por favor me envie a cópia do documento que eu assinei, quero ter registrado em meu e-mail”
Eu deixo essa mensagem para ele em seu celular.
— Vai sair lho? — eu pergunto, vendo-o arrumado.
— Sim — ele responde — Vou dar uma volta com alguns amigos, mas se você quiser posso car com você.
— Pode ir — eu sorrio — Você precisa se divertir. Se não for dormir em casa, me avisa — ele assente.
— Até mais mãe — ele me dá um beijo no rosto.
— Vá com o motorista — eu grito e ele assente com a cabeça.
Eu sei que Paulo não ia querer Pedro sofrendo dentro de casa, dentro do seu quarto e eu tentava fazer com que tudo isso se tornasse mais leve para ele, se tivesse como, eu pegaria toda a sua dor para mim.
Vou até o quarto onde Marilia ia car e já não tinha mais nada dela lá, eu não ia fazer intriga dela com Pietro, e dizer para ele que ela veio até aqui falar essas coisas absurdas. Só queria entender o motivo dela ter me dito todas aquelas coisas, somos amigas de infância e ela sabe o quanto estou sofrendo com tudo isso.
Eu me sento na cama pegando o meu celular e passo aquele documento para o meu e-mail, abro o meu notebook e começo a baixar aquele documento.
Começo a ler o documento com toda atenção e acabo cando confusa com o resultado da análise.
As substâncias daqueles remédios do frasco de vitamina eram de Capecitabina, oxaliplatina e leucovorina com oxaliplatina. Eu nunca tinha escutado falar dessas substâncias.
Jogo no google o nome de cada substância e todos sai o mesmo resultado, eram combinação de substâncias em um remédio para tratar câncer no intestino delgado, um câncer raro.
— Paulo tinha câncer? — eu pergunto a mim mesma olhando aqueles resultados no google.
Eu mando uma mensagem para atendente da farmácia pedindo para ela me con rmar o que eu tinha visto no google, com esperança de que ela me dissesse que tudo o que eu vi era mentira, mas a con rmação chega minutos depois. Meu chão se abre mais uma vez e começo a pensar que aqueles remédios foram vendidos errado, que na hora da fabricação colocaram no frasco errado e Paulo estava tomando-o sem saber.
Paulo pouco ia ao médico e quando ia, era no médico de família, médico que acompanhou o nal da vida dos seus pais e continuou da nossa família.
Eu pego meu celular ligando para o médico Roberto Antunes, mas dava o tempo na caixa postal. Então eu envio uma mensagem para ele, para que ele entre em contato comigo o quanto antes.
— Cunhada — Pietro fala assim que atende o telefone — Você está bem?
— Não — eu respondo para ele — Na verdade, acabei descobrindo uma coisa que estou em choque.
— O que foi? — ele pergunta.
— Paulo chegou a comentar com você ou com Murilo, sobre um suposto câncer? — eu pergunto
— Câncer? — ele pergunta — Não, você está falando que ele tinha câncer?
— Isso — eu respondo — Eu não sei.
— Por que surgiu essa dúvida? — ele pergunta
— Eu encontrei alguns remédios em sua gaveta no banheiro e mandei para análise, a substância desses remédios são para tratar câncer de intestino — eu falo.
— Se ele tivesse algum problema de saúde, tinha saído no laudo do iml — ele responde.
— Mas o laudo ainda não saiu por completo — eu falo.
— Mas… — ele suspira no outro lado da linha — Já teriam comentado, você sabe como é esses médicos, já tinha vazado até mesmo para a imprensa, ninguém perderia um furo de reportagem dessa forma.
— Pode ser que você tenha razão — eu respondo.
— Esquece isso, essas substâncias devem servir para outra coisa e até mesmo para vitamina — ele fala — Me manda o documento que te enviaram, que eu vou ver com um especialista para você e te envio uma resposta.
— Obrigada — eu respondo
—Você foi para descansar, não foi? — ele questiona — Então, tente descansar e esfriar a cabeça. Qualquer coisa que você precisar você pode contar comigo.
— Muito obrigada Pietro — eu respondo para ele.
— Não precisa agradecer — ele fala.
Eu desligo a chamada e coloco o celular sobre a cama e co encarando todos os resultados das pesquisas que eu z sobre as substâncias, encaro o meu WhatsApp e a mensagem para o médico nem tinha entrado. Eu penso se mandaria ou não para Pietro o documento, mas depois decido enviar.
Encaro a mensagem enviada na tela do meu notebook e respiro fundo, me jogando para trás e encarando o teto.
Eu acho que estou enlouquecendo e criando tantas coisas na minha cabeça, tantas suposições e tentando achar uma forma de amenizar a minha dor, mexendo e remexendo na intimidade de Paulo de todas as formas possíveis.
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Atualizado até capítulo 57
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