Enquanto o mundo de Sophie Lavie caminhava perfeitamente bem, as coisas com Laura Rodrigues iam de mal a pior. Um restaurante havia ligado e ela começou a trabalhar, no segundo dia o filho do dono assim que a viu ficou encantado com a jovem, e ficava com conversinhas inapropriadas a ela.
Ele era bonito e jovem também, mas ele não queria nada sério com Laura, nem mesmo fazia questão de guardar o seu nome, se achava o garanhão e pensava que ela iria se derreter por ele logo nos primeiros segundos. Ele havia feito até mesmo uma aposta com os seus amigos.
Quanto tempo ele levaria para transar com a mais nova garçonete.
Deixava isso bem claro para todos os seus amigos. Mas Laura não era idiota e nunca dava chances, o que fazia o jovem se roer por dentro, ele estava sendo desprezado por uma mera garçonete.
– Vamos sair hoje à noite? Eu pago! Um cinema, soube que tem um parque lindo na Rua 22. Vamos juntos.
– Desculpe, estou trabalhando agora.
– Relaxa! Meu pai quase nunca aparece por aqui, e eu já pedi para você não ser tão formal comigo.
O jovem disse pegando Laura pela cintura e a puxando para perto de seu corpo.
– Eu acho que você está tendo a ideia errada sobre mim.
Ela o afasta.
– E qual seria a ideia certa? - ele diz.
– Eu trabalho aqui, portanto não estou aqui para ter encontros. Pode respeitar isso?
– E se eu esperar você terminar o seu expediente, daí podemos ir?
– Olha! Nathan, não é?! Eu não estou interessada em encontros, nem mesmo em um relacionamento. No momento eu só quero fazer meu serviço da melhor forma e ir para a casa no final do dia.
– Vejo que temos algo em comum, eu também não procuro um relacionamento. – ao dizer isso ele se aproxima e fica muito próximo a ponto de beijar Laura. – É só sexo, que tal?
Ele segura em sua mão a olhando um tanto convencido. O todo poderoso Nathan, o garoto relativamente popular de uma escola privada de relativo prestigio, ele era o melhor amigo do capitão do time de futebol e já estava no último ano escolar.
E Laura sabia disso. Sempre depois das aulas os garotos do time de futebol iam comer lá de graça, ela sabia bem desse clichê escolar. Naquele momento ela quis dar um tapa na cara daquele moleque arrogante, mas por medo do que poderia lhe acontecer não o fez. Ela respirou fundo, afastou sua mão gentilmente, o olhou nos olhos e disse séria.
– Um não é não, entendeu? Pare de pensar em mim dessa forma porque isso nunca vai acontecer. Com licença, eu preciso voltar ao trabalho.
Ele quando percebeu que realmente não iria rolar nada ficou irado, e foi muito zoado pelos seus amigos. Eles diziam que ele havia perdido o encanto, que não era mais páreo nem mesmo para uma simples garçonete.
O jovem não perdeu tempo e já foi logo contar várias mentiras a seu pai sobre a mais nova funcionaria. Dentre essas mentiras, disse que ela havia lhe oferecido drogas, sabendo que o seu pai tem uma política de tolerância zero quando o assunto era drogas.
O que é irônico, porque Nathan e seus amigos eram especialistas em usar drogas de todos os tipos nas festas que frequentavam.
– Você disse drogas?
– Sim, pai! Eu e meus amigos também a vimos vendendo para os clientes, imagina se isso vira um lugar para esse tipo de gente frequentar, em menos de uma semana estaríamos nos jornais.
– Puta que pariu! Mas que desgraçada!
Resultado, em menos de uma semana ela havia sido demitida.
Arrasada Laura começa a aceitar apenas trabalhos temporários, os conhecidos freelances, mas esses não eram fácil de achar, e quando ela menos percebeu já zerava o mês e ela deveria pagar o aluguel.
– Aqui eu tenho metade, prometo pagar a outra metade na próxima semana sem falta.
– Se promessas fosse bom, não seriam feitas de graça, menina! Ou me pague tudo ou vai embora.
– Ao menos três Dias basta, vou trazer o restante.
– Ouça bem minha criança, eu já ouvi isso milhares de vezes por aqui, eu não sei qual é a birra que você teve com os seus pais ou o seu responsável, mas está na hora de voltar. Vai xô, xô!
Ele faz um gesto como se espantasse pombos.
Laura não quis começar uma discussão com aquele senhor ranzinza e também não queria implorar para continuar ali, ela pegou as suas coisas e foi embora.
Sem teto, sem família, sem amigos, sem trabalho, tudo o que ela tinha era ela mesma. A ideia de voltar para casa estava fora de questão. Quando sua mãe a visse chegando pior do que quando ela saiu, com certeza iria a culpar e dizer que ela tinha avisado.
No decorrer desse último mês, Laura Rodrigues se alimentou mal, ficou em uma correria insana, trabalhou mais do que aguentava e tudo por alguns poucos trocados que mal deu para pagar o aluguel. Sua aparência também estava magra e abatida.
Ela se perguntava porque isso era tão difícil, afinal?
Porque justo quando as coisas pareciam estar indo bem, sempre acontecia algo que faziam todas as peças cair novamente, será que ela não merecia a felicidade ou o sucesso? O que ela teria feito de tão mal para acabar assim?
Foi andando e pensando em coisas assim, que ela chegou em um bairro muito chique, as pessoas que moravam ali deveriam ter muito dinheiro.
Assim, mais uma ideia lhe veio em mente, ainda não estava tudo perdido. Alguém daquelas casas chiques com certeza poderia precisar de uma empregada, ou talvez babá?
Pensar nessa opção fez as suas esperanças se renovarem, as pessoas ricas sempre tratavam seus empregados bem, estaria ela a um passo de viver sua própria novela e finalmente sua sorte mudar?
Já estava escurecendo e a ideia de sair daquele bairro chique a assustava, ela nem mesmo percebeu como entrou já que estava meio que no piloto automático andando a esmo, e sentia que se tentasse sair algum guarda a pararia por pensar estar roubando algo.
– Já está tarde, mas vou tentar bater em algumas dessas casas e ver o que acontece.
Ela chegava perto de uma, batia palmas, tocava no interfone, e nada. Ninguém saia. O bairro todo parecia vazio, porem as luzes de dentro estavam acesas.
As casas não tinham muros de uma até a outra e também não tinham portões, elas em si também ficavam um pouco longes uma das outras.
– Será que tudo isso foi um erro?
Laura Rodrigues já cansada decide parar em frente de uma das casas e se sentar para descansar. Como estavam todas vazias ela pensava que poderia ficar um tempo ali.
Aquela noite estava bem fria e Laura estava apenas com uma fina blusa, ela abraçava seus joelhos encolhida perto da porta de uma das casas tremendo de frio.
Sem ver o tempo passar ela pega no sono.
Já se passava das 23:15 quando Sophie Lavie chega no seu carro de luxo, ela havia saído para beber com Nicolas e uma funcionária que tinha acabado de conhecer, seu nome era Diana. Logo na entrada de sua casa ela encontra algo incomum.
Uma garota com trajes de segunda mão, dormindo bem em frente à sua porta, estava uma noite relativamente fria e a garota estava com um casaco bem fino. O que ela fazia ali?
Ela encara a garota de cima a baixo com um olhar repulsivo.
– Ei, você... procura algo?
Ela diz com a mão no ombro da jovem em uma tentativa de acordar ela, no entanto percebe que ela estava bem fria devido ao sereno.
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Atualizado até capítulo 143
Comments
Roneide Alfaia
Infelizmente, isso deve acontecer muito em nossa sociedade machista, onde as mulheres só servem de objetos para homens sem caráter e amor ao próximo.
2022-09-13
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