Lançado

Ignorando a mulher a sua frente Orestes partiu para cima do filho a fim de matá - lo, ele iria feri-lo mesmo que tivesse que transpassar aquele monstro que antes fora a rainha para isso. Num ato reflexo, sem pensar muito Milan puxou a mãe do caminho se curvando sobre ela para protegê - la e se colocando consequentemente entre ela e o pai.

Aquela foi a primeira vez que ele sentiu dor física em toda sua vida, uma ardência pulsante e dilacerante tomou todo seu braço esquerdo partindo do local atingido até a sua extremidade, ele se virou para o pai a fim de melhor se proteger, ainda mantendo a mãe resguardada a suas costas, mesmo com o braço ferido ele conseguiu tomar a espada e derrubar o rei.

Milan: - Desista! - Ele olhou com nojo para o homem caído a sua frente.

O príncipe começou a se virar para a mãe, já estranhando o fato dela estar tão quieta, porém, antes que de fato ele se virasse sua atenção foi totalmente tomada pelo grito horrível que o rei deixou escapar... Olhando novamente para o pai sem entender nada:

Milan: - O que está acontecendo? - Desconfiado ele dá um passo em direção a Orestes, mas, para ao se aperceber disso.

Uma poça de sangue enorme começa a se formar aos bobortões embaixo dele, repentinamente é como se o rei de aparência sempre austera e impecável, tivesse envelhecido milhares de anos de uma só vez, ele parecia menor, abatido e trêmulo, apenas seus olhos permaneciam os mesmo, cheios de ódio e desdém.

Rei Orestes: - Você deveria morrer... você... Sim, você não eu! - As palavras saiam emboladas, mas, Miles estava perto o bastante para entende-las muito bem.

Milan: - Eu amava você, pai! Mesmo você nunca se interessando em saber quem eu sou. - Os olhos dele se enchem de lágrimas e ele para.

Rei Orestes: - Eu nunca sequer pensei em você como uma pessoa. Você não é nada! - Ele destila todo seu veneno.

Orestes: - Argh, para! - Ataliah saltou sobre ele e apertava seu pescoço.

Milan: - Mãe, não! - Ele tenta puxá - la, mas acaba sendo lançado por ela para os fundos da sala.

Milan: - Aaaaaah! Urgh! - A dor piora.

As costas e cabeça do jovem se chocaram contra uma coluna semi destruída, instantâneamente ele sentiu a boca se enchendo de sangue e sua visão foi ficando borrada. Ele tentava falar, mas, nenhuma palavra saía, a dor nas costelas era ainda pior que a de quando ele foi cortado pela espada instantes atrás, ele não conseguia mais organizar os próprios pensamento e estava quase ficando inconsciente.

Apenas os gritos de Orestes preenchiam o salão lúgubre, a rainha não tinha nenhuma dó ou piedade ao vê-lo esperniando e sangrando cada vez mais, apenas quando ela ouviu o som de alguém engasgando atrás de si foi que ela saiu de cima do marido. Os olhos vazios e sem vida se encheram de algo que parecia preocupação.

*O que ela fazia ali?*

*Por que seu coração doía ao ver aquele rapaz lutando para respirar em meio ao sangue que saía de sua boca e nariz?*

*Ela não sabia, ela não ligava ou ligava?*

A mente dela antes voltada apenas para a destruição estava nublada de perguntas, ela não queria sentir mais, sentir doía, doía demais e ela estava cansada disso, se livrar do garoto talvez resolvesse o problema.

*Por que ela não atacou ele antes mesmo?*

Miles viu que alguém se aproximava dele, em meio aos borrões que insistiam em prejudicar sua visão, só que ele não conseguia discernir quem era. Dedos gelados apertaram seu pescoço de repente, primeiro frouxamente, depois cada vez mais firmes e com força o impedindo de respirar, seu peito se tornou pesado, dolorido... Misteriosamente sua visão se tornou clara por um instante antes de se tornar mais uma vez nublada, dessa vez por causa das lágrimas.

Milan: - Est... Está tudo be... bem mamãe! Tu... tudo va... vai ficar bem agora!

Suas lágrimas quentes caíram sobre as mãos da mãe, ele não impôs qualquer resistência enquanto ela o sufocava, seus olhos transmitiam uma tristeza infinita, sua alma estava fria, ele estava resignado, se aquele deveria ser o seu destino então tudo bem, se aquilo acabasse com todo o sofrimento dela, seria um preço pequeno a se pagar... A escuridão o engoliu!

Ela abriu os olhos, não se lembrava de tê - los fechado, algo pegajoso fluia entre seus dedos, um vento fraco e morno soprava levemente em seu rosto de tempos em tempos, um rapaz belíssimo estava na sua frente, tanto o rosto dele quanto suas roupas estavam manchados de sangue, ele parecia estar semi inconsciente, lágrimas desciam pelas bochechas dele se misturando ao sangue e iam caindo nas mãos dela que apertavam - lhe sem dó o pescoço.

Ela olhou horrorizada para as próprias mãos, ela o estava matando, não fazia idéia de quem ele era, mas, sentia que o amava muito, que daria sua vida pela vida dele a qualquer hora e em qualquer lugar. Então o que era aquilo? Que maldita situação era aquela?

Num último átimo de consciência e lembrança de si mesma, a rainha viu um filme fluindo em sua mente: O nascimento de seu pequeno, sua alegria intensa ao segura - lo pela primeira vez, todos os momentos deles juntos e com as meninas rindo e se divertindo em seus aposentos, seu orgulho ao ver o homem gentil e inteligente que ele se tornou, sua dor ao ver o marido priva - la de de ver e conviver com o filho...

Lágrimas encheram os olhos negros dela, e foi utilizando toda a sua força e todo seu poder restante que Ataliah lançou o filho para fora do reino deles, fazendo o chegar em segurança no planeta mais próximo... Tudo que ela sabia era que precisava salva - lo de si mesma, pois, não seria capaz de se controlar por muito mais tempo...

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