Carlos entra na arena, lentamente, observando a plateia, que já de animava.
— Esse barulho… Já deve estar na vez dele — pensou Vitor. — Já está bom, doutora.
— Espera, mas eu nem comecei ainda.
— Não tem problema.
Vitor sai de cima da maca, andando até o túnel para assistir a luta de Carlos.
Passado alguns minutos, Ruko ainda não havia chegado a arena, causando impaciência no público.
— Cadê o outro?
— É! Cadê o outro oponente.
O apresentador percebe os gritos da torcida, tentando acalmar a todos com suas palavras.
— Calma. Calma. Acredito que ele já deve estar vindo, pessoal!
Monsgold ficou apenas observando, enquanto Hitogatsa analisava a situação.
Durante alguns segundos, um silêncio ensurdecedor toma conta da arena e apenas os passos de Ruko podiam ser ouvidos.
— Aí vem ele!
Encapuzado e todo de preto, Ruko caminhava lentamente até o campo de batalha, sem mostrar sua real identidade.
— Aí está ele — disse Monsgold, sorrindo.
— O que? É aquele garoto? Não pode ser — perguntou Hitogatsa
Carlos observa atentamente Ruko, prestando atenção em qualquer ação que seu oponente poderia tomar.
— E então, vai continuar parado ou vai me atacar? — provocou ele
Ruko então tira seu capuz, revelando finalmente sua real identidade.
Ruko, que na verdade é Kuro, possui 17 anos e é filho de Konor Kurogane, um ex cavaleiro e renomado caçador. De cabelos e olhos cinzas, e de pele branca. Ele veste uma roupa justa e adaptável, de cor preta.
— Eu sabia. É ele! — diz Monsgold, quase quebrando o vidro
— Se acalme, senhor!
Há 18 anos atrás, Konor deixava seu posto de soldado do reino, se despedindo de Hitogatsa no QG dos cavaleiros.
— Você não pode fazer isso, Hito. Você jurou perante está pátria que dedicaria a sua vida a protege-la. Não pode simplesmente abandona-la assim — disse Hitogatsa.
— Eu já estou morto, que diferença isso faria? Seria apenas um peso para os outros soldados. Eu sei que não posso simplesmente os deixar, então, se quiserem me prender ou algo assim, façam isso agora.
— Seria muito apático da minha parte fazer isso, Konor. Eu não vou te prender.
— Então, isso é um adeus, Hito.
O agora ex-defensor do reino, Konor, seguiu andando por todo o campo de treinos que ficava a frente da entrada do QG. Naquele dia, ele deixava pela última vez aquele lugar.
Hitogatsa parecia não acreditar que estava diante do filho de Konor, que foi se companheiro a 18 anos atrás.
— Então Konor Kurogane deixou mesmo um filho antes de morrer… — pensou ele.
Carlos e Ruko ainda estavam se encarando na arena, ambos esperando outro iniciar seu ataque.
Depois de alguns instantes, Ruko fica impaciente, partindo com tudo para cima de Carlos.
O ataque pegaria Carlos em cheio, porém, o lutador apenas anda para o lado, desviando do avanço de Ruko.
— Desviou? — pensou Ruko
Este freia logo em seguida, voltando-se novamente para Carlos, que estava praticamente no mesmo lugar.
Ruko avança novamente, dessa vez com os braços abertos para impedir que Carlos desviasse. Realmente ele acerta Carlos, bom, parecia ser isso.
Na verdade, Carlos segurou o braço de Ruko, o girando em seguida e lançando o mesmo para o ar.
Ruko foi lançado muito alto, e começou a cair em alta velocidade.
— Essa não…
Seu impacto contra o chão parecia inevitável, mas ele conseguiu abrir suas asas, antes ocultas, e amortecer sua queda.
— Asas? — pensou Carlos.
— Essa foi por pouco — disse Ruko.
Ruko então abre seus braços, carregando uma energia obscura e poderosa na palma de suas mãos.
— Vejo que estava escondendo seu trunfo.
— Eu percebi que você reage bem a ataques físicos, mas vamos ver se consegue desviar de um ataque a distância.
— Venha. Me ataque com seu poder máximo.
Ruko carregava cada vez mais seu poder. Após canalizar uma quantidade considerável ele junta suas mãos a frente de seu corpo, mirando na direção de Carlos.
— O que é isso? Se esse ataque poderoso acertar alguém pode até mesmo matar!
— Eu acho que o Carlos não tá preocupado com isso, Gabb.
A energia que Ruko começava a emitir alguns choques e ondas sonoras, assustando um pouco os telespectadores no Coliseu.
— Destruction Cannon!!!
Destruction Cannon (Canhão Destrutivo) é uma das habilidades da pedra de Kuro. Ao canalizar sua energia negra, ele consegue lançar um raio que destrói tudo no contato.
O ataque é lançado e Carlos sabia que não conseguiria desviar naquela distância, então ele coloca seus braços em forma de defesa, recebendo o ataque diretamente.
Carlos sentia muita dificuldade, mas conseguia suportar todo a magia que o acertava. Após alguns minutos, a energia toda acaba por ser lançada e Carlos estava no mesmo lugar de antes, sem nenhum arranhão.
— O que? Ele se defendeu? — perguntou Ruko, sem acreditar.
— É semelhante ao que Hatsune fez. Ele usou seu Senkai para bloquear todo o poder que ele estava recebendo.
Carlos desfaz sua defesa, sentindo um pouco de cansaço em seguida.
— Que merda! Achei que conseguiria bloquear todo aquele poder sem problema, mas ao que parece, usei demais da minha própria capacidade.
O corpo de Carlos havia sido muito exigido na ação, e acaba por responder expelindo uma pequena fumaça de suas costas.
— Esse Carlos é um sujeito bem interessante — pensou Vitor
Ruko olha para Carlos, rangendo seus dentes de raiva.
— Eu não consigo o ferir nem de perto e nem de longe? Como vou ataca-lo então?
Carlos finalmente avança contra Ruko, acertando a barriga deste último. Ruko reage criando uma cauda e prendendo o pé de Carlos.
— O que é você? — perguntou Carlos.
— Vamos ver se de perto assim você consegue bloquear.
Ruko canaliza sua energia agora a partir de dentro de sua boca, a "cuspindo" diretamente em Carlos.
A explosão acerta ambos, lançando Carlos para longe de Ruko. O impacto faz com que Carlos seja arrastado por alguns metros na arena, parando quase do outro lado. Ruko acaba por sofrer apenas alguns arranhões.
Carlos, ainda que com muitas dificuldades, tentava se levantar, e aquela fumaça que poderia ser visto anteriormente, agora ficou ainda mais forte.
— Ele ainda pode se mexer? Espera…
Ruko agora consegue perceber a fumaça saindo das costas de Carlos, deduzindo que seus ataques estavam fazendo efeito.
Ele então aproveita que Carlos estava ainda se levantando, e prepara um novo ataque.
— Eu quero ver você bloquear esse então, Carlos.
— Essa não…
Ele abre os braços novamente, preparando um novo canhão destrutivo contra Carlos.
— Destruction….
— Se ele receber esse golpe diretamente agora, ele vai… — disse Gabb
Hitogatsa fica desesperado, pedindo repetidamente que Monsgold o deixasse intervir.
— Por favor, senhor. Se deixarmos o garoto receber essa quantidade toda de energia, por mais forte que ele seja, irá morrer.
— Não faça nada, Hitogatsa.
— Mas senhor…
Ele olha para a expressão de Monsgold, que estava mais séria e fechada que nunca. Então, ele apenas observa o desfecho daquela luta.
— Bloqueia esse! Destruction Cannon!!!
O ataque pega Carlos em cheio, empurrando o mesmo por alguns metros, porém, Carlos não conseguiu impedir que o ataque o acertasse.
O ataque acertou Carlos e fez com que este se chocasse contra a parede da arquibancada, causando uma grande explosão.
— O que será que aconteceu? — perguntou o apresentador, preocupado.
A fumaça que cobriu a área se dissipando, surpreendendo a todos com aquela cena.
— Não é possível… — suspirou Ruko.
Isso porque Carlos ainda estava de pé, com o corpo todo ensanguentado e machucado.
— Vejam, ele ainda está de pé! — disse o apresentador, aliviado.
— Não pode ser. Eu o ataquei com todo o poder que eu tinha, mas ele ainda consegue ficar de pé!
— Você ainda pode lutar, Carlos? — perguntou o apresentador.
Carlos não conseguia dizer uma palavra, apenas estava de pé por causa de sua determinação.
— Carlos não possui mais condições de lutar, portanto o vencedor é…
Antes que o apresentador pudesse completar, a parte da arquibancada que o ataque de Ruko havia destruído começa a comprometer o resto da arquibancada, causando o desmoronamento da mesma.
As pessoas na arquibancada começam a ficar apavoradas enquanto tudo começava a cair, correndo para sair da arquibancada.
— O desafiante Ruko está desclassificado da luta por destruir a arquibancada do Coliseu. Então, a vitória é de Carlos.
— O que? — perguntou Ruko, sem acreditar.
— Nós já vimos o bastante — disse Monsgold.
Os médicos entraram rapidamente, buscando levar Carlos o mais rápido possível para a enfermaria.
Ruko, por sua vez, ainda não acreditava na sua desclassificação, entrando em estado de negação. Ele ameaça perder o controle, mas Hitogatsa aparece, colocando a espada contra suas costas.
— Se acalme, garoto.
— Vocês…
Ruko se vira, vendo Hitogatsa atra dele, juntamente a Monsgold mais atrás.
Ao ver aquela cena, Ruko entrou em uma modo de fúria intensa. Sua fúria foi tanta, que ele acabou liberando uma explosão de si mesmo, acertando os cavaleiros.
Uma fumaça negra cobriu a arena naquele momento, dificultando a visão de todos. Após a fumaça subir e sumir, Monsgold estava segurando Ruko contra o chão, o contendo.
— Malditos…
— Você sabe o que acabou de fazer, garoto? Quase matou dezenas de inocentes com seu ataque inconsequente — disse Monsgold
— Eu não tinha essa intenção…
— E porque nos atacou depois? — perguntou Hito.
— Vocês sabem muito bem porque eu os ataquei — sorriu ele
— Sim, eu sei. Hitogatsa?
— Sim.
Hitogatsa coloca as algemas anti-magia em Kuro, impedindo que o mesmo pudesse usar magia a partir de agora.
— Vão me matar como mataram meu pai?
— Você não sabe de nada, garoto. Leve-o, Hitogatsa.
— Certo.
Gabb apenas observava o que estava acontecendo, pensando no que estava ouvindo.
— Então esse ataque dele está ligado a morte do pai dele… Isso é bem estranho, não é, Luke? — perguntou ele. — Luke?
Ele se vira e vê que Luke não estava mais do seu lado.
— Não me diga que… — pensou Gabb
Hitogatsa levava Kuro para fora da arena, onde ali partiriam para o QG de Florensie. Monsgold avisava o apresentador o que aconteceria a partir dali, dizendo que o resultado seria dado em breve.
É quando Hitogatsa é sente seu pé preso ao solo, começando a congelar de baixo para cima.
— … é só esperar um pouco — dizia Monsgold
— Sim, senhor. Eu entendi, mas o que é aquilo? — apontou ele.
— O que?
Hitogatsa estava totalmente congelado, enquanto Kuro tentava entender o que havia acontecido.
— O que?
Um ataque vem direto na direção de Monsgold, que usa seus braços para bloquear. Consequentemente o braço dele é um pouco congelado, mas ele desfaz isso apenas com sua força bruta.
— Você…
— Desculpa, mas vocês não vão leva-lo.
O capítulo termina com a expressão furiosa de Monsgold encarando o sorriso confiante de Luke.
Continua no próximo capítulo.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 92
Comments