Tinha Que Ser Você
Laura Rodrigues é uma bela jovem de 18 anos. Sua vida nunca foi fácil, a escola que ela frequentava era a pior de sua cidade, a sala de aula era composta por traficantes e bandidos. Muitas vezes eles ficavam rindo em plena aula comentando sobre o que roubaram e como o fizeram.
A escola estava imersa em um clima de caos e desordem. As salas de aula eram dominadas pelo desrespeito e pela indisciplina. Os corredores ressoavam com risadas maliciosas em meio a gritos estridentes, enquanto os alunos transitavam sem um pingo de respeito pelas regras estabelecidas. Os professores daquela escola faziam vista grossa a quase tudo o que acontecia ali, porque eles tinham medo dos alunos e honestamente, pelo salário deles não valia mesmo a pena arriscar a vida.
Não apenas os professores, mas diretores e funcionários também eram mestres em ignorar a situação precária, desesperados em evitar confrontos e possíveis retaliações. O medo enraizado era compreensível, já que os alunos haviam demonstrado, repetidamente, a disposição de ultrapassar os limites do respeito e da segurança.
Laura odiava aquela escola, odiava ter que ir para lá, mas odiava ainda mais ficar na sua casa. Sua mãe era uma alcoólatra e quanto ao seu pai, bom, ela nunca chegou a conhecer ele. Ela tentou perguntar a sua mãe diversas vezes, mas ela era uma mulher de muitos homens, tudo o que Laura sabia era que o seu pai tinha olhos azuis, pois foi a única coisa que herdara dele, e a sua mãe parecia odiar isso.
A figura do seu pai foi sendo substituída por alguns diferentes homens ao longo do seu crescimento. Ela nunca se apegou a nenhum deles, pois assim como a sua mãe, eles eram os piores tipos que se poderiam imaginar.
Quando Laura completa 13 anos a sua mãe conhece Rogério, que era até hoje o atual namorado e, portanto, seu novo padrasto, digamos assim. Mas isso não quer dizer que ele era o menos pior. Talvez fosse o pior de todos.
Os seus dias na escola eram vazios já que a escola nada de bom ensinava. Os garotos lá provocavam Laura e flertavam com ela, enquanto as meninas a achavam metida, justamente por Laura não se misturar com eles e não rir de seus contos sobre drogas e assaltos. Com carteiras arrastadas, papéis espalhados e livros amassados, a autoridade dos professores era frequentemente desafiada, e as tentativas de manter a ordem eram recebidas com desprezo e até mesmo agressões verbais e físicas.
A diretora tinha um carinho enorme por ela, e até tentou matricular Laura na mesma escola que estava a sua própria filha, mas como a mãe de Laura nunca comparecia na escola para assinar a papelada isso nunca aconteceu.
Quando ela tinha 15 anos a escola se tornou insuportável, vários garotos tentavam chegar nela e ficar com ela, eles pareciam desconhecer a palavra não. Laura até aceitou namorar um dos figurões de toda a escola para fazer os outros meninos pararem de dar em cima dela a todo instante. Mas mesmo o seu atual namorado o Douglas, era um babaca que só ficava querendo uma coisa dela. E como ela nunca cedia ele ficava nervoso e sempre discutiam, sem falar que os beijos com ele eram horríveis.
As garotas a essa altura a odiavam, como Laura poderia dizer não a Douglas? Ou afastar ele quando ele a agarrava na frente de todos, ou quando tentava colocar a sua mão por baixo das roupas dela? Para as garotas de lá isso era frescura de Laura. Ele era o garoto mais popular e bonito, e com certeza se tornaria o traficante mais bem-sucedido daquela pequena cidade.
Mas Laura sabia que todo aquele meio social estava errado e ela não queria ser parte disso, muito menos queria isso para a sua vida. Foram essas e inúmeras outras razões que fizeram Laura desistir da primeira coisa em sua vida, a escola.
Ela sentia que se ficasse lá por mais tempo, acabaria em várias brigas com as meninas que ficavam cada dia mais cruéis com ela, ou pior, acabaria sendo violentada pelo seu próprio namorado tóxico e abusivo. Ela nunca daria a sua virgindade a um cara como ele, então ela fez o que ninguém nunca fez em sua vida, se preocupou com ela mesma e que se fodam eles.
Aos 16 anos sua mãe que já quase não falava com ela agora parecia a odiar, cada nova interação entre mãe e filha parecia carregar o peso de um passado cheio de arrependimentos. A expressão no rosto de sua mãe era de desdém e desaprovação constante. Ela se tornara uma fonte implacável de críticas e insultos, fazendo questão de lembrar Laura a todo momento que sua decisão de abandonar a escola havia sido o pior erro da vida dela.
Laura tentou explicar, inúmeras vezes, as razões que a levaram a abandonar a escola, mas a sua mãe nunca parecia entender ou se importar.
— Escola não é para ser um parque de diversões, você não gostava? E agora o que vai fazer? Você é uma irresponsável Laura! Nunca terá um futuro na vida, você nunca será ninguém.
As lágrimas corriam pelo rosto de Laura, enquanto ela lutava para se manter firme diante das palavras cruéis da sua própria mãe. Ela se sentia desvalorizada e rejeitada, como se sua própria existência não tivesse significado ou propósito.
Mas o pior de tudo não era isso, até porque Laura era esforçada o suficiente e já trabalhava em uma lanchonete da região, mas quando voltava para casa sua mãe raramente estava lá ou quando estava ficava o tempo todo bêbeda ou dormindo.
Entretanto, Rogério ficava o tempo todo lá. Ele não trabalhava e também não demonstrava interesse em tal feito, ficava quase o dia todo em frente a uma velha TV fumando e bebendo.
Laura nunca conversava com ele, porem desde quando ela deixou a escola percebia olhares dele para o corpo dela que a incomodavam muito, sem falar das vezes em que ele a observava do quarto, pela pequena abertura da porta, ele era repugnante.
Seu quarto não havia trancas, pois, a porta toda era precária e ela deveria se considerar com sorte o bastante por ter um quarto que fosse só dela. Ela se olhava no espelho e realmente havia se tornado uma bela jovem e muito atraente, embora ela mesma não pensasse isso. Laura odiava aquele lugar.
Com 17 anos ela já estava cansada de toda essa situação, apesar do seu trabalho na lanchonete estar indo bem. Quer dizer, se não fosse pelo gerente do local que tentava de toda maneira passar uma noite com a garota. Chegando a lhe oferecer propostas absurdas. Ele já havia demonstrado ser abusivo e passado dos limites diversas vezes, tocando seu corpo e a acariciando, embora Laura nunca tenha dado motivo para isso.
Laura sentia que ninguém da sua vida a respeitava, só a via como um mero objeto para ser usada e devido a sua inocência e jeito meigo era nítido que poucos ou até mesmo nenhum homem a havia tocado. Em um pacato dia, seu chefe a chama na sala e cruza o limite de todas as formas possíveis quando tenta beijar ela. Sua mão, com um movimento calculado, aproximou-se do rosto dela, buscando uma intimidade que não tinha permissão para existir.
— Me solte, o senhor disse que queria falar comigo, mas se não for a respeito do meu trabalho não estou interessada.
Laura disse firme, sua respiração se tornou irregular. Ela sentiu uma mistura de raiva e nojo pulsando em suas veias.
– Você não percebe que pode se dar muito bem aqui se for a minha amante? Você é jovem mas aposto que não é burra, olhe em volta, acha que o seu futuro será muito melhor que isso?
Ele fala ríspido e foi como se um clique despertasse nela, tudo isso era verdade, e o motivo de ninguém a respeitar era justamente por estar onde ela estava, esse bairro, essas pessoas, toda essa escassez e falta de opções. Foi então que ela pensou que não tinha nem mesmo um sonho, não almejava ser nada, estava totalmente sem perspectiva.
E enquanto ela pensava nisso seu chefe se aproxima e beijava seu pescoço.
– Vejo que finalmente entendeu sua situação aqui.
Ele sussurra em seu ouvido e continua a beijando, abre a sua blusa e acaricia seu corpo com um sorriso dissimulado. Laura se encontrava paralisada pela situação, qual teria sido o erro dela para essas coisas sempre aparecer em sua vida?
– Você é tão linda, e me excita muito garota. Você não se arrependerá disso.
Ele apalpa com gosto a sua bunda e isso faz o membro em sua calça ficar rígido, esfregando na saia que Laura usava, o típico uniforme do trabalho.
Ela então lhe vira um tapa na cara.
– Você tem razão, eu sou jovem mais não serei burra, se o meu erro é estar em um lugar assim, eu me demito!
Ele tenta a segurar pelo braço, mas ela lhe dá outro tapa seguido de um empurrão, e diz o quanto achava ele repulsivo e nojento.
- Você terá um salário melhor do que as outras, e tudo o que tem que fazer é me dar um pouco de diversão... - ele segurava Laura pelos braços e falava bem próximo da boca dela.
- Me solta! - ela tentava se soltar, mas ele era bem mais forte que ela. - Você quer diversão? Está aqui.
Laura usa o seu joelho para dar um chute no meio das pernas do gerente que solta ela na mesma hora se contorcendo de dor, e isso fez a garota ganhar tempo para literalmente fugir daquele lugar.
E foi assim que Laura desistiu da segunda coisa na sua vida, o seu primeiro emprego.
Ela tentava não passar muito tempo em casa, pois tinha medo de seu padrasto Rogério, sua mãe quando sóbria a tratava pior que antes e quando bêbada chegava a agredir fisicamente. A culpava por ter largado a escola, jogado o seu futuro no lixo, e agora a culpava também por ter perdido o seu emprego que era a principal fonte de renda daquela casa. Sem falar que criticava a maneira que ela se vestia e falava que ela estava se insinuando para Rogério.
Mas ela não tinha outras opções de roupas, já que tudo em sua vida era limitado, ela tentava ao máximo não usar nada curto demais ou decotado demais, embora uma pessoa deveria usar o que se sentisse confortável, ela não poderia se dar a esse luxo, pois seria condenada, a fazendo se odiar ainda mais.
Passava os seus dias na rua, em uma praça antiga abandonada, e mesmo quando aparecia alguns skatistas por lá eles não a incomodava, era um lugar perfeito.
Seus dias de trabalho na lanchonete lhe renderam dinheiro o suficiente para Laura comprar um celular relativamente bom, ele era o seu melhor amigo se assim podemos dizer.
Laura tinha uma conta no Twitter e Instagram, na qual seguia algumas pessoas influentes, cantores, atrizes e celebridades. O perfil dela era privado e ela postou apenas duas vezes, uma foto do céu ao final de tarde, e outra foto dessa velha praça esquecida pelo tempo.
Dentre as pessoas que Laura seguia, estava Sophie Lavie, uma CEO muito rica e influente, ela possuía pouco mais de 19 milhões de seguidores no Instagram, Laura tinha um afeto a mais por ela, pois Sophie morava em uma grande cidade e o melhor de tudo, ficava a apenas 6 horas de viagem de sua pequena e pacata cidadezinha. Diferente das outras celebridades que ela seguia que moravam em outro país.
– Ela vai começar uma live agora.
Laura se alegra e ouve a CEO dando uma palestra em algum evento importante, alguém sempre filmava essas palestras justamente para mostrar nas redes sociais e incentivar pessoas do mundo todo.
– Minha jornada não foi fácil, e não espero que seja fácil agora que alcanço muito mais pessoas, entretanto se tornou a minha responsabilidade. Assim como eu criei esta empresa sozinha desde muito jovem, cada um de vocês podem mudar o rumo de suas vidas a qualquer momento. Acreditem e não parem enquanto não alcançar o seu objetivo.
Assim ela encerra a live e Laura se sente inspirada.
Prestes a completar os seus 18 anos ela tinha certeza do que queria, não para a sua vida, mas para aquele momento atual.
Sair daquela cidade e apostar tudo em uma cidade grande.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 143
Comments
Mika Nakashi
CEO vem do inglês e se pronuncia CI-I-O. Significa Chief Executive Officer (Diretor Executivo.) Um CEO não necessáriamente é o dono de um empresa, ele lida com a tomada de decisões importantes, mas no caso de Sophie Lavie ela também era a dona da empresa. 😎🤌
2022-10-03
19
Kelly fernanda Da Silva Lima
muita boa realmente a sua escrita prende a gente, parabéns
2022-08-04
11
Inallem
concordo plenamente com a Laura
2022-10-21
10