Na Creche

Adrian está em casa vendo TV com sua esposa, quando seu celular toca. Ele pega o aparelho na mesinha de canto, ao lado do sofá, e faz uma careta.

– O que foi, querido? – pergunta a esposa, curiosa. Ele não gosta de comentar sobre os casos do trabalho com ela, não mistura o lado profissional com o particular.

– Nada, meu bem. É do serviço – responde carinhosamente e dá um beijo na têmpora de sua esposa, retirando-se da sala e seguindo para o corredor da casa, onde lê a mensagem.

“Quero avisá-lo que o assassino atacará de novo!”

Mas que merda é essa?! – Ele segue para seu escritório, entra no sistema da polícia e tenta registrar o número para encontrar a localização. Mas nada encontra. – Na certa, a esta hora, já deve tê-lo destruído. Quem será a próxima vítima? Oh, droga! Nycie! Tenho que mandar Wilham para protegê-la. E eu também vou! Só que vou sem ninguém saber. – Adrian não confia em mais ninguém, pode ser qualquer um agora.

...………………...

Depois do momento de amor que Nycie e André tiveram na cozinha, ela o levou para o banheiro. Tomaram banho de banheira e lá, fizeram amor de novo.

Nycie esquenta a refeição, o silêncio se faz presente desde que seus corpos se separaram. Nenhum dos dois quer dizer algo que possa quebrar o clima, sabem que se um dos dois abrir a boca, tudo termina ali. Nycie é ciente de que ele é seu cliente, e que o prejudicaria no caso. Na verdade, ele também sabe disso, pode ser condenado a passar o resto dos dias na cadeia. O que poderia oferecer a ela se isso, de fato, acontecesse?

Eles continuam em silêncio, até que o celular dela toca. Nycie pede licença, se levanta e pega o telefone sobre o balcão da cozinha, seguindo para a sala. – “O que Adrian quer a essa hora?” – pensa ela, franzindo o rosto.

– Alô.

– Nycie, você está em sua casa? – Adrian pergunta, agitado.

– Sim, por quê?

– Eu e William estamos indo até aí! Não abra a porta para ninguém! Quando chegarmos, explicamos tudo a você.

“Eles virão para cá?! Mas o que será que aconteceu? Eles vão descobrir que estou com André, e isso vai comprometer seu julgamento… preciso mandá-lo embora.” – Nycie pensa. Ela não quer isso, afastá-lo dessa forma. Mas é o correto a fazer.

André escutou quando Nycie falava com alguém e se sentiu ameaçado, mas não sabe ao certo o motivo. A sensação de ciúmes, talvez. Ele a espera por mais um momento, mas, vendo que ela não volta, se levanta e vai ao seu encontro.

– Quem era? – André pergunta, encucado, aparecendo de relance na sala. Nycie o encara.

– André, não sei o que te dizer, mas…

– Não precisa me explicar, já entendi o recado, estou indo. – Ele se vira para sair mas Nycie o segura pelo braço.

– Espere! – Seja lá o que ela tem para falar, ele não quer ouvir. Eles já haviam feito o que ambos queriam, não precisa de explicações.

Ele puxa o braço e se retira em direção à porta. Com a mão na maçaneta, ele olha para trás.

– Você cozinha muito bem, estava tudo delicioso, mas termina aqui. Boa noite. – Assim, abre a porta e se vai.

Nycie não diz nada, mas uma lágrima rola de seus olhos. – “O que ele quis dizer? Que não vamos nos encontrar mais, intimamente, ou que ele não quer mais me ver?” – De repente, Nycie sente um vazio em sua alma ao pensar nessa possibilidade.

André entra no carro e soca o volante. Olha no banco do passageiro onde havia colocado a roupa que saíra de casa. Ele havia passado em uma loja para comprar uma roupa mais elegante, queria ficar bem apresentável para ela, à sua altura. – “A quem estou enganando?” – pensa, consternado.

Assim que André chega em casa, guarda o carro da mãe na garagem, fazendo planos de comprar o seu próprio carro já no início da semana, pois não quer ficar usando o carro dos pais.

Já é tarde, ele entra sem fazer barulho e segue para o quarto da filha que dorme sossegada. Ele se agacha e tira uma mecha de cabelo do rosto de sua garotinha, lhe fazendo carinho.

– Você vai ser brilhante, minha filha. Papai não vai deixar ninguém te fazer mal, papai te promete! – Assim, se levanta, dá um beijo em sua cabeça, e vai para o seu quarto.

O final de semana acaba e não foi como a Nycie e André planejaram. Já é segunda-feira e André já está a caminho da creche. Quando chega, vai até a diretoria para saber quais serão suas tarefas. A diretora Tereza, encarregada dali, lhe dá o cargo de zelador. Encantada com a beleza de André, ela observa com atenção e interesse o corpo dele, que não é muito forte, mas que tem os músculos bem definidos.

🚫ATENÇÃO Capitulo sensível, pode conter gatilho para pessoas sensíveis ao fato. 🚫

Depois de horas de trabalho, André nota uma criança triste, que está num canto do parque da escolinha. Aquela criança faz com ele se lembre dele mesmo, então, decide se aproximar, devagar, agachando-se próximo a ela, observando-a. Ela recua, e ele vê medo em seus olhos. Sem disfarçar, ele fecha as mãos em punho. – Essa criança ainda parece ser mais nova que ele, quando fora abusado. – Então, ele decide ajudar a menininha. Tentando conquistar sua confiança, ele abre as mãos e as coloca espalmadas no chão.

– Veja, minhas mãos estão no chão, não vou te machucar – diz com voz meiga mas firme. A menina o encara.

– Tem alguém que te faz mal? – A menininha balança a cabeça, afirmando.

– Você o conhece? – Ela começa a chorar. – Ele te disse que não podia contar para ninguém?

– Aham – ela responde, encabulada. André se afasta um pouco, olha para os lados e se senta no gramado.

– Eu, quando era pequeno que nem você… também me fizeram mal. – Agora a menininha olha com interesse para André, começa a confiar no homem.

– E o que você fez? – ela pergunta, quase em sussurro. Ainda chorando, limpa o nariz com a mão.

– Contei para minha mãe – mente ele.

– E o tio Roberto, não te fez mal? – Ela diz o nome como se fosse ele quem lhe faz mal.

“Tio? Será algum parente ou um homem que gosta de ser chamado de tio?” – pensa André.

– Não, porque não foi ele que me fez mal. Quem me fez mal foi para a cadeia, minha mãe o entregou à polícia. Você tem que contar para sua mãe ou para seu pai, que será seu herói.

– Então, tem dois? – A menina conta nos dedos, mostrando a ele.

– O que está fazendo aí, André? – Teresa pergunta, já próxima a eles. – Tem umas caixas que preciso que você carregue – pede ela. André se levanta e olha para a menina.

– Você vai contar, né? – André a encoraja. Ela também se levanta e segura a mão dele. A diretora não entende porquê a menina, depois de ter feito sete anos, começou a ficar arisca e tímida. Não conversa com ninguém além de um coleguinha que não foi hoje.

– Sim! – responde, animada.

– Emília, por que não está na salinha? – pergunta a diretora. A menina dá de ombros e segue para sua sala.

– Há quanto tempo ela vem para cá?

– Por que o interesse, André?

– Uma suspeita – responde ele.

A diretora não compreende, mas responde.

– Desde os seis meses de idade. A mãe dela é solteira e trabalha de domingo a domingo para sustentar os filhos, um casal. – Teresa aproveita que está conversando com André e passa a mão em seu braço para sentir se é forte, se seus músculos são duros como parecem. André fica incomodado e se afasta.

– Quem a busca em casa para trazê-la para escola? O irmão dela também fica aqui na creche?

– Olha, não sei qual é o seu interesse, mas vou te dizer… não é legal bisbilhotar a vida dos alunos.

– Nem se for para salvar uma garotinha?

– O que quer dizer com isso, André?

– Há quanto tempo ela mudou seu temperamento?

– Como sabe? Você só tem um dia de serviço.

– Vamos dizer que seja por experiência. Você conhece o tio Roberto?

– Ele é o motorista da kombi que traz as crianças para escola no período da tarde.

– Taí a mudança da criança.

– Não vá me dizer que… Oh, meu Deus! – A diretora fica chocada ao entender de que se trata as suspeitas de André. Já havia escutado tantas barbaridades feitas com crianças, mas em sua escolinha…?

Ela decide conversar com Emília.

Mais populares

Comments

Nete Roque

Nete Roque

aí da bem que assiste anjos

2022-07-04

3

Stephany Ricarte

Stephany Ricarte

torcendo para que essa ai seja diferente da realidade.

2022-07-01

1

Stephany Ricarte

Stephany Ricarte

menina pareceu a fala de uma diretora ai... dizendo que era pra Prof Stephany cuidar da vida dela🤐

2022-07-01

2

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!