Insegura

André, enquanto rastela o jardim, decide que precisa ir ao presídio, a qualquer dia, fazer uma visitinha. Quer ver se descobre alguma coisa sobre a morte de Math, saber se tem alguma conexão com a morte de Suellen. A perícia não está ajudando muito. Ele precisa cessar seus pesadelos, e a única forma, acredita ele, é resolvendo tudo isso o quanto antes. Pois esse caso já estava particular. E ele sentia que fazer algo antes que alguém próximo dele morresse.

E isso o deu medo.

Nycie se aproxima da casa dos pais de André. Ela desce do carro, vai até a porta e aperta o interfone.

– Oi, posso ajudar?

– Oi, dona Meuri, é a Nycie!

– Oi, Nycie! Vou abrir, mas nada de dona, só Meuri, meu bem! – Ela aperta o botão e segue para a porta.

– André não está, mas venha, entre. Eu preciso mesmo ter uma conversinha com a senhorita! – diz Meuri, estendendo o braço, dando passagem à Nycie.

– Cadê a Ingrid? – Nycie pergunta ao entrar.

– Está lá na sala, vamos lá.

Ingrid brinca no cercadinho, e quando percebe a presença de Nycie, se levanta resmungando, pedindo colo. Nycie não hesita e logo a pega, lhe dando um beijo nas bochechas, sentando-se no sofá que Meuri lhe oferece.

– No sábado o André foi para sua casa? – Meuri indaga. Nycie fica sem reação, pensando em como ela foi direta em sua pergunta.

– Bem, Meuri…

– Não precisa ficar sem graça, tenho meus motivos para desconfiar. Acho legal que vocês queiram ficar juntos, só não entendi o porquê ele voltou no sábado mesmo. Ele acha que não sei, mas eu ouvi quando ele chegou.

– Olha, não sei o…

– Antes que você me diga, quero te falar uma coisa. – Meuri faz uma pausa e se inclina no sofá, ficando de frente para Nycie. – Se você sente algo pelo meu filho que não seja amor, peço que se afaste dele. – ela respira fundo, com as mãos unidas e continua:

– Meu filho sente algo bom por você e não quero que ele sofra, pois já sofreu muito, não quero mesmo que ele sofra mais. Ele e minha neta são a minha razão de viver. Gosto muito de você, Nycie, não me faça odiá-la. – Nycie fica incabulada, porém não diz nada para não a interromper.

– Agora, se o seu sentimento for o mesmo que o dele, só espero que vocês sejam felizes e se respeitem. Nunca jogue na cara do meu filho que ele é inferior a você, só porque não teve sua sorte. Ele é muito mais do que qualquer diploma. Teve os problemas dele, mas nunca deixou de ser honesto e digno de respeito. – Meuri respira fundo ao terminar , enquanto Ingrid, brinca ao seu lado.

Nycie fica sem saber o que dizer, nunca pensou nele com inferioridade. Desde o primeiro dia em que o viu, ela sabia que ele era especial, diferente, não por seus problemas, mas por sua essência. E foi o que ela disse à Meuri, que ficou muito contente em saber que o sentimento de Nycie é recíproco.

– Agora, o motivo de ele ter voltado naquela mesma noite, foi porque Adrian, o investigador, recebeu uma mensagem importante. Ele e Wilham foram lá em casa para me contar algo que aconteceu e precisaram ficar de vigia. Eu não queria que eles vissem o André porque isso poderia prejudicar seu julgamento no dia da audiência, então, se existe um sentimento, de seu filho por mim, como eu tenho por ele, teremos que esperar… ou ele terá que procurar outro advogado, se essa já não for sua vontade. Foi o que deu a entender, naquele dia, lá em casa. – Ela passa a mão nos cabelos de Ingrid. – Por isso vim aqui hoje, para falar com ele sobre isso, e também para dar os pêsames, pela morte de Suellen.

– Sim, uma lástima. Ela não era para ele, mas eu não a odiava, coitada. – Meuri faz uma pausa, ponderando a próxima pergunta. – Essa coisa que foram te dizer, é algo grave? Por que eles tiveram que vigiá-la?

– O que posso lhe dizer é que, infelizmente, é confidencial. Mas não quero que se preocupe, ok? – Nycie afaga a mão de Meuri.

Meuri se levanta para fazer café e chá e Nycie a acompanha até a cozinha. Em seguida, ela ouve o portão se abrir e olha pela janela, é André entrando com um Ford fiesta 2008, ele havia saído mais cedo e comprado, um carro simples, mas dele. O coração de Nycie dispara, as borboletas de sua barriga começam a dançar novamente.

– Filho, que gracinha de carro! – Meuri diz ao sair pela porta da cozinha para ir de encontro ao filho. Nycie permanece na cozinha com Ingrid.

– Oi, mãe, obrigado. – Ele curva o canto da boca. – Mãe, Nycie está aí? Vi um carro que parece ser o carro dela.

– Sim, está lá na cozinha com Ingrid, as duas até parecem mãe e filha!

– Mãe, pare com isso, você nem sabe se ela gosta de criança.

– Ah, filho! Nem cego negaria! – Os dois entram e Ingrid já desce do colo de Nycie e vai em direção ao pai.

– Nossa, ela já está andando bem, hem! – Nycie diz, na tentativa de quebrar o gelo, começar um diálogo.

André se agacha e dá um beijo na filha, e, ao se levantar, passa por Nycie. Por um segundo, ela pensa que ele vai lhe dar um beijo, mas ele desvia. e a mãe dele segura as mãos da netinha.

– Vou tomar banho e já volto para conversarmos. – Ele segue pelo corredor e entra em seu quarto.

Nycie e Meuri se olham, o rosto de Nycie, ruborizado.

– Vá lá, o espere no quarto! – oferece Meuri. – Vem com a vovó! – Ela pega a neta no colo e pisca a Nycie, que não sabe se deve ir ou não.

Sem graça, ela fica encostada no batente da porta, que está entreaberta. Ele sai do banheiro com uma toalha enrolada na cintura, logo abaixo do umbigo. Nycie quase tem um piripaque de tanta vergonha, por estar na casa dos pais dele, espiando o filho. Ela vira o rosto, tentando não olhá-lo e as imagens da noite de sábado surgem em sua mente, atormentando-a.

– O que faz aí? Entra. – André oferece, abrindo a porta. Nycie coloca a mão no peito, na altura do coração, tentando se acalmar. O órgão parece que vai sair pela boca.

– Entre! – ordena. Nycie entra, tentando olhar em outra direção que não fosse o corpo dele, disfarçando sua vergonha. – Não tem nada aqui que você já não tenha visto. – Ele tira a toalha e Nycie quase não resiste a tentação de pular em seu colo. Ela respira fundo e conta até dez. Então, quando abre os olhos, ele já está com a cueca boxer.

– Bom, vim dar meus pêsames. Fiquei sabendo que Suellen faleceu e… como você sumiu, vim saber se você não quer mais… que eu seja sua advogada. – Nycie pondera as palavras.

André se senta na cama.

– Eu quero, mas também quero outra coisa, então, me diga você… o que você quer ser? Minha advogada ou minha companheira? – inquire, olhando atentamente nos olhos de Nycie.

– Será que não podemos esperar um pouco? Eu não quero apressar as coisas e se você trocar de advogado agora, não será muito legal para seu caso. – Nycie se vê abalada com as próprias palavras.

André se levanta da cama e abre a porta, apontando a saída.

– Te vejo no tribunal. – Ele abaixa a cabeça, desviando do olhar marejado de Nycie.

– André, eu quero, e muito! Mas… me preocupo com as consequências, não por mim, mas por você!

– Já disse, te vejo no tribunal – diz com expressão dura, evitando olhá-la.

Nycie se retira do quarto, se sentindo tão mal que nem consegue se despedir de Meuri e Ingrid. É como se o mundo tivesse caído.

A visita dela em seu quarto o surpreende, porém ele não quis demonstrar.

Ele percebe a química completamente espontânea, não só a carência de uma paixão.

Assim que ela entrou ele recorda de sábado, pensou instanciado sentindo-se realizado, Nycie foi o procurar, porém Nycie dá um banho de água fria, quando disse que não poderia, teria que esperar.

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Comments

Mariane Oliveira

Mariane Oliveira

grosso

2024-12-11

0

Tania Maria

Tania Maria

ogro

2024-04-18

0

Marcia Rosanova

Marcia Rosanova

Êle eztá sendo irracjonal....ela só disse que quer um tempo.... até êle ser libertado... não quer prejudicá-lo!!!!! ahhhh santa paciência!!!! kd vc ????

2023-06-22

3

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