Nova casa

A noite estava quase no fim, já fazia algumas horas que ele foi para "casa" com eles, ele estranhou que a Maya havia ido junto com os dois, mas, quando chegaram ao local eles explicaram que eram pelo que Milan entendeu uma espécie de pesquisadores e que moravam e trabalhavam juntos naquele pequeno duplex: o primeiro andar era onde eles trabalhavam tendo ali dois escritórios, uma sala comum e um banheiro, já o segundo andar possuía quatro quartos, uma cozinha/sala e um banheiro e era tudo compartilhado.

Como suas roupas estavam em frangalhos ele recebeu do Théo uma muda de roupas que ficavam largas demais devido ao seu físico mais esguio que o do outro, depois de um banho quente num cubículo estranho, Maya o esperava do lado da porta e o acompanhou pelo corredor, ela ia lhe mostrar onde ele poderia dormir, as portas dos quartos eram coloridas de cores diferentes: azul, roxo, verde e amarelo, coisa da qual ele gostou muito, eles pararam em frente a porta amarela que ficava de frente para a porta verde, ele reparou que a porta verde tinha um sinal de não entre e outras imagens que ele não sabia indentificar, mas, logo foi distraído pela porta amarela sendo aberta.

O quarto em si não era grande como o que ele estava acostumado no palácio ao invés disso era pequeno e impessoal quase que sem vida, não tinha cama, apenas um armário estranho e um parapeito com banco interno numa única janela com uma cortina sem graça, a tinta das paredes descascava e parecia suja ...

Maya: - Eu sei é feinho né? Ninguém nunca mexeu nele desde que viemos pra cá e ainda tem aquelas tranqueiras ali no canto - Aponta para várias caixas que tomam parte do ambiente.

Maya: - Théo vai trazer um colchão pra você mais tarde e amanhã vamos numa loja de usados, você pode escolher o que quiser pra pro aqui, e inclusive se tiver algo que goste nas caixas pode usar.

Milan: - Obrigado! De verdade! - Ele segura a mão dela comovido era incomum pessoas além de sua mãe e irmãs o tratarem bem assim.

Na hora do jantar comeu pouco, a comida era estranha para ele, mas, bem saborosa, ainda assim seu apetite não era muito, ele se sentia cada vez pior, Théo era super gentil com ele enquanto ele mentia descaradamente sobre não se lembrar de nada, uma onda de alívio o preencheu quando ele sumiu pela porta azul sem o encher de perguntas como ele temia, só que isso não poderia ser mantido para sempre.

Pior ainda a May não disse nada sobre Austéria, estranhamente ela estava em silêncio pela primeira vez desde que ele a conheceu, sentada com fios estranhos no ouvido e o olhar perdido, parecia bem longe dali, ela havia se esquecido? Ou estava esperando para ver até onde ele ia antes de desmacara - lo na frente de todos, as vezes ela batucava com os talheres na ponta da mesa e ele a olhava apreensivo, como se esperasse que ela pulasse na mesa lhe enchendo de perguntas e acusações.

Alguém entra na casa de forma espalhafatosa e barulhenta, ele pula de susto automaticamente se escondendo atrás da cadeira de Maya que ainda comia distraída.

Homem: - Pfff, que isso? Com o seu tamanho acha mesmo que consegue se esconder atrás dessa aí?

Maya retira os fones de ouvido e olha pra Milan que ainda permanece abaixado atrás de sua cadeira, seus olhos se enchem de ternura por que ele parece um filhotinho fofo recém adotado e assustado com o novo ambiente.

Maya: - Pierre você não sabe bater na porta não? - Ela se vira e puxa a mão de Miles para que ele saia de trás dela.

Ele saí relutante, seus olhos desconfiados fitando o estranho num misto de curiosidade e receio, é nesse momento que Théo que estava no banho volta para a sala, ele veste apenas uma bermuda e camiseta por que é muito calorento, seu cabelo agora trançado e seco lhe dá uma aparência mais séria e Milan recua ainda mais voltando para trás da May.

Théo: - Pierre, achei que ia nos encontrar no píer mais cedo! - Ele passa a mão na testa já suado apesar do banho recente.

Pierre: - Primeiro: Maya, eu moro aqui, por que diabos bateria na porta? - Ele olha de maneira divertida para o rapaz alto que ainda tenta se esconder.

Pierre: - Foi mal, Grande T, eu tive alguns transtornos que acabaram me deixando impossibilitado de comparecer hoje! Perdi algo importante? - Ele diz olhando ainda mais fixamente pro Miles.

Maya: - Sim, esse foi de longe o dia mais emocionante em semanas, eu achei um cadáver!

Pierre arregala os olhos espantado: - Que? Um cadáver? Foi assassinato?

*Ai meu Deus, justo quando eu não fui!*

Pierre é um historiador afixionado por histórias de conspirações e assassinatos, tinha mania de tentar bancar o detetive em casos dos mais triviais achando que tinha algo a mais por detrás deles, mas, mesmo se houvesse com sua péssima memória ele não conseguiria manter uma pista em mente por muito tempo.

Théo: - Não havia cadáver nenhum, só um jovem perdido. - Ele aponta para Milan que agora está de olhos fechados e de mãos dadas com a Maya.

Théo: - Mile? O Pierre faz parte da equipe, ele trabalha e mora aqui com a gente. - Milan abre os olhos e olha pro Théo ao invés de olhar pro tal Pierre.

Maya: - Ele é meio espalhafatoso mas é do bem, não se preocupa não! - Ela dá palmadinhas na mão dele e a solta.

Milan: - Olá, eu sou Milan! Eu vou ficar aqui até...

Maya: - Ai, ele perdeu a memória então não enche ele de perguntas Pierre!

Pierre: - Mas hein? Eu nem perguntei nada! Pai do céu, mal cheguei e já to sendo maltratado.

Maya: - Já começou o drama, tá tarde pra isso, não acha não?

Milan: - Tá tudo bem, eu não fui incomodado, sua pele é dessa cor mesmo? - Ele pergunta fascinado.

Pierre: - Avah! Não me diga que você é um racista? - Ele olha para sua pele negra e estufa o peito orgulhoso desafiando o outro a mostrar qualquer preconceito contra.

Milan: - Racista? Eu acho que não sou isso não, é que sua pele tem um tom muito lindo! Nunca vi igual! - Ele se pergunta se seria rude pedir pra tocar.

Pierre tosse corando e responde: - Olha só rapaz, você não vai ganhar nada puxando o meu saco por aqui, sabia?

Milan: Quê? Mas eu não puxei nada! - Ele diz confuso.

Théo ri alto chamando a atenção de todos e interrompendo a conversa.

* Deus! Eu amo esses doidos*

Suspirando *Espero que Milan se sinta seguro aqui e se recupere logo.*

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