Capítulo 15

Afasto seu corpo do meu e olho em seus olhos. Ela fala sério. Observo seu rosto e volto a seus olhos.

- É isso que quer? Que não fale com você? Bem, não se preocupe, assim que chegarmos a Florianópolis você poderá seguir sua vida. Estarei voltando para minha cidade. Até lá acho que consigo suportar a sua presença e você a minha.

Ela esconde o rosto em meu pescoço e sinto algumas lágrimas escorrerem por meu corpo mas logo cessam. Preciso ser duro com ela.

Reparto o que compramos com mais algumas crianças. Depois de quase cinco horas de viagem chegamos a frente do hospital. Ela ainda fica esperando todos descerem e sinto seu afastar lento.

- Bem, hora de dizer adeus, certo? – fala

- Que merda garota! – falo e seguro seu rosto com as mãos moldando sua face com carinho.

Aproximo meus lábios e roço levemente os seus. Ela se afasta antes que consiga aprofundar o contato e deposita um beijo em meu rosto.

- Vamos, antes que Mikaella me deixe para trás. – fala e sou obrigado a levantar, pegar minha bolsa e ela a dela.

Sinto minhas pernas pesadas e um aperto no peito. E começo a fazer um mantra dizendo o tempo todo: “Somos apenas amigos. Nada além de amigos”.

Ela vai em direção a Mikaella que se despede de meu irmão, de minha mãe e olha na minha direção dando um sorriso.

Ela abraça os dois e quando me aproximo ela estende a mão. Quando seus dedos abrigados na luva apertam os meus ela sorri.

- Nos vemos em outra hora. Bom retorno para casa. – fala e já vira caminhando em direção ao táxi que a espera.

Minha mãe se aproxima e me olha atentamente questionando:

- Vamos Ivan? Precisamos pegar nossas malas no hotel e temos que enfrentar o aeroporto ainda.

- Quer voltar hoje? – pergunto

- Você tem compromisso amanhã cedo. Lara está preocupadíssima com isso.

- Então vamos. – falo e sigo com ela para o carro que nos aguarda.

Arrumando minhas malas percebo que não tenho nada dela. Nem telefone de contato, endereço, facebook, twitter ou sinal de fumaça.

Passo meus dedos pelos cabelos e me conformo. Deixo minhas malas na porta e desço para encontrar minha mãe.

Ela está tomando chá numa sala reservada e sento a seu lado roubando um dos biscoitos que estão a sua frente.

- Seu irmão está atrasado.

- Ele sabe que temos horário, mãe. Não vou paparicá-lo. – respondo

Vejo Lara se aproximar e nos avisar que o carro já está esperando.

- Lara ligue para o quarto de Enzo e mande-o descer, por favor. – minha mãe pede.

Ela vai até a recepção e retorna minutos depois.

- Vamos? Ele já está descendo. As bagagens já estão acomodadas no carro. – sigo atrás dela e entro no caro logo depois de minha mãe.

Lara se acomoda e meu irmão entra acelerado.

A viagem é rápida e apenas temos que esperar a chamada. Quando embarcamos sinto que algo ficou para trás mas empurro essa sensação para o fundo do meu coração.

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