Professor

Gabb estava sentado em uma mesa, em uma casa bem calma. Ele adoçava uma bela xícara de chá, enquanto uma mulher estava em pé, séria, ao seu lado.

— E então, Gabb? Vai começar a falar quando!?

— É Agente Gabb, mocinha. 

— Tá… Agente Gabb. O que você sabe sobre aquele garoto? 

— O Luke — provou o chá — O Luke é um jovem que eu eu encontrei em Kuine. O cavaleiro local estava a sua procura, e eu apenas cumpri a missão de captura-lo.

— Capturar? Espera… Você trabalha para eles?

— Sim.

Hatsune saca a espada e coloca na direção da testa de Gabb, que continua tomando seu chá, calmamente.

— Não é exatamente o que você está pensando.

— Como você sabe o que eu estou pensando? Se você trabalha para eles, eu não posso confiar em você.

— Você já confia. Pois se eu não fosse confiável, já teria me atacado.

Gabb tira sua arma do bolso, colocando-a sobre a mesa, mostrando a Hatsune que a Colt V, nome da arma de Gabb, estava descarregada.

Colt V é um revólver de seis balas da cor prata. Ele utiliza pequenos projéteis como munição, que são recarregados a partir de um tambor localizado no cano da arma.

— Continue — disse Hatsune, abaixando sua espada.

— Como eu estava dizendo, eu tinha um acordo com o Cavaleiro de Kuine. Eu levaria Luke até ele, e ele apenas faria um interrogatório a Luke, porém, o Cavaleiro descumpriu este acordo quando prendeu o garoto em uma masmorra. Inclusive, ele deve estar em uma neste exato momento. Como eu sou um cara que não gosta quando essas coisas acontecem, eu tive que o ajudar e conseguimos fugir por pouco daquela masmorra.

— Então por que ele fez aquilo? Se sabia o que os cavaleiros fazem com os prisioneiros, por que arriscou a vida para salvar aquele garoto?

— Eu conheço Luke muito pouco, mas o que deu para perceber, é que ele não aparenta ser uma pessoa normal. Tudo que Luke faz, tem um propósito por trás. As vezes ele pode aparentar ser alguém impulsivo, mas ele sempre busca algo além do que aquela simples ação.

Ao ouvir as palavras de Gabb, Hatsune se recorda de imediato o que havia acontecido no torneio.

"Olha, eu acredito que seu amigo ficaria muito feliz de ver que você deu o seu melhor nessa luta"

— Algo além do que uma simples ação… — pensou ela.

— Acredito que queira ajudá-lo. Bom, eu também quero. Então o que acha de trabalharmos juntos para isso?

Já era tarde da noite e Vitor estava acordado. No seu quintal, e treinando, ele ainda pensava no que havia acontecido no final do torneio.

Em suas memórias, aquela cena que se repetia. Vitor havia perdido a última luta para Carlos, que conseguiu o vencer usando tudo que tinha.

— Aquele cara… Ele conseguiu meu vencer… Eu preciso treinar e ficar mais forte! Não posso aceitar fraquezas. Se eu quiser vence-lo em uma revanche, preciso aumentar ainda mais a intensidade do meu treinamento.

Vitor da um soco carregado na árvore, fazendo com que mesma fosse derrubada com o golpe. Vitor sorri, olhando para suas mãos carregadas de raios.

— Ainda mais forte.

Hitogatsa retornava ao QG dos Cavaleiros, após terminar de levar Luke e Kuro para a masmorra de Linkhad. Ao chegar ao salão principal, ele encontra Monsgold, parado, olhando para a uma extensa parede com alguns quadros.

— Os prisioneiros já foram devidamente colocados na cela, senhor. 

— Ótimo. Onde está o professor? Já retornou ao laboratório?

— Sim. Disse que tinhas alguns testes para terminar, e pediu que não fosse incomodado.

— Entendo. 

— Senhor, quanto ao filho do Konor…

— Eu sei, Hitogatsa. Eu sei exatamente o que você vai dizer. Nós erramos feio com Konor, mas não podemos deixar que seu filho cometa os mesmos erros que ele. Temos que mante-lo na masmorra por enquanto. Ele e o filho do Silva Shizuka.

Ele olha para um dos quadros que estava em sua parede e lá estava ele. O quadro de recompensa do reino por Silva Shizuka.

— Tudo começou aqui nesse lugar, a dezoito anos atrás. Não podemos cometer o erro de deixar que tudo se repita.

Próximo a onde ambos estavam, esta localizado o laboratório Florensie, onde o Professor Kikito faz seus estudos e trabalhos.

Já mostrado anteriormente, o Professor Kikito é um cientista de 38 anos, que trabalha para o reino Linkhad. Sendo homem de confiança de Monsgold, é ele quem gere todas as pesquisas no laboratório Florensie. Sua pele é branca e seus olhos são castanhos. Ele possui cabelo escuro e médio, também tendo uma pequena barbicha.

Kikito estava sentado em uma escrivaninha, enquanto fazia alguns rabiscos em um caderno. Enquanto desenhava, ele ouve um ligeiro barulho de alguém batendo na porta, fazendo com que ele tivesse que fechar o caderno e ir atender.

— Diga — perguntou ele, ao abrir

— Sou eu — disse o homem

— Ah, é você Hitogatsa. Entre!

Ele entra no laboratório, colocando uma caixa sobre a escrivaninha de Kikito, que fica curioso.

— O que são?

— Comida. Como sei que você gosta muito da comida de Florensie, eu a trouxe para você.

— Ah, obrigado Hitogatsa — disse ele, com olhar irônico

— De nada. E ae? Conseguiu algum avanço? — perguntou ele, olhando para os frascos na mesa

Kikito se aproximou, pegando um dos fracos e aproximando-o de seus olhos.

— Avancei um pouco. Está quase pronto, mas ainda precisa de algumas alterações para que fórmula esteja perfeita.

— Entendi. Bom, eu não entendo nada disso, então não vou nem opinar.

— E quanto aos garotos? Ja decidiram como irão fazer? — perguntou, mexendo o frasco

— Monsgold disse que devemos mante-los na masmorra até que possamos decidirmos o que fazer com ambos.

— Por que não a usamos neles?

— Usar que?

— A fórmula. Por que não as testamos neles? Assim acabaria de vez com um problema que poderia surgir no futuro.

— Isso não é uma má ideia, mas não acha que é perigoso usar algo assim em dois jovens?

— Só saberíamos se tentássemos.

Hitogatsa ficou olhando para Kikito, que continuava mexendo no frasco. Ele então resolve caminhar até a porta, deixando o laboratório.

— Já está ficando tarde e eu ja vou indo. Irei falar com Monsgold sobre a sua ideia. Até amanhã, Professor.

— Até.

Hitogatsa deixa o laboratório, fechando a porta e deixando Kikito novamente a sós.

— Aí, eu irei falar com Monsgold sobre a sua ideia. Eu não suporto mais você, Hitogatsa.

Kikito coloca o frasco no lugar, voltando a sentar na sua escrivaninha, e a abrir seu caderno.

— Tolos… Vocês estão agindo exatamente como eu pensei que agiriam. Nem mesmo sabem o que realmente está acontecendo.

Kikito sorri, enquanto passava folha a folha do caderno. Até que ele para em uma delas, onde havia o desenho de uma chama.

— Não sabem de nada. Nada!

Já é manhã, e Hitogatsa retorna ao QG dos Cavaleiros, para comunicar Monsgold sobre a ideia do Professor.

— Ele quer testar a fórmula dele em prisioneiros? Nem pensar. 

— Eu também pensei que você acharia que não seria boa ideia, senhor.

— Péssima ideia. Pra piorar, esses ainda são muito jovens. Vai saber qual vai ser a reação deles a algo assim — dizia ele, sério — Vamos arrumar outro jeito, mais seguro.

— Entendido, senhor.

— Leve comida para eles. Devem estar morrendo de fome naquele lugar.

— Certo.

Hitogatsa monta duas pequenas embalagens de alimentos e leva para a masmorra onde estavam presos Luke e Kuro. Chegando lá, ele encontra apenas Kuro dentro da cela.

— O que? Onde está o outro?

Ele coloca o rosto próximo as barras para tentar ver, é quando Luke aparece de cima da cela, puxando seu nariz.

— O que você tá fazendo, seu pirralho?

— Comida…

— Espera, eu vou te dar a comida. Larga o meu nariz, seu maluco!

Luke acaba por não conseguir se segurar na parte de cima da cela, caindo e acordando Kuro, que dormia um pouco próximo. Ao se levantar, ele vê Luke caído e Hitogatsa com uma caixa na mão.

— O que tá acontecendo?

— Aí... minhas costas!

Hitogatsa passa a caixa através das barras de proteção da cela, a colocando no chão, para que Luke e Kuro pudessem se alimentar.

— Você é muito estranho, garoto. Aí está, comida para vocês.

Luke rapidamente se levanta, abrindo a caixa e vendo dois potes cheios de comida.

— Muito obrigado! Já estava morrendo de fome. As duas são para mim, né?

— Não. Na verdade, uma é para o seu companheiro de cela.

— Ele não quer não!

— Eu quero sim!

— Viu, não quer!

Luke e Kuro pegam seus respectivos potes, sentando-se cada um em canto da cela, e começando a se alimentar logo em seguida.

— Hmmmm… Isso aqui tá maravilhoso — disse Luke

— É… Não tá tão ruim… — retrucou Kuro

— Bom, agora vou deixar vocês comerem em paz. Não aprontem enquanto eu estiver fora. Escutaram?

Ele olha para Luke e Kuro, que estavam quase enfiando o pote todo de comida dentro da boca. A expressão que Hitogatsa fez ao ver aquela cena era totalmente impagável.

— Eu vou dar o fora daqui antes que eu fique assim também.

Depois de entregar a comida a Luke e Kuro, Hitogatsa voltava aos seus afazeres de Cavaleiro. Depois de pegar sua espada em sua sala, ele deixaria o QG dos cavaleiros, saindo pela entrada principal.

Ele já estava quase no portão do local, quando encontrou uma garota, parada exatamente a sua frente. Ele a reconhece, pois lembra de ter a visto no torneio.

— Oi! Você é a garota que estava no torneio, não é? O que faz aqui?

— Você é o cavaleiro Hitogatsa, o Duelista de Florensie.

— Sim, mas me chamam apenas de Hitogatsa. O que deseja?

— Eu quero te desafiar para um duelo.

Hitogatsa olha fixamente para a garota, que também olhava fixamente para ele. Sem entender o porquê da garota ter dito aquilo, ele ri ironicamente.

— Como? Eu não entendi o que você quis dizer.

— É exatamente o que eu disse. Eu estou aqui, pois quero te enfrentar em uma luta.

Hatsune retira sua espada da bainha, a apontando na direção do cavaleiro. Este último ainda não entendia o motivo do desafio, e ainda desdenhava das palavras da espadachim.

— Escute, garota. Eu tenho coisas importantes para fazer, então sugiro que pare com essa sua ideia besta. Não posso lutar com uma simples garotinha. Eu sou um cavaleiro do reino.

— É apenas um simples duelo. Não esta me subestimando, né, cavaleiro Hitogatsa?

O cavaleiro se via em uma situação complicada. Mesmo sabendo que não poderia lutar com Hatsune por razões óbvias, as palavras da jovem garota a cativava, fazendo com que ele cada vez mais considerasse a possibilidade daquele duelo.

Continua no próximo capítulo.

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