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Assim que chegamos na nossa casa de praia, eu sinto um aperto enorme em meu coração, até porque a gente iria vir para cá um dia após o aniversário do nosso lho, Paulo tinha planejado nossos passeios de lanchas, nossos almoços em família e até mesmo a festa dourada, que a gente sempre fazia nessa época do ano com os nossos amigos, ele tinha tantos planos e tudo foi água abaixo.

Chegar nessa casa sozinha, me fazia por alguns segundos me sentir fraca, mas quando eu olho para o lado e vejo o nosso lho, eu vejo o quanto eu preciso ser forte por ele, por que eu não estou sozinha, eu tinha uma parte de Paulo ao meu lado, uma parte especial, um menino de ouro que sentia a falta do seu pai todos os dias.

— Não é a mesma coisa estar aqui sem ele — ele fala e eu o encaro.

— Ele faz falta em nossas vidas — eu falo para ele —Mas precisamos seguir lho — eu me

aproximo dele e coloco minha mão sobre o seu ombro

— Eu e você, seu pai sempre vai cuidar de nós, onde ele estiver.

— Ainda bem que eu tenho a senhora Mãe — ele fala dando um leve sorriso e me abraça.

Eu também preferi não car no quarto onde eu e o Paulo cávamos todas as vezes, quei em um quarto de hóspedes, os funcionários que a gente mantinha nessa casa caram em silêncio, cordialmente deram os pêsames e não perguntaram mais nada, eles entendiam o quanto a gente se amava e como a nossa família era importante para ele. Pela janela do meu quarto, eu vejo Pedro se relacionando com uns amigos que ele tinha aqui, eu o incentivei a se encontrar com eles, ele era adolescente e precisava dar um tempo para os pensamentos e lembranças ruins daquela noite.

Ninguém quer completar 15 anos e receber de presente, o corpo do seu pai baleado na festa do seu aniversário.

Mesmo sobre as ordens e instruções daquele investigador arrogante, eu entro dentro no escritório de Paulo, ele era um homem cheio de manias e uma delas, era ter seus escritórios impecáveis, ele fazia questão de ter um aqui, um na empresa e um em nossa casa e todos eram iguais, os móveis da mesma cor, suas canetas arrumadas em cima da mesa, uma foto da família, um computador e uma agenda ao lado.

Eu pego aquela agenda na mão e abro nas primeiras páginas vejo que tinha várias anotações e cartões que eu enviava para ele nas datas especiais, a gente tinha essa mania, nunca trocamos presentes e sim cartões, nessa agenda também tinha rascunho das mensagens que ele escrevia para mim, eu pego agenda e essa não deixaria a polícia levar, ela tinha bastante papéis dentro, envelopes e anotações, eu queria ter algo de Paulo só para mim, algo que a polícia não levaria com eles, que ninguém mexeria em sua intimidade e tiraria o seu cheiro, a sua essência.

Eu saio para fora do escritório e escuto uma voz familiar, com a agenda na mão eu vou até a sala encontrando Marília.

— Cunhada — ela fala — Desculpa por me meter na sua intimidade, vindo até aqui — eu a encaro dando um leve sorriso — Mas eu senti que você precisava de mim, de um ombro amigo — ela se aproxima — Você anda tão afastada de todos.

—Você é muito bem-vinda aqui, Marilia — eu falo abraçando-a — Você sabe o quanto é importante para mim.

— Pietro me disse que estaria aqui — ela fala — Bom, eu nem falei para ele que eu vinha, ele anda tão distante e nervoso com toda essa situação.

— Eu imagino — eu suspiro — Ele está me ajudando muito e sou grata à ele por isso, a você também, cou com Pedro e tratou ele como se fosse seu lho nos dias que eu precisei me desligar do mundo.

— Somos família e estou aqui para isso — ela sorri — Para te estender a mão e te ajudar quando você necessitar.

— Obrigada — eu olho para ela — Vou deixar isso lá em cima, por que você não deixa as suas coisas em um quarto de hóspede? — ela assente.

Confesso que eu queria car sozinha, mas a companhia de Marília aqui me faria bem, além dela ser a minha cunhada, eramos amigas da faculdade, ela conheceu Pietro através de mim e a sempre fomos muito con dente uma da outra.

Eu coloco a agenda de Paulo dentro da minha bolsa e a fecho, colocando dentro do cofre que tinha no quarto, era uma mania de Paulo que eu peguei para mim, todos os quartos de nossas casas tinham um cofre, ele prezava muito pela segurança.

Meu celular toca e era uma mensagem da atendente da farmácia de manipulação, quando eu ia abrir a mensagem para ver o documento da análise dos medicamentos, que ela me enviou, Marília entra no quarto.

— Você não vai car trancada aí dentro o dia todo, né? — ela fala — Você precisa tomar um ar, um sol, uma brisa do mar.

— Eu só preciso ver um documento — eu respondo.

— Nada de trabalho também — ela diz — Você ainda não está pronta para mergulhar de cabeça no trabalho, deixe isso para depois — ela pega na minha mão, me levando para fora do quarto.

Eu iria olhar esse documento com mais calma à noite, mas confesso que seria difícil segurar a minha agonia e ansiedade de saber o resultado.

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Comments

Amélia Rabelo

Amélia Rabelo

tomara que já descubra quem está por trás desse assassinato

2023-05-06

1

Solange Catarina

Solange Catarina

com certeza ele manipulou o assassinato para descobrir quem esta lhe traindo....

2023-02-07

1

Celia Maria

Celia Maria

Meu faro de detetive está me dissendo que a Marília está envolvida com esse assassinato 🤔

2022-10-23

0

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