Hitogatsa estava de pé, diante da lápide de Monsgold, que havia acabado de ser enterrado no memorial dos guerreiros do reino. Local este onde está enterrado outros nomes marcantes, como o cavaleiro John Enriquez e o marcante Konor Kurogane.
Enquanto olhava para o túmulo de seu ex-comandante, ele não percebeu que Kumakasa se aproximava, o tocando seu ombro bem do seu lado.
— Ah. É você, Kumakasa. Achei que não conseguiria vir.
— Recebi a mensagem dos seus soldados a uma hora. Que bom que consegui chegar a tempo.
— Que nada. Acabaram de terminar.
Kumakasa olha para o rosto de Hitogatsa e vê que o cavaleiro estava um pouco mais sério que o normal. Seus olhos estavam "cheios" enquanto olhava para a lápide de Monsgold. Kuma então volta a olhar para frente, colocando suas mãos para trás.
— Isso é bem difícil para você. Eu sei que você o via como praticamente um pai. Olha. Não precisa segurar suas lágrimas, Hitogatsa — colocou a mão sobre o seu ombro
— Nós tentamos evitar isso… mas esse problema já estava enraizado desde o início.
— Hito? Como assim?
— Começou a anos atrás, quando o Kikito se aliou ao reino. Ele sempre me falava sobre isso.
Ele se lembra de quando estava sozinho com Kikito em seu laboratório, há 5 anos atrás. Naquela ocasião, Kikito estava fazendo o que sempre faz, escrevendo em seu caderno, enquanto Hitogatsa estava sentado.
— Você não acha que poderíamos evitar tudo isso? Evitar a morte de tantas pessoas em vão.
— Está novamente falando sobre o que aconteceu a anos atrás, não é? Afinal, você sempre fala sobre isso. Professor…
— Eu sempre penso nisso, Hito. Deve existir alguma forma de evitar todas essas perdas. E eu não estou falando só de inocentes, mas também das tropas do reino.
— Infelizmente, acredito que não há nada que possamos fazer. Nós, cavaleiros, sempre seguimos esse código.
— Então por que não o mudamos?
— Mudar? Mudar o código dos cavaleiros? O que você quer dizer?
— Eu não digo mudar completamente, mas sim fazer alterações, para que se ajuste melhor a segurança e proteção de todos. Pense, Hito. Os fortes não estão conseguindo proteger os fracos, e isso tá cada vez mais evidente. Precisamos de mudança. As pessoas nunca conseguirão prosperar, se não se sentirem seguras para isso. Ele precisa conseguir passar essa segurança para elas, se não consegue, isso o torna incapaz de liderar esse pais.
— Você está falando do Monsgold de novo?
— É claro que eu tô falando dele, Hito. Quem mais seria? Afinal, todos esses problemas passam pela gestão do mesmo.
Hitogatsa continuou observando Kikito, que insistia em ficar escrevendo em seu caderno.
— Quando conheci Kikito e sugeri que ele se aliasse a nós, Cavaleiros, ainda não sabia que John era seu pai. Quando o mesmo descobriu tudo que aconteceu na guerra, e como seu pai morreu, ele começou a demonstrar insatisfação com Monsgold. Insatisfação essa que só foi aumentando com o passar do tempo.
— E você não falou isso para o Monsgold? Não contou a ele todas essas coisas?
— Na verdade, eu contei. E depois de um tempo pensando nisso, Monsgold começou a aceitar aquelas frases de Kikito. Quando ele veio falar comigo, e perguntou se eu apoiava uma mudança em Linkhad, eu rapidamente aceitei e contei para Kikito.
— Ué, mas se Monsgold estava mudando, por que o Kikito agiu assim? Se ele sabia que Monsgold estava disposto a mudar como ele havia sugerido, por que resolveu o atacar?
Hitogatsa olha para os lados e vê que só estavam os dois ali, então ele coloca a mão em seu bolso, tirando um caderno de dentro do mesmo. Caderno esse que era o mesmo em que Kikito sempre escreveu, desde quando Hito o conheceu.
— Esse caderno aqui, é uma espécie de livros de anotações de Kikito. Nele, ele anotava experimentos e observações que fazia todo dia — entrega-o a Kumakasa — Dê uma olhada.
— Anotações? — desdenhou ele, mas o abriu — O que é isso? Não pode ser... — pensava ele, enquanto passava as páginas.
— Parece que quando Konor foi executado, há dias atrás, Kikito cansou de vez das ações tomadas por Monsgold, e acabou iniciando um plano que ele já vinha preparando a tempos.
— Plano? Isso aqui é loucura, Hitogatsa. Você por acaso leu o que tá escrito aqui? Isso não faz sentido.
— Sim. Exatamente. Kikito enlouqueceu com tudo que acabou acontecendo, e esse ataque ao reino foi a explosão de ira dele. Quando lutei com ele, percebi uma aura diferente vindo dele. Imagino o que teria acontecido se ele não tivesse sido derrotado naquele momento.
— Bom, e agora? O que faremos?
Hitogatsa se ajoelha e coloca uma flor que estava em sua orelha sobre o túmulo de Monsgold, em seguida, ele passa a mão sobre o solo, limpando as lágrimas que escorriam.
— Monsgold deu sua vida para que continuemos essa mudança que ele propôs. Vamos fazer isso por ele, e por todos que se foram por esse país.
Os moradores do Vilarejo terminavam de levar seus pertences e coisas para dentro de suas residências. Harville foi a parte de Linkhad que menos sofreu com as chamas, tendo apenas 7% de sua área destruída.
— Já estão acabando? Tem certeza que vocês não querem ajuda? — perguntou Luke
— Não precisa. Já estamos no fim já. Olha ali! Até o Dexter resolveu nos ajudar — apontou ele
Após perceber que todos estavam o vendo levar caixas, Dexter se esconde atrás de uma das casas, tirando belas risadas de Luke, Kazuto e Kuro.
— A gente já te viu aí, Dexter. Não precisa ficar com vergonha de ajudar o seu vilarejo não — riu Kuro
— Calem a boca! — gritou ele — Eu só estou ajudando porque meu pai praticamente me obrigou a vir. Não pensem que eu vou virar amiguinho de vocês por causa disso!
— Ele disfarça muito bem — cochichou Luke
— Kazuto!!! Não se esqueça. Nós vamos correr de novo logo logo, e eu vou dar o troco por aquela derrota humilhante... Eu prometo.
— Carrega a caixa aí, Dexter. Não, calma, não pega duas não...
— Aí!!! Minhas costas... O que tem dentro dessas caixas? Chumbo?
— Que burro kkkkk — riu Luke
Gabb vem vindo andando, com um mapa na mão. Ele estava analisando cada rota que poderiam fazer, até que percebe que enfim havia achado os jovens.
— Aí estão vocês. já acabaram de ajudar o pessoal do vilarejo.
— Gabb? O que é isso que você tem aí mão? Por acaso é um cardápio?
— Cardápio? Não! Isso aqui é um mapa. Eu estou vendo qual a melhor rota para seguirmos para Zorek.
— Zorek? — questionou Kuro
— Ah, explica para eles, Hatsune.
— ...
Luke e Kuro ficam olhando para Gabb, que estava de olhos fechados, aguardando que Hatsune explicasse para ambos, porém, não havia nenhuma Hatsune ali.
— É... Gabb?
— O que?
— Que Hatsune? — perguntou Luke
Gabb abre um dos olhos e vê que Hatsune não estava mesmo do seu lado, entrando em desespero imediatamente.
— Cadê ela! Ela estava com a Cherry do meu lado... Temos que encontrá-los! Vamos, temos que ir!!! — disse ele, saindo correndo.
— O que deu nele? — perguntou Kazuto
— Sei lá.
Os três ficaram olhando Gabb correndo no horizonte, com uma expressão de não estar entendendo mesmo o que estava acontecendo. De repente, um barulho de trotes de cavalo vem da direção oposta, se aproximando deles.
— Pessoal! Que bom encontrar vocês.
— Hatsune? Agora que eu não tô entendendo mais nada mesmo.
Enquanto os 5 patetas se resolviam em Harville, em Florensie acontecia uma coisa bem inusitada. Carlos, aquele mesmo Carlos, estava na frente da casa de Vitor, esperando ser atendido.
— Quem é? Se não responder em 5 segundos, eu te mato — perguntou de trás da porta
— Ah, é o Carlos.
— Que Carlos?
— O Carlos.
— Não conheço nenhum Carlos. Você possui mais 8 segundos ainda.
— Eu quero falar com Vitor.
— Com Vitor? — abriu a porta
Era a irmã de Vitor, com uma roupa bem estranha. Carlos se assusta com aquela visão, achando a situação meio esquisita.
— O que é isso? Essa garota acabou de sair de uma briga com 5 ursos? — pensou ele
— Carlos, não é? Vou chama-lo para você. Nem pense em sair daqui.
— Tá.
Larisse volta para dentro da casa, deixando Carlos sozinho aguardando na porta da casa dos Zodyc. Chegando ao quarto de Vitor, ele derruba a porta para falar com o mesmo.
— O que foi agora? Já disse para não ficar fazendo isso.
— E eu já disse para não dar o endereço daqui de casa para estranhos.
— O que você quer dizer com isso? — encarou
— Tem um garoto lá fora dizendo te conhecer. Acho que o nome dele era Marlos
— Marlos?
— É. Se não é isso, é alguma coisa assim. Vá falar com ele e peça que não volte mais a esse lugar.
— Tá bom.
Depois de arrumar as coisa no quarto, Vitor enfim segue para o lado de fora da casa, para encontrar com aquele que desejava falar com ele.
— Carlos?
— Que foi? Ela falou meu nome errado, não é?
— Não. Não foi isso não — negou ele ironicamente — E então, o que vei fazer aqui? Pode falar.
— Na verdade, podemos conversar no centro de treinamentos? É algo importante.
— Claro. Eu só preciso terminar algumas coisas aqui em casa.
— Bom, então eu já vou indo — virou as costas — Te vejo lá.
— Certo.
Carlos deixou o local, seguindo de volta para o centro de treinamentos. Vitor fechou a porta e já estava indo para seu quarto, quando sua irmã estava encostada em uma das paredes.
— Quem é esse Marlos?
— O nome dele é Carlos.
— Marlos. Carlos. Tanto faz. Quem é esse cara? Não me diga que é seu amigo.
— Não exatamente, mas eu acho que não preciso te dizer nada sobre isso. Estou voltando para o meu quarto.
— Sabe, eu até que achei ele bonitão. Acho que daria uma chance a ele por uns 4 dias e depois... — passou a mão pela garganta
Vitor apenas ignorou o que sua irmã estava falando, entrando novamente em seu quarto.
— Esqueceu de colocar a porta no lugar...
— Deixa a porcaria da porta assim mesmo.
Em Harville, todos enfim conseguiram se reunir (um capítulo inteiro pra isso) Cherry estava comendo maçãs, enquanto Gabb mostrava o mapa de Linkhad para todos.
— Aqui, Luke. Existem dois caminhos para Zorek. O caminho mais longo, que passa por serint e que também é o mais seguro. E esse outro caminho, que é mais curto, porém passa pela floresta do medo.
— Floresta do medo? — perguntou Luke
— De acordo com que as pessoas do vilarejo disseram a floresta do medo é realmente o que seu nome diz. Bom, essa foi a única maneira que eles conseguiram explicar essa rota — explicou Hatsune
— E então, Luke. Mesmo já sabendo qual rota você vai escolher, me diga. Por qual caminho vamos para Zorek?
— Eu não tenho medo nenhum. Então, vamos pela floresta!
— É sério isso? — perguntaram os três
— O que? O que foi?
— Luke, acho que você não entendeu o que eu disse. A floresta do medo é realmente a floresta do medo. Ela não tem esse nome em vão.
— E vocês tem medo de alguma coisa? Eu já disse que eu não tenho — disse confiante
— Essa não é a questão aqui!! — gritou Hatsune.
Um jovem garoto vem correndo do horizonte, desesperado, e querendo falar com eles antes que seguissem rumo.
— Ufa. Achei vocês antes de partirem — disse ofegante
— Kazuto? O que foi? Por acaso quer ir com a gente?
— O que? — perguntou Gabb
— Você tá falando sério, Luke? — questionou Hatsune
— Ir com vocês? Eu não posso — disse, abaixando a cabeça — Eu tenho que ficar e ajudar essas pessoas. Temos muita coisa a fazer ainda, mas eu agradeço o convite.
— Poxa, você tem certeza que não quer ir? — lamentou Luke
— Sim. Eu realmente.
— Tá bom. Não tem problema, mas saiba que um dia eu vou voltar aqui para que possamos comer aquela melancia de chocolate de novo, tá? Não come todas não.
— Nós vamos esperar — disse Dexter, se aproximando
— Então tá fechado.
Luke se aproxima de Kazuto e estende sua mão, para que eles pudessem se cumprimentar e fechar o acordo. Kazuto se espanta com o gesto do caçador, mas logo aperta a mão dele, fazendo com que o mesmo sorrisse.
— Obrigado pela sua ajuda, Kazuto. Você sempre será o nosso amigo.
— Eu que agradeço, Luke Shizuka.
Assim, Luke e seu grupo de caçadores recém formado seguia para o seu novo destino. Agora com Cherry e mais preparados, eles iriam para Zorek, mas um novo desafio os esperava pouco mais adiante.
Continua no próximo capítulo.
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Atualizado até capítulo 92
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