Capítulo 2

Mikaella tem vinte e oito anos e eu estou com trinta e oito. Somos amigas há seis anos e ela nunca me deixou.

Ela se aproxima e fala baixinho:

- Que cara é essa?

- Lembrei do dia que nos conhecemos.

- Nossa você poderia lembrar de tanta coisa e lembra justo disso? Está nostálgica hoje?

- Talvez por saber que falta pouco para irmos para casa. – respondo.

- Você quer mesmo ir? Pensou na proposta de Klaus de irmos para Porto Alegre e ficarmos por lá?

- Ainda não sei o que vou fazer. Pensando no que será melhor mas quero ir para casa por pelo menos duas semanas. Preciso ver minha mãe.

- Ok, vamos segurar as pontas. Já que amanhã é o grande dia.

Sinto um frio percorrer minha espinha e sei que é pela expectativa da apresentação que iremos fazer.

Balanço a cabeça e começo a fazer as meninas dançarem e a repetirem a coreografia até que tudo esteja adequado.

Estamos na terceira passagem quando vejo Clara surgir com um grupo de pessoas. Vejo-a conversando e apontando para a sala de forma generalizada.

Ela os acompanha até as cadeiras a direita da sala e eles se acomodam silenciosamente.

Mikaella se aproxima e me olha com cara de espanto.

- Você viu quem é? – sussurra

- Qual a parte de passarem despercebidos, você não entendeu? – pergunto

- Alexandra! Você está de frente para...

- Alex? – escuto Clara me chamar – Poderia vir até aqui, por favor?

Meu olhar deve ser mortal, pois ela chega a dar um passo para trás. Caminho até ela e antes de alcançá-la olho na direção da Mikaella e faço um gesto para continuarem.

Ela chama as meninas e começa a ensaiar novamente. Olho para Clara e ela está um poço de nervoso e me puxa pelo braço, nervosa. Me faz parar em frente a uma senhora de cabelos loiros quase brancos num corte channel clássico que a deixa ainda mais jovem.

Sou saudada por olhos azuis expressivos. Ela não aparenta ter a idade que deve ter. Seu sorriso caloroso aumenta conforme me aproximo. Retribuo sem sentir.

- Alex esta é Catarina Bittencourt, ela é uma das nossas maiores colaboradas junto com seus filhos, Ivan Bittencourt e Enzo Bittencourt.

Olho para Clara e ela percebe que não estou confortável com essa revelação. Estendo minha mão e aperto a sua delicadamente.

- Prazer em conhecê-la Sra. Bittencourt. – respondo.

Seu caloroso sorriso me abraça e apesar de tudo me deixo ser presa em um breve abraço.

- Você é uma moça adorável e estou muito feliz por ter finalmente aceitado vir ajudar nossas crianças. – ela fala em sua voz suave cheia de uma doçura que me deixa desconcertada – Tive sorte de vê-la dançando em São Paulo e Rio de Janeiro e sei que você tem muito a doar a estas meninas. Já está com seu estúdio montado nesta cidade?

- Não, senhora, assim que terminar este trabalho retorno para casa. Tenho algumas propostas, mas nada acertado ainda. – respondo e vejo seu olhar se entristecer.

- Entendo. Bem, esses são meus filhos Ivan e Enzo, falei a eles sobre sua apresentação e estão muito curiosos em vê-la dançando. – sua voz tem uma nota de alegria quase contagiante.

Olho para o mais novo e como ele se mantém ereto me olhando com cara de poucos amigos apenas aceno ligeiramente com a cabeça. O outro parece ser mais velho e estende sua mão e aperta a minha por mais tempo que o necessário.

Sou apresentada a um casal que os acompanha e descubro que são Bruno e Bárbara. Esta é uma linda mulher com uma beleza única e exótica.

Assim que aperto sua mão ela fala de sua paixão pela dança moderna e ficamos conversando por alguns minutos.

Olho para Mikaella e vejo que já está começando a se esgotar. Peço licença e caminho para trocar de lugar com ela.

Apesar de estar de costas sinto um arrepio passar por meu corpo. Me obrigo a caminhar.

Quando viro posso ver que o Bittencourt mais novo me engole com olhos nada amigáveis.

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