Doença misteriosa

Há algumas horas atrás nas Ilhas Cook...

Théo desmaiou logo após a confissão de Milan, deixando todos em pânico e também o assunto em suspensão, ele ardia em febre, tremia e murmurava coisas initeligíveis com os lábios agora rachados pelo forte calor de sua pele. Maya fez compressas frias e ordenou que Pierre fosse atrás de ajuda na cidade, e de tempos em tempos ela lançava olhares irritados para a estrela que andava de um lado pro outro pela sala.

Maya: - Chega, fica quieto! Desse jeito vai abrir um buraco no chão de tanto andar pra lá e pra cá. - Fala isso enquanto tira a toalha molhada da testa de Théo.

Maya: - Minha nossa senhora! Parece que coloquei a toalha em água fervente!

Milan: - Vocês não tem uma poção de cura? - Ele arrisca olhar na direção deles cheio de preocupação.

Maya: - Poção? Você é o que um bruxo? É cada uma viu...

Milan: - Estrela, eu sou um Quasar. - Repete com desanimo.

Maya: - Como se eu soubesse o que é isso! E não importa agora! Eu não sei de que poção você fala, tá bom?

Milan não responde, ele vai pro banheiro se trancando lá, já não aguenta ver o Théo sofrendo, e é ainda pior ver ele sofrendo enquanto recebe olhares zangados e julgadores da Maya.

Pierre retorna com um enfermeiro da cidade, ele é um conhecido e amigo que topou examinar o Théo de graça, depois de tirar a temperatura e fazer alguns exames visuais, ele diz que aparentemente Théo foi picado por um inseto chamado Pulga de 24 horas, a doença causada por ele conhecida como Febre de um dia, não tem tratamento conhecido e muitos turistas desavisados já a contraíram e acabaram morrendo da doença, segundo o enfermeiro a doença é facilmente evitável com o uso de repelentes e de camisas de manga longa ao entrar na mata, mas muita gente acaba não fazendo isso.

Pierre: - Droga, O Théo sente muito calor, então quanto mais quente o lugar menos roupa ele usa.

Maya: - Isso é um absurdo tem que haver cura pra essa doença!

Enfermeiro: - Se ele sobreviver as primeiras 24 horas, então a doença não será fatal, no máximo terá alguma sequela.

Maya: - Sequela?

Enfermeiro: - Bom sim, ele pode ter dificuldade de fala, perda do movimento dos membros superiores, cegueira, entre outras coisas....

Em desespero ela e Pierre se revezam em cuidar de Théo mal notando quando o enfermeiro vai embora, já fazem mais ou menos 14 horas desde que ele foi picado e adoeceu e não há nenhum sinal de melhora. Maya fala o tempo todo sobre como Milan está sendo insensível trancado no banheiro sem ligar a mínima se o amigo deles está ali morrendo.

No banheiro as lágrimas caem em peso dos olhos de Milan, ele quer ajudar, mas, não sabe como, ele sem sente muito culpado por ser só mais um problema na vida dos três ali. Aflito ele se olha no espelho, apesar do nariz levemente avermelhado e dos olhos inchados do choro o que ele nota de verdade é a fina camada de pó se desprendendo de sua pele, então sua mente é tomada por um flash back.

Austéria, 95 anos atrás.

Obion: - Bem vindos, vossa majestade, vossa alteza ! Em que posso ajudar hoje? - O homem se curva ao notar a chegada da rainha e do príncipe.

Rainha Ataliah: - Olá, Obion! Milan e eu estávamos lendo alguns livros, dessa vez sobre as artes medicinais e nós ficamos um pouco curiosos. - Ela sorri para o filho.

Milan: - Obion, será que eu posso passar o dia de hoje aprendendo um pouco com você? - Ele olha para a mãe e para o curandeiro com espectativa.

Obion: - Se esse é o desejo de vossa alteza, não vejo por que não! - Ele olha sério para a rainha se perguntando se ela vai ficar por ali também.

A rainha faz um cumprimento com a cabeça para ambos, aquele é um dos raros dias em que ela se sente totalmente bem, ela se senta num banco da enfermaria e começa a folhear um livro que trouxe consigo. Fica claro que ela só está ali pelo filho, para que o marido não chegue e cause transtornos por algum motivo absurdo e descontasse nos criados.

Milan passa o dia inteiro aprendendo a fazer remédios, poções e pós para todos os tipos de coisas, é difícil para as estrelas ficarem doentes, mas, não é impossível, elas são afetadas principalmente por doenças mentais por isso sua medicina era quase que totalmente voltada para isso e a base para a maioria dos remédios era o pó de estrela.

Obion: - O pó de estrela cura quase tudo Milan, há anos nossos estudiosos tentam descobrir suas propriedades, ou por que nosso corpo o produz diariamente sem sucesso. - Diz após recolher uma leva do pó de alguns criados do palácio.

Milan: - Eu li que o pó de estrela de um quasar como eu, é mais potente do que o de estrelas de outra raça, é verdade?

Obion: - Sim, de acordo com estudos quanto mais forte e mais habilidosa for a sua raça mais potente é o pó produzido pela estrela em questão.

Milan: - E o que pode ser curado com o mais potente dos pós de estrelas? - Pergunta se inclinado sobre a bancada.

Obion: - Uma pergunta mais coerente é: O que não pode ser curado por ele? - Diz com um meio sorriso.

Milan: - Então o que não pode?

Obion: - Isso ainda está para ser descoberto eu presumo! - Entrega um vidrinho com o pó recolhido do príncipe.

De volta ao presente:

Toc toc. Toc toc. Toc toc. Toc toc. Toc toc. Toc toc

Milan é arrancado de suas memórias por batidas ritmadas na porta do banheiro, ele escuta um longo suspiro após o último Toc toc. Se olha no espelho mais uma vez e então abre a porta.

Maya: - Quanto tempo mais você pretende ficar trancado aí feito um inútil? - Ela diz azeda.

Milan : - Desc... - Ele começa a dizer antes de se ver sendo sacudido por ela, o pó brilhante se desprendendo de sua pele e caindo por todo lado.

Maya: - Eu não acredito nisso, o Théo ali quase morrendo e você no banheiro se enchendo de glitter? Vai pra onde pro carnaval? - Ela dá um cascudo na cabeça dele com raiva.

Milan: - Aí, mas o que foi isso? Eu nem sei o que é glitter! - Ele já está ficando indignado com as ações dela.

Pierre: - May, não tem porque você procurar em quem descontar sua raiva, não é culpa do garoto. - Ele olha para Miles de forma estranha.

Milan: Eu não estava no banheiro passando nada, eu só não sabia o que fazer. - Funga.

Maya: - Então o que é isso na sua pele? Não somos cegos sabe... - Bufa.

Pierre: - É nisso aí não da pra eu te defender. - Pigarreia.

Milan: - Eu já disse! Sou uma estrela, isso é um pó natural que saí da minha pele, só não viram ele ontem por que eu escondi.

De repente ele corre para a geladeira pegando uma garrafa de água, tira um pouco do pó de suas mãos e mistura na água então vai até o Théo e se senta perto dele para fazer com que ele beba a mistura, mas, Pierre segura seu pulso.

Pierre: O que pensa que vai fazer? - Olha intrigado.

Milan: - Lembrei que ainda estão pra descobrir o que não pode ser curado com pó de estrela! - Ele diz resoluto.

Maya continua parada do outro lado da sala, a pele de Milan não só está coberta de pó brilhante, ele por si só parece brilhar iluminando a sala, seu cabelos caem sobre os olhos e ele não os afasta apenas continua olhando de maneira decidida pro Théo como se não houvesse mais ninguém na sala, a mistura na garrafa começa a brilhar também.

A Estrela leva lentamente a água que agora está cintilante a boca do enfermo deixando cair pequenos goles na garganta dele e observando se ele consegue engolir, quando verifica que o líquido foi engolido, ele deixar cair mais um gole e repete esse procedimento até a garrafa estar vazia.

Todos olham para o Théo com esperança porém nada parece ter mudando ele está imóvel e bem pálido... Milan se deixa deslizar para o chão, as mãos cobrindo a cabeça enquanto lágrimas descem por seu rosto, ele se sentia inútil, sua vida foi salva por aquele homem e ele não conseguia nem ajudar quando era preciso.

*É Obion parece que eu descobri algo que não pode ser curado pelo pó de estrela, infelizmente.*

Maya: - Vo... você é mesmo uma estrela? - Ela sussura.

Milan: - Sim!

Pierre: - Esse pó ele realmente é curativo, não é? - Ele toca o ombro do rapaz tentando fazer com que ele olhe pra cima.

Milan no entanto não levanta a cabeça.

*Ele acha que eu tentei envenenar o Théo?*

Pierre: - Não me leve a mal, é que eu verifiquei e a febre dele sumiu como se nem tivesse existido. - Diz rindo com alívio.

Maya se aproxima verificando o termômetro, quando Miles finalmente levanta a cabeça ele sorri entre as lágrimas, pois, seu olhar encontra os olhos dourados de Théo recém abertos o fitando, Theodoro se move lentamente e estendendo a mão alcança os cabelos brancos dele fazendo um cafuné desajeitado.

Milan: - Funcionou, você está bem! - Enxuga as lágrimas.

*Graças ao Cosmos*

Maya e Pierre se jogam sobre os dois felizes formando um abraço grupal, Milan grita de surpresa e Théo reclama com o corpo ainda levemente dolorido enquanto todos pesam sobre ele, mas, no fim todos começam a rir.

Théo: - Amanhã a gente conversar sobre aquele lance de Czar, tá certo? - Diz se sentando no sofá.

Milan: - Quasar... - Abaixa os olhos com medo.

Théo: - Eu tava quase morrendo minutos atrás... mereço um desconto né? - Afaga a cabeça de Milan.

Maya e Pierre: Claro amanhã conversamos. - Trocam um olhar de quem sabe de algo a mais.

Miles observa enquanto Théo sobe devagarinho as escadas com Pierre na cola dele, cuidando para ele não cair, Maya desapareceu indo para algum lugar sem que ele sequer percebesse, ele se senta no sofá olhando o pássaro que dormia quietinho, tentando se preparar mentalmente para o dia seguinte.

*De um jeito ou de outro me sinto mais leve por não ter mais que mentir*

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