Capítulo 16

São Paulo está bem mais agradável que Florianópolis e tiro meu casaco no aeroporto. O carro leva minha mãe e depois me deixa na porta da minha casa. Entro e o silêncio me saúda.

Vou para a cozinha e preparo algo para comer. Sento em um dos bancos altos e fico mastigando meu sanduiche lentamente pensando que só se passaram três dias e estou sentindo saudades de uma mulher com quem nem dormi.

Dou risada da situação e depois de comer, lavo o prato que usei. Caminho para meu quarto.

A casa vazia me deixa ainda mais solitário e penso que talvez uma festa com meus amigos seja uma solução viável.

Logo vou esquecer...

 

Já faz um mês que voltei para São Paulo e estou trabalhando freneticamente em um novo projeto de habitação. Isso está me custando horas de sono pois o local onde sertão feitas as obras tem terreno irregular.

Passo grande parte da tarde e começo de noite trabalhando no projeto. Quase todos os dias compareço a festas, jantares ou shows. Nunca me sinto sozinho.

Até o momento que entro pela porta da minha casa. Nesta hora vejo que o mundo não faz companhia a ninguém. Acabo dormindo de manhã em estado quase de coma.

Estou adormecido e meu celular não para de tocar. Estendo a mão e agarro o aparelho que está sobre a mesa lateral e atendo ainda de olhos fechados.

- Ivan? – ouço a pergunta de minha mãe.

- Oi mãe. – falo e me viro de barriga para cima e retiro o lençol que está enrolado na minha cintura.

- Ivan, você tem compromisso hoje. Jantar as sete da noite na minha casa. Não se atrase! E não me traga aquela intragável da Rebecca com você. – ela fala.

- Qual o motivo deste jantar? – pergunto e bocejo.

- Estou recebendo duas pessoas queridas que ficarão na cidade por dois meses. Quero que venha do jeito que for mas não se atrase.

- Certo, estarei ai no horário marcado.

- Te amo filho.

- Também te amo Catarina. – respondo e escuto sua risada ao desligar.

Resolvo levantar e comer alguma coisa antes que passe mal por ficar mais um dia sem me alimentar. Sinto meus membros entorpecidos pela bebedeira da noite anterior.

Assim que piso na cozinha vejo que não voltei para casa sozinho. Rebecca está no fogão preparando algo para seu café da manhã.

- Bom dia garanhão. – fala com sua voz sensual e se aproxima para me beijar.

- Bom dia. – respondo e a seguro pela cintura – O que está fazendo de bom?

- Panqueca. – responde e se solta do meu aperto enchendo dois pratos e colocando um na minha frente.

Vou até a cafeteira e me sirvo de uma xícara de café. Ela fica falando sobre sair para comprar uma roupa para alguma festa mais tarde. Ergo a cabeça e solto a novidade:

- Não posso. – falo de boca cheia – Tenho jantar na casa da minha mãe.

Ela me olha e quando pensa em falar que vai junto já emendo uma desculpa.

- E não posso levá-la pois será algo familiar. Apenas Enzo, Bruno, Bárbara e eu. – ela me olha magoada e continua a comer – Se quiser vá à festa, assim que acabar o jantar vou encontrá-la. – falo para amenizar.

- Só não entendo porque não posso ir se a Bárbara também vai estar lá. – fala

- Rebecca, ela é mulher do Bruno.

- E estamos juntos tempo o suficiente para você me apresentar como sua namorada a sua família. – solta

Fico com o garfo a meio caminho da boca olhando para ela e pensando como dizer que esse relacionamento não é assim tão sério quanto ela pensa.

Noto que a culpa é minha, depois de uma semana do meu retorno de Florianópolis passei quase todos os dias com ela.

Me recrimino por ter permitido isso e deixo o garfo descer até o prato e olho em seus olhos castanhos escuros e decido falar.

- Bem, talvez esse não seja um bom momento. – falo e ela me olha com uma expressão de dúvida e mágoa.

- Vou para casa e depois me mande mensagem para confirmar sua ida à festa. – pega o prato e joga o resto das panquecas no lixo. Caminha para o andar de cima e depois só ouço a porta da frente bater.

 

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Comments

Lena Macêdo E Silva

Lena Macêdo E Silva

é o geralmente algumas pessoas fazem ficam com alguém até dispensar ou deixar como reserva para algum momento próximo ou distante voltar a usar ou dispensar definitivo ou transitório.
alguns usam como depósito de esperma e muitas se deixam ser usadas como depósito. conclusão somos o que permitimos ser .
muitas vezes nos permitimos destruir outras construir, cabe a cada um optar e sofrer as consequências de nossas escolhas boas ou ruins.

2022-08-10

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