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Tinha Que Ser Você

Conheça Laura Rodrigues

Laura Rodrigues é uma bela jovem de 18 anos. Sua vida nunca foi fácil, a escola que ela frequentava era a pior de sua cidade, a sala de aula era composta por traficantes e bandidos. Muitas vezes eles ficavam rindo em plena aula comentando sobre o que roubaram e como o fizeram.

A escola estava imersa em um clima de caos e desordem. As salas de aula eram dominadas pelo desrespeito e pela indisciplina. Os corredores ressoavam com risadas maliciosas em meio a gritos estridentes, enquanto os alunos transitavam sem um pingo de respeito pelas regras estabelecidas. Os professores daquela escola faziam vista grossa a quase tudo o que acontecia ali, porque eles tinham medo dos alunos e honestamente, pelo salário deles não valia mesmo a pena arriscar a vida.

Não apenas os professores, mas diretores e funcionários também eram mestres em ignorar a situação precária, desesperados em evitar confrontos e possíveis retaliações. O medo enraizado era compreensível, já que os alunos haviam demonstrado, repetidamente, a disposição de ultrapassar os limites do respeito e da segurança.

Laura odiava aquela escola, odiava ter que ir para lá, mas odiava ainda mais ficar na sua casa. Sua mãe era uma alcoólatra e quanto ao seu pai, bom, ela nunca chegou a conhecer ele. Ela tentou perguntar a sua mãe diversas vezes, mas ela era uma mulher de muitos homens, tudo o que Laura sabia era que o seu pai tinha olhos azuis, pois foi a única coisa que herdara dele, e a sua mãe parecia odiar isso.

A figura do seu pai foi sendo substituída por alguns diferentes homens ao longo do seu crescimento. Ela nunca se apegou a nenhum deles, pois assim como a sua mãe, eles eram os piores tipos que se poderiam imaginar.

Quando Laura completa 13 anos a sua mãe conhece Rogério, que era até hoje o atual namorado e, portanto, seu novo padrasto, digamos assim. Mas isso não quer dizer que ele era o menos pior. Talvez fosse o pior de todos.

Os seus dias na escola eram vazios já que a escola nada de bom ensinava. Os garotos lá provocavam Laura e flertavam com ela, enquanto as meninas a achavam metida, justamente por Laura não se misturar com eles e não rir de seus contos sobre drogas e assaltos. Com carteiras arrastadas, papéis espalhados e livros amassados, a autoridade dos professores era frequentemente desafiada, e as tentativas de manter a ordem eram recebidas com desprezo e até mesmo agressões verbais e físicas.

A diretora tinha um carinho enorme por ela, e até tentou matricular Laura na mesma escola que estava a sua própria filha, mas como a mãe de Laura nunca comparecia na escola para assinar a papelada isso nunca aconteceu.

Quando ela tinha 15 anos a escola se tornou insuportável, vários garotos tentavam chegar nela e ficar com ela, eles pareciam desconhecer a palavra não. Laura até aceitou namorar um dos figurões de toda a escola para fazer os outros meninos pararem de dar em cima dela a todo instante. Mas mesmo o seu atual namorado o Douglas, era um babaca que só ficava querendo uma coisa dela. E como ela nunca cedia ele ficava nervoso e sempre discutiam, sem falar que os beijos com ele eram horríveis.

As garotas a essa altura a odiavam, como Laura poderia dizer não a Douglas? Ou afastar ele quando ele a agarrava na frente de todos, ou quando tentava colocar a sua mão por baixo das roupas dela? Para as garotas de lá isso era frescura de Laura. Ele era o garoto mais popular e bonito, e com certeza se tornaria o traficante mais bem-sucedido daquela pequena cidade.

Mas Laura sabia que todo aquele meio social estava errado e ela não queria ser parte disso, muito menos queria isso para a sua vida. Foram essas e inúmeras outras razões que fizeram Laura desistir da primeira coisa em sua vida, a escola.

Ela sentia que se ficasse lá por mais tempo, acabaria em várias brigas com as meninas que ficavam cada dia mais cruéis com ela, ou pior, acabaria sendo violentada pelo seu próprio namorado tóxico e abusivo. Ela nunca daria a sua virgindade a um cara como ele, então ela fez o que ninguém nunca fez em sua vida, se preocupou com ela mesma e que se fodam eles.

Aos 16 anos sua mãe que já quase não falava com ela agora parecia a odiar, cada nova interação entre mãe e filha parecia carregar o peso de um passado cheio de arrependimentos. A expressão no rosto de sua mãe era de desdém e desaprovação constante. Ela se tornara uma fonte implacável de críticas e insultos, fazendo questão de lembrar Laura a todo momento que sua decisão de abandonar a escola havia sido o pior erro da vida dela.

Laura tentou explicar, inúmeras vezes, as razões que a levaram a abandonar a escola, mas a sua mãe nunca parecia entender ou se importar.

— Escola não é para ser um parque de diversões, você não gostava? E agora o que vai fazer? Você é uma irresponsável Laura! Nunca terá um futuro na vida, você nunca será ninguém.

As lágrimas corriam pelo rosto de Laura, enquanto ela lutava para se manter firme diante das palavras cruéis da sua própria mãe. Ela se sentia desvalorizada e rejeitada, como se sua própria existência não tivesse significado ou propósito.

Mas o pior de tudo não era isso, até porque Laura era esforçada o suficiente e já trabalhava em uma lanchonete da região, mas quando voltava para casa sua mãe raramente estava lá ou quando estava ficava o tempo todo bêbeda ou dormindo.

Entretanto, Rogério ficava o tempo todo lá. Ele não trabalhava e também não demonstrava interesse em tal feito, ficava quase o dia todo em frente a uma velha TV fumando e bebendo.

Laura nunca conversava com ele, porem desde quando ela deixou a escola percebia olhares dele para o corpo dela que a incomodavam muito, sem falar das vezes em que ele a observava do quarto, pela pequena abertura da porta, ele era repugnante.

Seu quarto não havia trancas, pois, a porta toda era precária e ela deveria se considerar com sorte o bastante por ter um quarto que fosse só dela. Ela se olhava no espelho e realmente havia se tornado uma bela jovem e muito atraente, embora ela mesma não pensasse isso. Laura odiava aquele lugar.

Com 17 anos ela já estava cansada de toda essa situação, apesar do seu trabalho na lanchonete estar indo bem. Quer dizer, se não fosse pelo gerente do local que tentava de toda maneira passar uma noite com a garota. Chegando a lhe oferecer propostas absurdas. Ele já havia demonstrado ser abusivo e passado dos limites diversas vezes, tocando seu corpo e a acariciando, embora Laura nunca tenha dado motivo para isso.

Laura sentia que ninguém da sua vida a respeitava, só a via como um mero objeto para ser usada e devido a sua inocência e jeito meigo era nítido que poucos ou até mesmo nenhum homem a havia tocado. Em um pacato dia, seu chefe a chama na sala e cruza o limite de todas as formas possíveis quando tenta beijar ela. Sua mão, com um movimento calculado, aproximou-se do rosto dela, buscando uma intimidade que não tinha permissão para existir.

— Me solte, o senhor disse que queria falar comigo, mas se não for a respeito do meu trabalho não estou interessada.

Laura disse firme, sua respiração se tornou irregular. Ela sentiu uma mistura de raiva e nojo pulsando em suas veias.

– Você não percebe que pode se dar muito bem aqui se for a minha amante? Você é jovem mas aposto que não é burra, olhe em volta, acha que o seu futuro será muito melhor que isso?

Ele fala ríspido e foi como se um clique despertasse nela, tudo isso era verdade, e o motivo de ninguém a respeitar era justamente por estar onde ela estava, esse bairro, essas pessoas, toda essa escassez e falta de opções. Foi então que ela pensou que não tinha nem mesmo um sonho, não almejava ser nada, estava totalmente sem perspectiva.

E enquanto ela pensava nisso seu chefe se aproxima e beijava seu pescoço.

– Vejo que finalmente entendeu sua situação aqui.

Ele sussurra em seu ouvido e continua a beijando, abre a sua blusa e acaricia seu corpo com um sorriso dissimulado. Laura se encontrava paralisada pela situação, qual teria sido o erro dela para essas coisas sempre aparecer em sua vida?

– Você é tão linda, e me excita muito garota. Você não se arrependerá disso.

Ele apalpa com gosto a sua bunda e isso faz o membro em sua calça ficar rígido, esfregando na saia que Laura usava, o típico uniforme do trabalho.

Ela então lhe vira um tapa na cara.

– Você tem razão, eu sou jovem mais não serei burra, se o meu erro é estar em um lugar assim, eu me demito!

Ele tenta a segurar pelo braço, mas ela lhe dá outro tapa seguido de um empurrão, e diz o quanto achava ele repulsivo e nojento.

- Você terá um salário melhor do que as outras, e tudo o que tem que fazer é me dar um pouco de diversão... - ele segurava Laura pelos braços e falava bem próximo da boca dela.

- Me solta! - ela tentava se soltar, mas ele era bem mais forte que ela. - Você quer diversão? Está aqui.

Laura usa o seu joelho para dar um chute no meio das pernas do gerente que solta ela na mesma hora se contorcendo de dor, e isso fez a garota ganhar tempo para literalmente fugir daquele lugar.

E foi assim que Laura desistiu da segunda coisa na sua vida, o seu primeiro emprego.

Ela tentava não passar muito tempo em casa, pois tinha medo de seu padrasto Rogério, sua mãe quando sóbria a tratava pior que antes e quando bêbada chegava a agredir fisicamente. A culpava por ter largado a escola, jogado o seu futuro no lixo, e agora a culpava também por ter perdido o seu emprego que era a principal fonte de renda daquela casa. Sem falar que criticava a maneira que ela se vestia e falava que ela estava se insinuando para Rogério.

Mas ela não tinha outras opções de roupas, já que tudo em sua vida era limitado, ela tentava ao máximo não usar nada curto demais ou decotado demais, embora uma pessoa deveria usar o que se sentisse confortável, ela não poderia se dar a esse luxo, pois seria condenada, a fazendo se odiar ainda mais.

Passava os seus dias na rua, em uma praça antiga abandonada, e mesmo quando aparecia alguns skatistas por lá eles não a incomodava, era um lugar perfeito.

Seus dias de trabalho na lanchonete lhe renderam dinheiro o suficiente para Laura comprar um celular relativamente bom, ele era o seu melhor amigo se assim podemos dizer.

Laura tinha uma conta no Twitter e Instagram, na qual seguia algumas pessoas influentes, cantores, atrizes e celebridades. O perfil dela era privado e ela postou apenas duas vezes, uma foto do céu ao final de tarde, e outra foto dessa velha praça esquecida pelo tempo.

Dentre as pessoas que Laura seguia, estava Sophie Lavie, uma CEO muito rica e influente, ela possuía pouco mais de 19 milhões de seguidores no Instagram, Laura tinha um afeto a mais por ela, pois Sophie morava em uma grande cidade e o melhor de tudo, ficava a apenas 6 horas de viagem de sua pequena e pacata cidadezinha. Diferente das outras celebridades que ela seguia que moravam em outro país.

– Ela vai começar uma live agora.

Laura se alegra e ouve a CEO dando uma palestra em algum evento importante, alguém sempre filmava essas palestras justamente para mostrar nas redes sociais e incentivar pessoas do mundo todo.

– Minha jornada não foi fácil, e não espero que seja fácil agora que alcanço muito mais pessoas, entretanto se tornou a minha responsabilidade. Assim como eu criei esta empresa sozinha desde muito jovem, cada um de vocês podem mudar o rumo de suas vidas a qualquer momento. Acreditem e não parem enquanto não alcançar o seu objetivo.

Assim ela encerra a live e Laura se sente inspirada.

Prestes a completar os seus 18 anos ela tinha certeza do que queria, não para a sua vida, mas para aquele momento atual.

Sair daquela cidade e apostar tudo em uma cidade grande.

Conheça Sophie Lavie

Sophie Lavie é uma jovem muito atraente. Mas o que mais chamava a atenção de todos sobre ela, não era apenas a sua beleza, mas seus feitos. Com apenas 12 anos ela começou a empreender, e entre fracassos e sucessos ela se encontrou ao fundar a empresa Lavie aos 16 anos, saindo em várias revistas como uma jovem empresária e influente. Ela nunca perdia a chance de desfilar nas passarelas mais renomadas e aproveitar para usar a sua aparência para se autopromover.

↡Sophie Lavie 16 Anos↡

Afinal ela nitidamente era muito linda e tinha plena consciência disso, e se pudesse usar isso para alavancar ainda mais a sua carreira e empresa ela com certeza o faria.

Mas nem tudo eram flores para a pequena Sophie, a sua relação com a família era tensa, para não dizer caótica. Eles sempre foram pessoas de muitas posses e ganancia. Sua mãe nunca disse-lhe que se sentia orgulhosa por nenhum dos seus feitos.

– Você quer os parabéns? Seus resultados rápidos são frutos das escolas particulares e cursos de línguas estrangeiras que venho pagando. Tenha consciência disso!

Era o que a sua mãe dizia ríspida para a garota de apenas 12 anos, e nunca perdia a chance de a criticar sempre que uma das suas ideias falhavam. Mas sua mãe sentiu uma ponta de inveja pela primeira vez quando a garota fundou a empresa Lavie.

Usar o nome da família era genial, ela se perguntava do porque ela mesma nunca havia pensado nisso antes.

A sua mãe era Marta Regina Lavie. Uma mulher poderosa e ex-cantora profissional. Ela viajou o mundo todo e fez muito sucesso com a sua carreira musical, mas já havia se aposentado e decidiu se tornar uma empresária, acertou logo de primeira ao fundar a empresa Pure Beauty sobre maquiagem, a mulher era um fenômeno.

O seu único mal era ser rígida demais, ela não admitia falhas, especialmente se fossem as falhas de sua única filha.

Mas a jovem Sophie havia deixado de se preocupar com o que a sua mãe pensava há muito tempo, agora com 18 anos ela só queria viver, com as suas viagens a trabalho, seus desfiles, entrevistas, conhecer lugares incríveis, esquiar na neve ou escalar uma montanha sempre que conseguia algumas merecidas férias, qualquer coisa era melhor que ir para casa e ver a cara da sua mãe julgadora.

O seu pai era a pessoa que ela mais adorava, eles tinham uma boa relação, ela tem memorias incríveis deles indo pescar ou acampar sempre que ele tirava as suas férias. Mas quando ela tinha apenas 11 anos ele sofreu um acidente que o deixou em coma.

Ele estava em um dos melhores hospitais do mundo inteiro, tinham uma rotina bem cheia com fisioterapeutas e várias enfermeiras que checavam diariamente o seu estado. Antes Sophie ia raramente visita-lo, agora ela parecia nem se lembrar da condição dele, ou se lembrar que algum dia já teve um pai tão afetuoso como ele.

Sophie com seu pai, na foto ela tinha 5 anos↡

Sophie acaba de completar 21 anos e pela primeira vez em muito tempo se lembra do seu pai, ele iria completar 10 anos em coma, sem nenhum sinal de melhora, talvez fosse melhor acabar com isso de uma vez por todas, ela pensava, ela até pensa em ir visita-lo, mas não queria acabar chorando.

– Não é como se ele estivesse vivo. – a jovem sussurra.

Ela acaba não indo e volta a se focar novamente na sua vida ocupada. A cada dia mais e mais revistas queriam marcar um horário com a jovem para entrevistas, programas de televisão a queriam nos ao vivo, marcas famosas a queriam nos eventos, ela estava a todo o vapor.

A sua imagem ajudava muito, rapidamente a jovem acumulava 15 milhões de seguidores no Instagram, a sua empresa estava indo muito bem e ela abre um enorme prédio da Lavie. Um prédio inteiro e várias filiais ao redor do mundo.

Carros luxuosos, aviões particulares, contratos, tudo que ela queria ela conseguia. É nesse estilo de vida luxuoso e de sucesso que a jovem completa os seus 22 anos.

E também é nessa época que ela descobre que a sua mãe estava muito doente, ela soube pelos parentes fofoqueiros que não perdiam a chance de comentar sempre que algo de ruim acontecia. Sophie nunca cogitou a ideia de ir visita-la ou ligar para ela, pois havia cortado esses tipos de laços há muito tempo, e hoje ela não ligava para mais nada que não fosse o seu precioso trabalho.

Logo a jovem acumulava 17 milhões de seguidores, comemorou em Paris, foi belíssimo. Para os 18 milhões que coincidiu com o seu aniversário de 23 anos, ela celebrou na Itália. O seu estilo de vida encantava os jovens e ela sempre deixava claro que todos poderiam chegar aonde ela chegou, ou ter as coisas que ela tinha.

Isso era algo que a tocava bem no fundo, já que a sua mãe sempre fez questão de dizer que ela só teve sucesso por ter o apoio dela. Sophie queria se desintoxicar disso e deixar claro que cada um faz a sua própria vida, quem tem algumas vantagens ótimo, mas quem não tem poderia muito bem conquistar tudo ou até mais coisas que ela.

Ela fez uma promessa que nunca ia ser igual a sua mãe.

E é pensando em coisas assim, incentivando jovens a chegarem ao sucesso e ajudando várias causas nobres que ela completa 24 anos. Sua conta no Instagram? Pouco mais de 19 Milhões.

Agora no auge do sucesso, ela já era uma mulher que conhecia cada canto do mundo, aquela aparência meiga de quando ela tinha 16 anos e fundou a empresa Lavie havia dado forma a uma bela mulher de semblante sério, maduro, inteligente, vivida e muito, mas muito experiente nos negócios!

Lauany: Olha só quem chegou, minha chefe preferida, Sophie Lavie!

Amanda: Bom dia senhorita Lavie!

Patrícia: Bom dia senhorita, como está linda hoje!

Lucas: Bom dia senhorita!

Sophie chegava no prédio da sua empresa e recebia os elogios e olhares admirados dos seus funcionários, com a sua rotina lotada eram raros esses momentos em que ela aparecia por lá.

A empresa Lavie trabalhavam com roupas de grife, maquiagem e também com jovens influencers, então era comum ver algum Youtuber ou Tiktoker famoso andando pelos corredores do local.

Sophie Lavie estava no seu escritório quando Nicolas, o seu melhor amigo e sócio entra no local.

– Sophy! Oh meus Deus, finalmente garota!

– Eu estava com saudades, Nick! Vem cá me dá um abraço.

– Amiga, nem me fale! Saudades estava eu, estava morto sem você aqui!

– Exagerado!

– Mas vem cá, me conte tudo sobre as suas viagens, trouxe-me presentes? Conheceu alguém?

– Consegui a parceria com a Savoir, aquela empresa de Paris!

– Não tente se esquivar, chega de falar de trabalho, me conte os babados, anda logo!

– Nick, trouxe muitos presentes para você e para os funcionários da empresa, e quanto a conhecer alguém...

– Ai meu Deus eu conheço esse olhar, me diga que você não ficou só pensando em trabalho a viagem inteira?

Ele juntava as mãos como se rezasse para algum Deus.

– Bem...

– Ai Sophy, você me enlouquece! Me diga qual foi a última vez que você teve um encontro de verdade?

– Mas e você hein, Nick? Eu quero saber os lucros da empresa, como você cuidou de tudo por aqui.

– Acordo! Eu falo os lucros e você me fala dos encontros!

– Pode ser, você começa!

Sophie Lavie cruza os braços aborrecida e batendo a ponta do pé no chão várias vezes na espera, como uma criança infantil, Nicolas era o único que agia dessa forma com ela, e se não fosse por ele, talvez Sophie nunca soubesse o que é ter um melhor amigo.

– Lucros aumentaram 97% setor de finanças contratou mais 12 pessoas, todos com excelentes currículos, e vejamos... Todos os influencers que recebemos bateram os seus primeiros 2 milhões de seguidores, por aqui nunca estivemos melhor! Agora você!

Agora era Nicolas que batia o pé no chão impaciente, meio que tentando copiar a mesma pose de Sophie.

– Hm... Mas deve ser todos os encontros ou apenas...

– Eu não acredito nisso!

– O quê?

– Você não teve nenhum encontro, não é amiga?

– Eu não preciso de encontro Nick, eu posso ser meu próprio encontro, sabia? Nick espera! Onde você vai?

– Você está de volta e eu vou sair, tenho um encontro com o senhor Martinez do setor de finanças, com licença.

Assim ele sai pisando firme e ela sorri com o seu jeito. Sophie não tinha se fechado para o amor, mas também não queria ficar forçando a barra em encontros com pessoas das quais ela não sentia nada. Ela queria encontrar alguém e no mesmo instante sentir algo, uma atração, e isso ainda não havia acontecido.

Mudança de ares

Vou dedicar a música Mirage da Owlle a este capítulo, que foi my best friend para escrever.

...****************...

Voltamos o nosso olhar para Laura Rodrigues que se encontrava no quarto, em um turbilhão de emoções. O cansaço acumulado de anos de uma vida insatisfatória a empurrava para uma decisão drástica. Ela olhava ao redor, encarando as paredes vazias e o ambiente sufocante, sentindo-se aprisionada em sua própria casa.

Ela fazia sua mala neste exato momento para ir para a cidade grande. A noite anterior havia sido o estopim de toda a sua angústia. Ao voltar para casa, Laura se deparou com o som das garrafas de álcool se chocando e o cheiro forte de bebida enchendo o ar. Rogério estava completamente entregue ao vício, e tentou agarrar Laura colocando suas mãos na cintura dela.

– Que merda está fazendo?

Ela o empurrou, mas ele insistia em toca-la.

– Vai se fazer de difícil agora? Eu saquei a sua garota, vi como me olha.

– Me solta! Você me conhece desde os meus 13 anos, é nojento!

– Mas olha para você agora, está uma baita gostosa.

Ele estava claramente bêbado, ou talvez fingia estar. Laura já pensava em se defender com a primeira coisa que encontrasse, ele avança e a abraça de maneira bruta. Foi quando a sua mãe aparece, bem neste momento. Rogério tentou se justificar, jogando a culpa em Laura. Ele ousou sugerir que ela estava interpretando mal a situação, e era apenas um abraço.

Laura explica a situação em lágrimas e com a voz trêmula, disse também que havia a alertado várias vezes que esse dia poderia chegar. Sua mãe além de não acreditar na versão da garota lhe vira um tapa na cara.

Laura não acreditava na atitude da própria mãe e saiu de casa chorando. Aquela noite ela dormiu na praça abandonada que vivia frequentando. E foi justamente nessa noite que ela se decidiu por completo, sabia que era hora de partir, de buscar uma nova vida, longe daquele ciclo de autodestruição.

Ela temia que se continuasse ali, além de não ter um futuro acabaria se dando mal nas mãos de Rogério, seu padrasto que a cada dia lhe lançava olhares de desejo e estava cada vez mais abusador. Por isso que antes mesmo de todos acordarem ela voltou para casa no dia seguinte e fez suas malas. Colocou só o necessário e logo sua mãe aparece.

– Quem irá trazer dinheiro para essa casa agora? Como você acha que eu vou comprar as minhas bebidas?

Sua mãe estava sóbria e de muito mal humor, ficou falando para Laura não ir embora, sempre tentando a fazer se sentir culpada pela situação em que viviam. Laura já no limite disso não falava nada, apenas continuava arrumando as suas coisas fingindo não ouvir.

Na saída sua mãe a segura pelo braço.

– Você acha que se sairá melhor do que eu? Se fizer alguma besteira por aí nem pense em voltar com um filho para eu criar ou com algum marmanjo para eu sustentar!

– Você é uma piada! Acha mesmo que em algum momento você agiu como uma mãe? Eu prefiro morrer na rua do que voltar para este inferno ou olhar na cara daquele demônio mais uma vez. Talvez algum dia se dê conta que perdeu a sua filha para um lixo de homem como ele. Adeus mãe.

Laura esbraveja em uma mistura de raiva e tristeza. Já no ônibus ela chorava, não por estar saindo de casa, mas pelo fato de sua mãe nunca a ter escolhido. Sempre a primeira opção para ela foi as bebidas e os homens de sua vida.

Ela lembrava dos dias que dizia não se sentir confortável com Rogério por perto e não gostava de como ele a olhava, sua mãe por sua vez nunca acreditou nela e ainda a culpava dizendo que ele agia assim porque ela se vestia como uma vadia.

Laura já estava com 18 anos recém completos e sua mãe nem se lembrou de seu aniversário, que era justamente hoje.

– Ela estava sóbria, e mesmo assim... Não se lembrou.

Ela chorava e abraçava a sua velha mochila de escola, com algumas peças de roupas, documentos e algum dinheiro. Tudo que ela precisava para recomeçar, pois sabia que merecia mais, que merecia uma vida plena e livre de abusos. E foi assim que Laura desiste da terceira coisa em sua vida, sua mãe, casa e cidade.

Partindo enquanto sentia o peso de suas escolhas e o futuro incerto que a esperava.

Chegando na cidade grande ela fica deslumbrada e admirada com tanta beleza. Ao atravessar a rua um carro quase a acerta, ela percebe que além de linda essa cidade também era perigosa.

– Bom, primeiro passo, achar um lugar para morar.

Ela começa sua busca e percebe que seria um pouco difícil, a maioria dos lugares pedia o primeiro aluguel adiantado e ela não tinha muito dinheiro, deveria guardar um pouco para comida também. Mas ela estava confiante que tudo daria certo.

Laura Rodrigues anda o dia inteiro e finalmente encontra um apartamento bem precário e o dono do lugar parecia ser um velho ranzinza, mas era perfeito já que ele não fazia perguntas e permitiu o pagamento somente no próximo mês.

– Pelo menos não terá ninguém para me encher aqui, será apenas por esse mês!

Era o que Laura Rodrigues dizia a si mesma ao entrar na porta de número 112 e trancar, sim! Agora ela tinha trancas na porta. Era algum progresso afinal.

O próximo passo era um emprego, mas como ela havia andado o dia inteiro e estava cansada da viagem, prometeu a si mesma sair no dia seguinte bem cedo.

No dia seguinte ela sai as 6:00 da manhã e começa sua busca, ela pergunta em várias cafeterias, lanchonetes, e restaurantes, fez entrevistas em dois deles que gostaram de sua aparência e diziam que ela poderia ser uma boa atendente ou servir os clientes. Ficaram de ligar de volta.

Quando era 13:00 horas ela para e come um salgado, estava sem nada desde quando acordou. Depois ela continua sua busca, indo agora em vários lugares de moda como lojas de roupas e de sapatos, arriscou entrar em algumas daquelas lojas chiques que vendiam relógios de luxo, mas apesar de ter uma boa aparência, as atendentes lhe olhavam torto devido as suas roupas velhas e cabelo bagunçado pela correria do dia.

Ela sentia a diferença no tratamento e se sentia envergonhada, por isso ela nunca se arriscou ir a alguma agencia de modelo ou algo assim, ela temia que alguém se aproveitasse de sua situação para a assediar e julgar. E para piorar ela não teria ninguém para a defender.

Mesmo quando sofria assédio de seu antigo chefe, nunca quis denunciar ele, pois sabia como as coisas funcionavam. As outras meninas falavam que isso nunca daria em nada, que ele já havia feito isso antes e mesmo outras o denunciando, ele sempre subornava os policiais e as garotas que saiam como culpadas interesseiras.

Ela imaginava sua mãe a criticando por ter seduzido o próprio chefe e o seu namorado, Laura sairia dessa história sendo a destruidora de lares, a vadia que ninguém iria querer por perto.

O melhor para todos era ir embora mesmo, antes que as coisas piorassem. Agora, ela não confiava em ninguém. Não podia dar chances a ninguém, a única coisa que ela sabia é que daria a volta por cima e seria bem-sucedida como Sophie Lavie.

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