Conhecendo a empresa

No dia seguinte, Laura acorda e estava sozinha naquela imensa cama, Sophie já estava totalmente arrumada quando saiu do banheiro.

－ Bom dia! Me desculpa não ter te acordado, você estava tão linda dormindo. Acabei agora, pode ir tomar um banho e coloque uma roupa bem bonita. Vou te esperar lá em baixo.

Sophie falava quase no automático, como se tivesse 1 milhão de coisas para fazer naquela manhã. Laura apenas sorriu do seu jeito ocupado de ser e, se apressou nos seus afazeres para não a atrasar, ela estava muito animada para conhecer a empresa Lavie.

Mensagem enviada: Nicolas, estamos a caminho, seja gentil e não faça perguntas pessoais.

Mensagem recebida: Tenho uma política de não ser inapropriado em nenhum momento, serei um ótimo anfitrião, Sophy! Estou super empolgado, não vejo a hora de conhecê-la!

Laura desce as escadas e estava deslumbrante, Sophie se perdeu nas palavras por alguns segundos, mas logo se recompõe e a recebe com um sorriso.

－ Vamos?

－ Sim! － Laura responde.

Chegando na empresa logo na entrada Laura fica encantada, ela não sabia para onde olhar. Aquele magnífico prédio enorme, as pessoas tão bem arrumadas e perfumadas, o ambiente, as luzes, a decoração, tudo ali parecia um hotel de luxo. Laura estava sem palavras e também se sentia perdida. Sophie percebia isso e naquele momento segurou na sua mão.

－ Relaxe, eu estou com você! Logo vai se acostumar.

Laura não responde nada, apenas continua segurando a mão de Sophie com força. Elas vão para o sexto andar, que era o andar que ficava as padarias, cafeterias, restaurantes, para todos terem um café da manhã, almoço e refeições em geral.

Muitos funcionários tomavam o café da manhã ali, era só entrar e se servir do que quisesse sem se preocupar em pagar nada, pois todo funcionário tinha os mesmos benefícios.

－ Você de fato se alimenta muito bem aqui! － Disse Laura.

－ Eu te disse! Depois que você se acostumar não vai mais querer sair daqui.

As pessoas cumprimentavam Sophie com gentileza e também aproveitavam para cumprimentar Laura com a mesma gentileza. Ninguém a julgava ou lhe lançava olhares maldosos, ela se sentiu acolhida.

Depois do café da manhã Sophie apresentou Laura para Nicolas.

－ Então você é a famosa Laura Rodrigues?

－ Eu não sou famosa. － a garota sorri.

－ É apenas uma formalidade, significa que você fisgou a mulher mais cobiçada de toda a indústria Lavie!

－ Nicolas! O que eu disse para não ser tão exagerado assim, hein?

－ Me desculpa, mas eu não resisti Sophy!

Laura apenas ria com a cena.

－ Tudo bem! Sim, é verdade que agora estamos namorando. Mas você está errado, Nicolas. A verdade é que foi a Sophie que me fisgou há muito tempo, por causa dela que eu vim para essa cidade, por causa dela que eu estou aqui conversando com você.

Laura falava exibindo com orgulho o anel entre os seus dedos. Sophie se espanta com essa resposta e dá um belo sorriso espontâneo. Nicolas tem a mesma reação de surpresa e abre a boca como se fosse dar um grito.

－ Eu adorei essa garota, vamos nos dar superbem! － ele disse.

－ É bom mesmo, Nick! Porque agora eu tenho uma reunião. Te vejo depois, tá bom? Nicolas vai te mostrar todo o lugar.

Sophie disse isso tão rápido dando um selinho em Laura.

－ Pode ir, ficaremos bem. － ela respondeu.

－ É vai lá amiga! Vou cuidar bem da nossa Laurinha aqui.

Nicolas fala dando o braço para Laura que entende e entrelaça o seu braço no dele, parecia que eles tinham voltado a fase escolar, onde andavam de bracinhos dados na hora do intervalo. Sophie apenas ria e seguiu para as suas reuniões e entrevistas.

O dia passava e Sophie ia de uma reunião até a outra, aconselhava jovens, fazia entrevistas ao vivo nas suas redes sociais. E quando ela percebeu já estava na hora do almoço, e ela fica ansiosa, pois ia se encontrar com Laura e ver se tudo ocorrera bem.

Nicolas separou uma mesa só para eles, nela estava Laura, Sophie, Diana e o próprio Nicolas.

Diana: Você é tudo que Sophie disse e mais um pouco, Laura!

Laura: Obrigada, Diana! Você também parece ser uma pessoa maravilhosa e bem animada, Nicolas me disse do dia em que ele assustou vocês duas.

Sophie: Em nossa defesa, estava de noite!

Diana: Exatamente! E estávamos sozinhas!

Sophie: Exatamente! － elas batem as mãos em um high-five!

Nicolas: Sozinhas? Eu pensei que estavam com... A madame dourada!

Laura: Quem é essa afinal? Ela realmente existiu? － ela ria, parecia bem à vontade com o grupo.

Nicolas: Bom, se ela realmente existiu eu não sei, mas a Diana aqui pode nos contar a história em primeira mão, já que foi o setor dela que inventou todas essas histórias sobre Fantasmas.

Diana: Sim, e quero deixar bem claro que foi exatamente isso que você disse, foi o meu setor, e não eu!

Laura: Quero ouvir a história!

Sophie: Vamos lá, Diana! Conte para nós. Eu já ouvi todas as histórias pelo Nicolas, mas ouvir em primeira mão por você seria uma honra.

Diana: Então lá vai, e não se esqueçam.... Foram vocês que pediram!

Ela faz algum suspense e limpa a garganta antes de falar bebendo um gole de seu suco natural, os demais se aconchegam na cadeira e se ajeitam enquanto saboreavam a sua refeição.

Diana: Acontece que, antes desse lugar ser o prédio da empresa Lavie, bem aqui era um orfanato abandonado. Mas antes era um orfanato que funcionava normalmente e ele era lindo por dentro com três andares. E junto com esses andares existiam somente três regras. Regra número 1 - Não converse nos corredores. Regra número 2 - Não sejam mal-educados com os mais velhos. E regra número 3... Nunca olhe nos olhos da Madame Dourada. Quem era ela? Vocês devem estar se perguntando, era a diretora do orfanato. Assim como todos ali, ela também já foi uma criança órfã, e ela nunca foi adotada. Ela foi deixada naquele orfanato quando tinha apenas 7 anos, e junto dela tudo o que foi deixado foi uma pequena mala de mão, com roupas todas em douradas. Por esse motivo, ela ficou fixada em usar somente roupas douradas, pensando que assim a sua família poderia a reconhecer quando voltassem.

Laura: Espera! Porque vocês têm medo da Madame Dourada? Na minha visão ela é uma pessoa que sofreu muito.

Diana: Pessoas temem aquilo que não conhecem, afinal a Madame Dourada quase não falava com ninguém e era muito reservada. Posso continuar contando?

Laura: Sim, claro! Me desculpe por interromper.

Diana: O que aconteceu foi que todos a via como uma esquisita, então ela nunca foi adotada. Mas isso não a deixava triste, era exatamente isso que ela queria, nunca ser adotada. Ela tinha certeza que a sua família voltaria. Anos se passaram, a Madame Dourada cresceu. Ela tinha um nome, mas poucos o conheciam, todos a chamavam pelo seu apelido Madame Dourada, Madame Dourada. Quando ela completou 21 anos, ela teoricamente não poderia mais continuar no orfanato. Então ela começou a trabalhar ali, era a conselheira das crianças, anos mais tarde se tornou a diretora do orfanato devido a sua eficiência e dedicação com o local. Mais alguns anos se passavam, crianças vinham e partiam, então a história volta para o começo, apenas três regras.

Sophie: Eu nunca me canso de ouvir essa parte da história.

Diana: Hum-hunrr!

Sophie: Me desculpa! Continue.

Diana: Porque não devemos olhar nos olhos da Madame Dourada? Disse uma das crianças órfãs. Shhh! Silêncio! A primeira regra é não falar nos corredores, sussurrou outra.

Laura começa a rir.

Laura: Me desculpa! É que é muito engraçado ver você fazendo as vozes das crianças, escolhendo até mesmo tons diferentes para cada uma, você conta histórias muito bem, Diana! Por favor continue.

Diana: Se você olhar nos olhos dela você nunca será adotada. Um dos poucos meninos ali sussurrou, ele era tão baixinho que quase ninguém o notava. Eis que nesse exato momento, a Madame Dourada se vira para as crianças. Todos da fila param e começam a fitar o chão. Eles estavam com medo. Mas ela não disse nada, apenas levou lentamente o seu dedo indicador até os seus lábios e fez um som de 'Shhh' virou o seu corpo para frente e continuou a andar. Você nunca iria ver ela gritando com as crianças, ou dando sermões a eles. Ela não fazia nada disso, mas apesar de tudo eles tinham medo. Porque na verdade, eles tinham medo de nunca serem adotados. Anos se passaram, a Madame Dourada ficou muito doente, e infelizmente morreu. Pois naquela época não tinham recursos suficientes para salvá-la. Entretanto, sempre que alguém falava ou até mesmo sussurrava naqueles corredores, eles ouviam um som de 'Shhhh' e então saiam correndo. Outras crianças viam ela pelos corredores, até que um dia o orfanato teve que ser fechado e as poucas crianças que restavam lá foram transferidas para outro.

Anos se passavam, e aquele lugar nunca mais voltou a funcionar. Crianças e adolescentes, até mesmo adultos, desafiavam uns aos outros a entrar no local à noite. Essa lenda tornou-se tão famosa na região que não demorou muito para as pessoas de outras cidades e até mesmo outros países viajassem apenas para entrar no orfanato abandonado. Dizem que alguns que entraram nunca mais saíram. Eles simplesmente, desapareciam. Por isso aquele local foi demolido, e por muito tempo o terreno ficou abandonado, até que a lenda se enfraqueceu, a maioria parecia ter se esquecido e viviam as suas vidas normalmente. Então muitos anos depois, foi construído o glamoroso prédio Lavie! E no terceiro andar, mais especificamente no setor administrativo, era exatamente aonde ficava o escritório particular da Madame Dourada.

Diana termina a história e todos estavam em silêncio. Era como se ninguém conseguisse dizer uma palavra sequer, enquanto Diana olhava satisfeita e com um sorriso nos lábios. Laura começa a aplaudir.

Laura: Uau! Eu adorei esse conto, e confesso que no final me deu um certo arrepio.

Nicolas: Sabia que iria adorar!

Sophie: Se o setor administrativo era o escritório da Madame Dourada, então ela tinha um escritório enorme!

Todos riem.

Laura: Mas ainda sim, eu não fiquei com medo da Madame Dourada. Ela foi a mais injustiçada desde o começo da história.

Sophie acha o jeito de Laura fofo e se aproxima dela e lhe dá um beijo no rosto. O que foi muito fácil já que Laura estava sentada bem ao seu lado na mesa. Todos em volta também acharam aquela cena fofa. O papo estava muito bom e agradável para todos ali, mas o horário de almoço já havia terminado há algum tempo e eles deveriam voltar a seus afazeres.

Diana: Eu vou indo antes que todos do setor administrativo percebam que eu não estou lá.

Sophie: Você fica até mais tarde várias vezes e eu sou uma das poucas pessoas que percebe isso, então não se preocupe tanto.

Diana: Por favor não comece, eu não quero ficar mimada.

Todos riem e Diana se retira do local voltando para as suas tarefas.

Nicolas: A gente também vai indo, vem vamos Laura. Eu quero te mostrar o nosso jardim suspenso, ele tem esse nome porque fica no topo do prédio. Lá você vai conseguir ver as nuvens, a cidade, é uma vista linda, e pode descansar do almoço!

Laura se levanta para acompanhar Nicolas, mas Sophie a segura pela cintura e lhe dá um longo beijo.

－ Eu te amo. － disse Sophie.

－ Eu também te amo.

Laura segue caminho com Nicolas, e Sophie fica muito feliz por ela ter se dado tão bem com os seus amigos, como se de alguma forma ela já fizesse parte daquele meio. O resto do dia passa sem nenhuma novidade para Sophie e quando ela menos percebe já havia terminado todos os afazeres do dia. A sua versão antiga optaria por continuar ali no escritório, trabalhando até que todos fossem para as suas casas. Mas, essa nova versão já estava feliz o bastante com o desempenho do dia e queria muito ir para casa com Laura.

E lá estava ela, tomando um Milkshake com Nicolas enquanto riam de algo que parecia muito engraçado, aquela cena deixava o coração de Sophie mais aquecido.

－ Nick! Obrigada por cuidar tão bem dessa pessoinha tão especial para mim. Eu vou pegar ela de volta para irmos para casa.

－ Sophy! Nem precisa me agradecer, hoje o dia foi muito divertido graças a ela.

－ Obrigada por me mostrar tudo aqui na empresa Nicolas, eu adorei!

－ Eu quero que você volte mais vezes, e quando vier, por favor me chame de Nick!

Ele dá uma piscadinha para ela, e todos vão para casa.

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