Capítulo 12

Escuto seu pequeno suspiro e olho para seu rosto. Ela é o tipo de garota que você vê uma única vez e que fica gravada em sua retina.

Observo as ondas do seu cabelo ruivo cair por suas costas. Uma cascata que se torna irresistível ao toque. Seus cílios são longos e curvados, velando olhos azuis esverdeados.

A pele é como alabastro, clara e cremosa. Passo a ponta dos dedos por sua face e vejo pequenas sardas em suas bochechas e nariz. Um nariz arrebitado e pequeno.

“Que droga!” – penso e tento sair do seu lado, mas ela geme sentida e me sinto impotente para largá-la depois do pesadelo. Enrosco minha perna na sua e com cuidado arrumo seu corpo e deito sua cabeça sobre meu peito.

Suas mãos ficam sobre meu corpo e coloco um braço atrás da cabeça e lembro como ela estava encolhida no ônibus. De como fiquei tocado e fui abraçá-la para que não tivesse hipotermia.

Minhas desculpas são idiotas e apenas mascaram meu desejo de sentir seu cabelo de encontro aos meus dedos e seu cheiro. E que cheiro!

Fecho os olhos e posso sentir seu odor em volta, me marcando cada vez mais. Sinto meu corpo responder a isso e faço de tudo para me acalmar.

Ela se mexe inquieta e passo meus dedos por seu rosto, vejo suas pálpebras mexerem e sei que ela está sonhando de novo. Aperto seu corpo e vejo a tensão a abandonar lentamente.

O que pode ter acontecido? Quais são os fantasmas que assombram suas noites?

Acabo deixando o sono me levar e a sensação do seu corpo quente me leva para um sono sem sonhos. Tranquilo.

Acordo com um cutucão no braço e abro meus olhos para dar de cara com Enzo rindo de como estou.

- Parece que as coisas foram boas ontem. – fala rindo.

Não preciso olhar para sentir seu corpo ainda de encontro ao meu.

- Não é o que está imaginando. – falo e ele ergue as mãos num gesto de “tudo bem”

- Só vim avisar que as estradas estão interditadas ainda. Previsão de saída: após o almoço.

- Que horas são? – pergunto

- São oito horas da manhã. – responde.

Dou um gemido e volto a deitar minha cabeça no travesseiro.

– Porque não cai fora e me deixa dormir mais um pouco?

Ele ri e sai calmamente.

Fico de olhos fechados e sinto meu corpo tenso, com cuidado a coloco deitada e vou ao banheiro. Quando retorno, fico pensando se volto a me deitar a seu lado ou se devo ir para minha cama.

Estou quase na minha cama quando escuto o primeiro gemido. Vou até sua cama e vejo as lágrimas escorrendo por seu rosto, olhos fechados. Deito e puxo seu corpo de encontro ao meu e ela fica assim até que sinto sua respiração denunciar que ela está acordada.

Ela vira lentamente e tiro uma mecha de seu cabelo do rosto. Seus olhos estão quase cinzas e ela tenta sorrir mas não é algo tão fácil.

- Só poderemos sair daqui depois do almoço. Há neve na estrada ainda. – falo.

Ela acena confirmando e sua mão se apoia no meu peito.

- Obrigado por ontem. – fala – Eu não pensei que poderia voltar depois de tanto tempo. Acho que foi devido à apresentação.

- Porque dançou uma música que te traz tantas lembranças tristes? – pergunto

- Eu dancei por amar a música. – ela fala, ergue seu corpo e passa por cima de mim e pega seu celular e mostra que todos os seus toques tem essa música.

Dou risada e ela sorri, mas seu sorriso se apaga lentamente.

- Um dia algo aconteceu e fiquei com medo de dançar novamente. Eu trabalhei tanto em cada compasso que quando fui me apresentar não pude...

- Quer dizer que esta música a seduziu?

Ela ri e se afasta ligeiramente. Sinto como se algo faltasse.

- Posso perguntar uma coisa? – ela fala e apenas concordo – Você trata todas as mulheres que conhece assim? As despreza no começo para agradá-las depois?

Olho para ela e fico observando seus olhos que agora já estão num tom de azul com pequenas manchas amareladas. Vejo sua pupila dilatar e ela passa a ponta da língua pelo lábio inferior.

Ela percebe minha hesitação e dá um sorriso.

- Esquece Bittencourt. Não precisa responder. – ela levanta e vai até o banheiro e retorna com os cabelos presos num coque frouxo e se deita ao meu lado novamente.

Pego seu cabelo e solto uma mecha e fico puxando enquanto ela mantém seus olhos fechados, de bruços ao meu lado. Alguém bate a porta e ela levanta a cabeça e olha para meu rosto.

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