**Capítulo 10: O Enxame da Traição**
A vitória na Praça das Luzes deixara um rastro de esperança frágil. Nos dias seguintes, a resistência ganhara novos recrutas — entre eles, um homem enigmático que se autointitulava **Blight Bug**. Usando um sobretudo remendado e uma máscara respiratória enferrujada, ele chegara ao esconderijo com um exército de insetos rastejando em seu encalço.
— Posso sentir a podridão desta cidade através deles, — sussurrou, erguendo a mão enquanto besouros metálicos (resultado da poluição genética de Neo-Luz) formavam um mapa 3D do Distrito Industrial. — E posso *destruí-la* pelos mesmos meios.
Lia hesitara, mas os insetos de Blight Bug provaram seu valor. Baratas ciborgues desativaram sistemas de segurança. Mariposas com asas de vidro intoxicaram reservatórios de água usados pela Guarda de Élite. Até Artur, sempre cético, admitiu:
— O cara é estranho, mas útil.
Igor, porém, observava em silêncio. — Ele sorri demais para quem perdeu tudo, — comentou certa noite, afiando uma lâmina.
***
**Três dias depois.**
A missão era simples: invadir um trem de carga transportando armas para a Liga Heroica. Blight Bug liderou o ataque, seus insetos corroendo os portões de aço enquanto a resistência emboscava os guardas.
— Avancem! — Lia gritou, usando uma placa de metal como escudo contra os disparos.
Foi então que os grilos começaram a cantar.
Um som agudo, dissonante, ecoou pelo comboio. Os insetos de Blight Bug, antes controlados, viraram-se contra a resistência. Baratas gigantescas atacaram Sofia, imobilizando-a. Abelhas mecânicas cercaram Artur, forçando-o a criar hologramas em pânico.
— **Blight Bug!** — Lia rugiu, desviando de um besouro-jaguar. — O que está fazendo?!
O homem riu, a máscara distorcendo sua voz em algo metálico. — Cumprindo minha *verdadeira* missão, "Líder".
Igor saltou na frente de Lia, suas facas brilhando. — *Corra!*
Mas Blight Bug estalou os dedos. Um enxame de vespas negras mergulhou em Igor, injetando uma toxina que o fez cair de joelhos.
— *Não!* — Lia avançou, mas os insetos formaram uma muralha intransponível.
Blight Bug ergueu Igor pelo pescoço, seu corpo convulsivo. — Os Deuses de Aço pagaram bem por um *especificação biológica*. Seu DNA de estrategista... será útil. — Com um gesto, formigas-carregadeiras arrastaram Igor para as sombras.
— **Você vai morrer por isso!** — Artur gritou, mas Blight Bug já desaparecia, levado por um rio de insetos.
***
No quartel-general dos Deuses de Aço — uma torre de titânio acima das nuvens tóxicas —, Blight Bug ajoelhou-se diante de figuras envoltas em névoa industrial. O corpo de Igor jazia em uma mesa de cirurgia, cercado por tubos e máquinas.
— O sujeito de teste está pronto, — anunciou um Deus com voz de sintetizador. — O Projeto Fênix Renascido começará.
Blight Bug sorriu. Seu verdadeiro patrão não era a Liga Heroica, mas os magnatas que desejavam *superar* a humanidade. Igor seria desmontado, transformado em uma arma biomecânica — um líder para um exército de *insetos-humanos* obedientes.
— A resistência acredita que derrubou um regime, — sussurrou Blight Bug, acariciando uma aranha de aço que pairava sobre Igor. — Mas eles só trocaram um pesadelo por outro.
***
De volta ao esconderijo, Lia encarava o vazio deixado por Igor. Sofia digitava furiosamente, rastreando sinais do corpo roubado. Artur, sem hologramas ou piadas, quebrou o silêncio:
— Ele sabia. Igor sempre desconfiou daquele maldito...
Lia fechou os olhos, sentindo o metal ao redor vibrar de raça. — Não vamos enterrá-lo. Vamos *resgatá-lo*. — Ergueu a chave de fenda que pertencera ao pai. — E depois, queimaremos até o último desses Deuses.
Fora, a chuva ácida dissolveu um cartaz de Captain Virtue. No seu lugar, alguém grafitiara:
**"OS INSETOS SÓ REINAM ONDE A LUZ FALHA."**
A guerra entrava em uma nova fase — e Blight Bug era só o primeiro aviso.
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