Está chovendo

Luke não acreditava no que havia acontecido. O ataque de Kikito não o acertou, mas não porque este último errou, e sim pois Monsgold se colocou a sua frente, recebendo todo o ataque em si.

— Seu idiota. Por que fez isso? — perguntou Kikito

— Para o proteger, não está óbvio? — respondeu, com muita dor

— O que? — questionou, surpreso

Com o sangue que, tentava escorrer pelo buraco de sua barriga, mas acabava por evaporar com as chamas do punho de Kikito, Monsgold teve seus órgãos internos dilacerados pelo fogo, causando lentamente a sua morte. Antes que seu corpo caísse no solo, um sorriso, de alguém que sabia que havia acabado de fazer algo certo, pela primeira vez depois de muito tempo.

— Maldito Monsgold. Antes de morrer ainda conseguiu me atrapalhar mais ainda. Bom, isso não vai adiantar de nada!

Um ataque de espada acerta o peito de Kikito, fazendo com que o mesmo se afastasse de Luke. Ao levantar sua cabeça, o cientista viu que o seu "ex-companheiro" era quem havia o atacado.

— Cavaleiro Hitogatsa… Então, você também resolveu aparecer. A que devo essa honra?

— Professor Kikito… O que pensa que está fazendo?

— Hahahaha. O que eu estou fazendo? Não é óbvio? Eu estou limpando esse país!!! 

— Limpando? Você está louco.

— Eu estou louco? Veja!!! Veja as chamas que queimam e purificam toda a sujeira de Linkhad. Sinta todo o calor que essas chamas trazem para este lugar frio e abandonado.

Hitogatsa vê o corpo de Monsgold caído, e já sabe exatamente o que deveria fazer. De cabeça erguida e olhar focado, ele empunha novamente seu florete, apontando para Kikito.

— Eu nunca gostei de você, Hitogatsa.

Ele lança diversas bolas de fogo na direção de Hitogatsa, que avança sem pudor, desviando dos então ataques que Kikito lançava. 

— Você está bem, Luke? — perguntou Hatsune, o pegando pelos ombros

— Eu tô, mas ele não — olhou para Monsgold

— Temos que ir. Se ficar aqui próximo do fogo, vai se sentir ainda mais fraco.

Luke exita no primeiro pedido de Hatsune, mas o olhar da espadachim fez com que ele aceitasse, e se afastasse do local.

Enquanto isso, Hitogatsa tentava acertar um único golpe em Kikito, mas este último ficava ainda mais poderoso com o passar do tempo. Golpes duplos e alternados, tentando achar alguma brecha, mas nunca com sucesso.

— Seus ataques não são tão fortes se você não pode me acertar, não é, Hitogatsa?

Ele pega a cabeça de Hitogatsa e a força contra o chão, usando sua magia de fogo para queimar aos poucos seu rosto.

— Arrgh… Maldito — agonizou 

— Não estou te escutando direito — sorriu

— Já chega!!! Temos que impedi-lo agora, ou ele vai o matar também — disse Kuro

— Não podemos sair atacando, Kuro. Precisamos de uma boa estratégia agora.

— Estratégia? Precisamos de estratégia para impedir aquilo — apontou Kuro

Kikito lança Hitogatsa contra um dos muros, lançando também uma bola de fogo em seguida, fazendo com que o cavaleiro soltasse uma grande quantia de sangue. Após isso, ele se aproxima do cavaleiro, o pegando pelo pescoço.

— Eu vou lá! 

— Hatsune? — Perguntou Gabb

— Eu sou a única que pode vence-lo. Se eu conseguir me aproximar, consigo feri-lo com a minha espada.

— E como você vai acertar ele? Esqueceu que ele fica intan… — disse Gabb, antes de se lembrar 

— Eu acho que o meu Senkai faz com que eu consiga tocar a magia. Não sei ao certo, mas eu senti isso quando consegui repelir o raio congelante do Luke, no torneio. Se realmente funcionar dessa forma como eu acredito, conseguirei acertar Kikito, mesmo que ele se torne intangível.

— O que você acha, Luke? — perguntou Gabb

— Achei uma ótima ideia.

— Caramba, todos eles são demais! — pensou Kazuto

Ficando cada vez mais sufocado e machucado, Hitogatsa se debatia para tentar se soltar das mãos de Kikito, mas seu pescoço era cada vez mais apertado, se aproximando cada vez mais de sua derrota.

— Você não sabe como foi horrível fingir ser seu amigo esse tempo todo. Todo aquele papo de Professor Kikito e companheirismo… Eu tive que aguentar isso tudo por todos esses anos. 

—…

— Eu nunca gostei de você, Hitogatsa. Nunca! Desde que me aliei aos Cavaleiros, eu não ia com a sua cara. Finalmente, vou acabar com essa sua carinha bonita e esse seu ego maldito.

Antes que pudesse finalizar Hitogatsa, o cientista foi mais uma vez interrompido, porém, dessa vez foi da pior forma. Sendo agora a sua vez de expelir sangue, ele viu uma espada atravessando sua barriga, fazendo com que, consequentemente, soltasse Hitogatsa no chão

— O que é isso? De onde veio isso?

Ao olhar para trás, ele viu Hatsune segurando a guarda da espada, com uma expressão de dor por conta das chamas de Kikito. Com uma explosão de dor e magia, ele jogou Hatsune para longe.

— Como você conseguiu me acertar? Eu estava… O que é isso que está doendo tanto? — dizia ele, tentando tirar a espada — É uma sensação diferente. O que você fez, garota? — questionou, assustado

Kikito tentava puxar a espada mas o Senkai de Hatsune estava preso a lâmina da espada, a mantendo presa ao corpo dele. Com dores fortes e sabendo que logo logo aquele ferimento lhe traria a morte, ele analisa toda a situação, soltando um leve risada.

— O que? Ele está rindo? Esta feliz com isso? — pensou Gabb

Hatsune se levanta depois de ser atingindo pelo ataque direto de Kikito, observando que o cientista estava com a espada em seu corpo, rindo da situação.

— O que foi? Está desesperado? — sorriu

— Nem um pouco!

As chamas de Kikito se intensificam ainda mais e começam a ir na direção de seu corpo, fazendo com que a sua chama corporal ficasse cada vez maior. Todo aquele fogo que se criava a partir do corpo de Kikito transformava o clima em um verdadeiro inferno.

— Vocês podem ter me derrotado, mas o meu plano vai ser executado de qualquer forma. Esse país irá virar cinzas!!!

— Kuro!! — disse Luke

— O que?

Kikito carregava suas chamas cada vez mais, até que ele olhou para os céus e viu Kuro vindo dos céus, de encontro com ele, em alta velocidade.

— Isso não vai funcionar, Dragãozinho! Não dessa vez.

Kuro atravessa o corpo de Kikito mas não o causa nenhum dano, assim como já estava previsto, porém, por causa de um desvio de foco, Kikito não viu que Luke estava vindo logo atrás de Kuro.

— O que? 

— Eu finalmente descobri como eu posso te parar!

— Não! Não é possível… — suspirou

Com uma esfera de gelo em sua mão, Luke avançava dos céus, indo na direção de Kikito. Enquanto se aproximava, o calor aumentava mais e mais, fazendo com que sua esfera de gelo começasse a se desestabilizar. Sabendo que era a única chance de vencer, ele encontra uma única saída: ele absorveu a própria esfera de gelo e usou a magia no seu punho, acertando um soco na testa de Kikito e, consequentemente, liberando toda aquela magia em cima do mesmo.

— Eu não posso perder assim tão facilmente… Eu não vou morrer assim… — lamentou

A colisão do gelo com o fogo fez com que grande impacto fosse gerado, que trouxe, sucessivamente, nada mais nada menos que chuva em Linkhad.

— Chuva! Espera, isso faz sentido? — disse Kazuto.

— Luke!!! — correu Kuro

— Calma… Eu estou bem. Parece que dessa vez acabou mesmo — olhou para Hatsune

— Joinha — gesticulou ela

— Pessoal. Temos que sair daqui — disse Gabb

— Nós já vamos! Só me dá um minutinho... — respondeu Luke

Após alguns minutos, os guardas e soldados chegaram ao local, depois de terem a garantia de que as chamas não retornariam. Luke e os outros não estavam mais no local.

— Senhor Hitogatsa!!!! Esta tudo bem com o senhor? O que aconteceu? — perguntou um dos soldados

— O Monsgold!!! — levantou correndo

Ao se aproximar do cavaleiro sagrado caído, ele viu que seu companheiro e tutor já estava sem vida, caído sob a chuva que cobria Linkhad e apagava as chamas de Kikito que estavam no pais.

— Então era isso que você queria, né? No fim, você conseguiu, Monsgold. Graças a você, esse país não foi totalmente destruído novamente. Você protegeu essas pessoas com a sua vida, sem se importar a quem seria, assim como jurou naquele dia. Obrigado, senhor Monsgold — disse Hitogatsa, derramando uma lágrima.

Todos os soldados e guardas prestam respeito a ocasião, agachando diante a morte do líder de Linkhad; o Comandante Erik Monsgold, o Minotauro.

Após longas horas de chuva, finalmente uma luz, e essa não era de fogo. A manhã havia chegado em Linkhad, e com isso, um novo dia para que todos pudessem voltar a prosperar. No quartel general, Hitogatsa aguardava o relatório dos soldados, que retornavam de manhã.

— Senhor Hitogatsa? Estamos de volta.

— Foram rápidos dessa vez. E então, o que você tem a me dizer, Garry.

— Bom, senhor. A notícia boa é que os danos as casas e construções foram até que baixos. Com a ajuda de nossos soldados e a guardas, conseguimos impedir grande parte da destruição que as chamas poderiam ter causado ao reino. Tivemos também um pequeno número de mortes, porém, um número de feridos não tão baixo assim. Concluindo, podemos dizer que tivemos 33% de Linkhad destruída, aproximadamente

— Isso é consideravelmente bom. Sendo bem otimista, eu acredito que conseguiremos recuperar esse prejuízo aos poucos.

— É, mas a notícia ruim é que não conseguimos localizar aqueles jovens. Parece que eles realmente sumiram novamente.

— Isso não é importante por agora. Devemos focar em reestabelecer a segurança do reino, para depois voltarmos a procurá-los. Até porque, foi exatamente isso que Monsgold sempre me pediu. Avise aos outros soldados, temos muito o que trabalhar. Temos que nos colocar a disposição de ajudar aqueles que necessitam de ajuda nesse momento tão difícil.

— Certo, senhor.

— Kikito… — pensou ele

Sendo procurados pelos soldados do reino, Luke e seus companheiros tiveram que passar a noite em um local bem escondido, onde ninguém pensaria que eles estariam. E la estavam eles, na porta do local.

— Obrigada por deixar a gente passar essa noite aqui, benn. Aqueles soldados já estavam na nossa cola desde cedo…

— Que nada, parceiro. Não tem problema algum. É um prazer poder ajudar quem ajudou esse lugar.

— Em falar nisso… Hatsune, você viu aqueles dois? Espero que não estejam aprontando já logo de manhã…

— Ah. O Luke e o Kuro? Depois que Kazuto falou que o pessoal do vilarejo estava agradecido pela nossa ajuda, eles ganharam um vale comida de Harville. 

Luke e Kuro estavam comendo em uma venda do vilarejo, disputando quem aguentava comer mais.

— Eu vou vencer, Kuro! Não tem como você me vencer em algo que eu sou mestre!

— É isso que você pensa, capitão!

— Vocês dois tem que ir deva… — dizia, antes de ser cortado por Luke, que enfiou uma pera em sua boca

— Olha aí!!! Até o Kazuto quer participar

— Eu vou ganhar de vocês dois!! — disse Kuro, enquanto comia.

Benn entra novamente no estábulo e volta com uma corda na mão, que estava ligada a Cherry. Gabb não consegue esconder a felicidade ao ver a égua, no qual havia ficado encantado desde a primeira vez que a viu.

— Cherry!!! Quanto tempo, garota! — passou a mão sobre o fucinho — Toma uma maçã — deu-lhe.

— Agora que vocês tem o cavalo, só falta a charrete! Já sabem como vão conseguir uma? Olha. Em Grape, um cidade do nosso país vizinho tem algumas charretes incríveis.

— Zorek é? Então esse será o nosso próximo destino. Hatsune, avise aos garotos. Nós vamos para Zorek!

Continua no próximo capítulo.

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