No centro de treinamentos, em Florensie, Carlos parecia estar arrumando algumas coisas dentro de uma espécie de mochila. Demonstrando uma certa pressa e um pouco de ansiedade, ele nem percebe Vitor entrando lentamente.
— Eu estou aqui, Carlos.
— Demorou em? Por acaso perdeu no caminho? — ironizou
— Não. Eu estava… resolvendo alguns problemas.
— Imagino — disse enquanto continuava mexendo na mochila
— Então… O que exatamente você queria falar comigo que era tão importante ao ponto de eu ter que vir aqui?
— Ah, claro!
Carlos pega a mochila e a entrega para Vitor segurar, indo para frente de um espelho, ajeitar sua roupa. Vitor não compreende nada do que Carlos estava tentando dizer, aguardando-o terminar, com uma cara pasma. Após alguns segundos percebendo que Vitor estava o olhando sem entender, ele se vira.
— Pô, ainda não tá claro?
— Não?
— Eu estou indo para uma viagem, Vitor. Existe um lugar, não muito longe daqui, onde eu posso treinar ainda mais do que aqui, em Linkhad. E como sei que você também tem o desejo de ficar mais forte, decidi te perguntar isso. Você quer vir junto comigo?
Alguns minutos depois, era a vez de Vitor aparentar estar com pressa. Em seu quarto, com a porta derrubada como de costume, ele procurava algumas coisas para levar consigo. Ouvindo o barulho da bagunça sendo feita, sua irmã se aproxima.
— Vitor? O que está fazendo?
—… — olhou para ela e depois continuou a procurar
— Vai! Fala! Onde você vai todo arrumado assim? Não me diga que vai a alguma festa.
—… — continuou procurando
— É aquele garoto de novo? Ele tá aqui na porta de novo? Eu já não disse para não trazê-lo aqui? Lembra que o papai disse para não se expor tanto… Vitor?
Enquanto ela estava dizendo, acabou nem percebendo que Vitor saiu de fininho do quarto, deixando-a sozinha, falando com as paredes e com a porta caída.
— Eae? Sua mãe deixou você ir mesmo?
— Ela sempre deixa. Agora vamos logo antes que ela apareça aqui.
— Ela quem? Sua mãe?
— Oi, Marcos — acenou, da porta da casa
— Ela — lamentou
— É Carlos — afirmou
— Não fala muito com essa daí, Carlos. Ela é do tipo que te trata bem por alguns dias e depois corta sua cabeça fora. Vai por mim, nem responde.
— E não são essas que são as melhores? E aliás, ela vai tentar me matar.
Como o de costume, Vitor ignora completamente o que Carlos havia dito, seguindo em frente, andando, mesmo sem saber o caminho. Carlos percebe que estava ficando para trás, e corre para acompanha-lo.
— Não sai andando na frente. Você nem mesmo sabe o caminho.
— Faço qualquer coisa para não ter que ter ouvir essa sua autoconfiança.
— Não é autoconfiança. É só que…
— Não estou te ouvindo! — disse ele, aumentando os passos
— Espera aí, cara.
Agora juntos, Carlos e Vitor seguem um novo rumo o local onde Carlos almeja o treinamento, treino esse que ele disse ser superior ao que ele sempre teve em Florensie. Enquanto isso, os jovens caçadores já estavam chegando na entrada da floresta, mas algo faz com que Gabb fosse parado.
— Perigo. Área restrita — leu Gabb, na placa
— O que quer dizer o símbolo da caveira na placa? — perguntou Kuro
— Quer dizer que não deveríamos passar por aqui! Eu sabia que era uma péssima ideia seguir a rota que Luke escolhesse.
— Que nada. Isso aí é só para colocar medo na gente — disse Luke, confiante
— Se era para colocar medo na gente, então eles conseguiram. Da uma olhada na Cherry — apontou Kuro
Cherry estava afastada deles, demonstrando um certo receio de passar pela floresta do medo. Aí podemos entender o quão assustador pode ser o lugar, mas Luke aparenta ainda estar bem confiante.
— É... Luke, tem mesmo certeza de que quer ir por este caminho? Sabe, acho que não é uma boa ideia...
Alguns minutos depois de Gabb perguntar isso, lá estavam eles, seguindo adiante na floresta. Em um lugar escuro, de pouca iluminação, com sons estranhos e mata densa, Luke caminhava a frente, seguido de Hatsune e Gabb estavam lado a lado, e mais atrás estava Kuro, olhando para os lados.
— Escuta Gabb, não acha que você deveria liderar o nosso caminho? Sabe, é o Luke que está nos guiando... — cochichou
— Eu já passei as rotas a ele. Agora cabe a Luke decidir como vamos atravessar esse lugar. Afinal, ele é o nosso capitão.
— Capitão? Quando a gente decidiu quem seria o capitão? Não me lembro disso não.
— Ficou decidido quando ele propôs essa jornada. Ele é o nosso capitão e pronto. Devemos segui-lo.
— Você tem certeza que aquele cara está apto a ser um capitão?
Luke estava assobiando baixo, enquanto caminhava reto, de olhos fechados. Gabb da uma leve risada ao ouvir a pergunta de Hatsune e ligar isso ao comportamento de Luke.
— O que foi? Por que está rindo?
— É que, é um pouco engraçado pensar nisso.
— Não me diga... — perguntou ela, decepcionada
— Fii fifi fifififi fifififi fifififi fiii fifi fifififi fi fi fiii — assobiava ele, uma musica estranha
Dentre toda a mata que cercava a trilha que Luke e seus companheiros seguiam, havia uma espécie de clareira, onde estava uma criança, de olhos verdes, pele branca e cabelos loiros curtos. Sentada na grama, ela tinha em seu colo um tigre, que estava dormindo em seus braços.
— Seu pelo está tão macio hoje, Pinker. Poderia estar assim sempre — dizia ela, acariciando o pelo do tigre.
Naquele mesmo momento, uma segunda garota surge, vindo de um dos galhos das árvores ao redor. De pele preta e cabelos vermelhos, era notável uma pintura corporal como uma espécie de camuflagem antiga, juntamente a desenhos que já faziam parte de seu corpo. Em suas costas era visível um arco e flechas.
— Onde estava, Z? Você parece meio... suja. — disse a criança
— Eu estava treinando um pouco. Ah, isso? É pintura de camuflagem que eu fiz. Usei um pouco de terra e musgo das árvores — disse sorrindo
— Então isso era para ser uma pintura? — pensou — Claro que eu gostei. Ficou bem a sua cara mesmo — sorriu de volta.
— Que bom que gostou. Sabe, eu estava pulando de galho em galho e vi alguns frutos que crescem no topo de algumas árvores perto daqui. Queria ver se consigo pegar algumas para provar — disse olhando para as árvores.
— Gostaria de saber de onde você tira tanta energia para ficar pulando e correndo de um lado pro outro. Só de pensar eu já fico cansada. Você é sempre muito enérgica e saltitante.
— Ah, eu sei o que você quer dizer. Eu não sei explicar bem, mas eu amo essa sensação. Esse sentimento de liberdade.
— Sim. Eu entendo, Z. Eu entendo. Bom, eu queria falar um negócio com você...
As orelhas do tigre se mexem de uma forma como se ele tivesse acabado de ouvir alguma coisa. De repente ele acorda e começa a rugir contra um dos lados da mata que cerca a clareira.
— Calma, Pinker. O que foi?
— Acho que ele ouviu alguma coisa, e está vindo daquele lado — apontou Z
— Deve ser algum animalzinho que ele está implicando novamente. Se acalme agora, Pinker.
Mesmo com as ordens de sua dona, Pinker continuou a rugir e estranhar aquela parte da floresta. Z então tira o seu arco e flecha das costas, o mirando na direção do local.
— Flora? — perguntou ela
— Não precisa, Z. Olha, eu tenho certeza que é um animalzinho diferente que esse bobão do Pinker está estranhando, mas por via das dúvidas, deixe que eu confiro. Depois nos falamos novamente, entendido?
— Claro. Vou tentar pegar aquelas frutas novamente. Vejo você depois, Flora.
Z salta e pousa em cima de um galho, pulando em um outro mais a frente logo depois, assim, sumindo diante as árvores. Flora então segue para área que aparentemente estava estranha.
— Vou mostrar para você que é só um animal, seu bobo — saiu andando, com Pinker a seguindo.
Kuro estava com no alto, perto de uma das árvores, tentando enxergar alguma coisa adiante, mas nada podia ser visto diante a uma neblina densa.
— E ae, Kuro? Consegue ver alguma coisa?
— Nadica de nada, Luke. Parece que tem uma nuvem tampando minha visão. Tá tudo embaçado aqui em cima.
— Desce, Kuro. Não vamos descobrir uma saída dessa forma. Temos que aceitar que estamos perdidos e escolher um lado para ir — lamentou Gabb
— Como assim estamos perdidos? Você não tinha um mapa, Gabb? — perguntou Hatsune
— Sim, eu tenho o mapa, Hatsune. O mapa que mostra Linkhad e Zorek só que tem um porém, querida Hatsune. COMO É QUE ALGUEM VAI MAPEAR UMA ÁREA SEM PELO MENOS ENTRAR NELA CONSEGUIR SAIR VIVO?
— Nossa. Não precisava gritar também, né.
— Desculpe. Eu apenas não queria me encontrar nessa situação. Eu sempre me preparo para tudo para justamente não acabar dessa forma...
— Pessoal, o que deu no Kuro? — perguntou Luke
Kuro estava com as mãos sobre a cabeça, se debatendo de joelhos no chão. Uma aura negra Cintia o corpo de Kuro, enquanto ele lutava contra suas próprias vontades.
— Kuro, o que foi? — perguntou Gabb
— Minha cabeça... Tem alguma coisa muito errada acontecendo dentro dela... — agonizou
— Dentro dela? Como assim?
— Eu não sei... Alguma coisa está vindo... Eu não quero que ela venha, mas ela já está chegando...
— Gabb? — perguntou Hatsune, sacando sua espada
— Não, Hatsune. Não aponte a espada para ele agora!!
Kuro explode com sua própria magia, acertando diretamente seus amigos que estavam próximos de si. Luke é lançado para cima de uma árvore, enquanto Gabb e Hatsune batem juntos, no tronco de uma árvore.
— O que foi isso? Por que você fez isso, Kuro?
— Não é o Kuro... — falou Gabb, com dificuldades
— Não é o Kuro? — pensou ela, olhando para frente — Não é possível. Então... O que é aquela coisa? — pensou ela, apavorada
Alguma coisa na floresta fez com que Kuro sentisse medo, medo esse que o mesmo já havia sentido a muito tempo atras. Com essa sensação, também veio a transformação, que libertou a forma mais poderosa e assustadora de sua pedra mágica.
...Kuro Kurogane, o Dragão Negro...
— A sensação que senti quando olhei aquele mapa... Essa reação do Kuro... Tem alguma coisa muito estranha acontecendo aqui. — pensou Gabb, tentando se levantar
Diante aos olhos de Gabb e Hatsune estava a fera poderosa chamada de Dragão Negro. Criatura que tem como instinto destruir a tudo, sem se importar com o que ou a quem iria junto nesse ato.
Continua no próximo capítulo.
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Atualizado até capítulo 92
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