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**Capítulo 9: Fênix Ascendente**

A noite em Neo-Luz carregava o cheiro de chuva ácida e revolução. Nas sombras do Distrito 9, o esconderijo da resistência fervilhava como um vespeiro. Telas piscavam com mapas da cidade, rotas de evacuação e códigos do Protocolo Fênix que Lia roubara. O relógio marcava **47 horas e 12 minutos** desde a descoberta do plano de extermínio.

— O Protocolo será ativado na Praça das Luzes, — Sofia explicou, projetando um esquema da praça. — Eles usaram o sistema de drenagem para instalar canhões termogênicos sob o calçamento. Quando ativados, vão carbonizar tudo num raio de 500 metros. — Sua voz fraquejou por um instante. — Fingirão que foi um vazamento de usina.

Artur rodopiava uma chave de fenda holográfica entre os dedos. — Então vamos fazer o Fênix deles cuspir fogo contra o próprio ninho. — Seus olhos brilharam. — Se hackeamos os canhões para superaquecerem ANTES da hora, a explosão será na cara deles.

Igor cruzou os braços, cético. — E como entramos na praça? Estará cercada pela Guarda de Élite.

Lia ergueu o pendrive com os dados roubados. — Com isso. O sistema de segurança reconhece bioassinaturas autorizadas. — Ela olhou para Sofia. — Você consegue replicar a identidade do Capitão?

— Por 10 minutos, talvez. — Sofia digitou frenética. — Mas assim que o alarme soar…

— Dez minutos são suficientes. — Lia prendeu o cabelo, revelando a cicatriz fresca no ombro. — Eu entro, reprogramo os canhões e saio antes que o Capitão perceba.

Artur ergueu a mão. — *Nós* entramos. Seus hologramas podem confundir os sensores.

— Não. — A voz de Lia foi cortante. — Se algo der errado, preciso que vocês evoquem as projeções nas telas da cidade. Mostrem a verdade *enquanto* o fogo deles queimar.

Um silêncio pesou. Todos sabiam o que aquilo significava: Lia estava se oferecendo como isca.

***

**24 horas depois.**

A Praça das Luzes estava irreconhecível. Barreiras de energia isolavam o perímetro, enquanto drones de vigilância zumbiam como insetos mecânicos. No centro, uma equipe de "técnicos" da Liga Heroica ajustava os canhões disfarçados de obras de infraestrutura.

Lia, usando um uniforme roubado e uma máscara de identidade falsa, caminhava entre eles. Seu coração batia no ritmo da contagem regressiva: **15 minutos** para a ativação.

— Parada! — Um guarda bloqueou seu caminho. — Credencial?

Ela ergueu o dispositivo de Sofia. O holograma do Capitão Virtue piscou em verde.

— Autorizado. — O guarda recuou.

Sob o calçamento, os canhões termogênicos eram monstruosidades de metal negro. Lia conectou o dispositivo de reprogramação, mas uma voz fez seu sangue gelar:

— Interessante. Nunca imaginei que uma rata de esgoto fosse tão *ousada*.

Lady Vex surgiu da escuridão, seu vestido prateado refletindo a luz como uma lâmina.

— Você… — Lia engoliu seco.

— Achou que eu não monitoraria nosso *presente* para a cidade? — A vilã sorriu, tocando a própria têmpora. — Sua mente é tão barulhenta, querida. Pude ouvir seus planinhos desde ontem.

Um aperto no peito. *Eles sabiam.* Era uma armadilha.

Lady Vex estalou os dedos. Guardas emergiram das sombras, armas apontadas. — O Protocolo será adiantado. Agora.

A praça começou a vibrar.

***

No esconderijo, Sofia gritou: — Os canhões estão ativando! Eles mudaram o cronograma!

Artur se levantou tão rápido que a cadeira caiu. — Lia está lá!

— *Esperem.* — Igor segurou seu braço. — Se corrermos sem plano, seremos mortos.

— E se ficarmos, ela morre! — Artur sacudiu o braço livre. — Ativem as projeções. *Agora.*

Sofia apertou *enter*.

Em toda a cidade, telas de publicidade piscaram. Hologramas gigantes de Captain Virtue e Lady Vex discursando sobre o Protocolo Fênix invadiram o céu. A população parou. Assistiu. *Entendeu.*

Na praça, Lia lutava. Seu poder arrancava placas de metal do chão, transformando-as em escudos contra os disparos. Lady Vex, porém, era implacável.

— Você é fraca, — a vilã sussurrou, invadindo a mente de Lia com visões da noite em que seus pais morreram. — Assim como eles.

Lia gritou, caindo de joelhos. O metal ao redor tremeu.

Foi quando os hologramas de Artur irromperam no céu. Vozes amplificadas ecoaram:

— **ESTÃO ASSASSINANDO VOCÊS!** — Era Lia, em uma gravação vazada da noite anterior. — **O Fênix é uma farsa!**

A multidão que começara a se formar nas ruas circunvizinhas rugiu. Pedras, garrafas, qualquer coisa voou contra as barreiras de energia.

Lady Vex perdeu o foco por um segundo. Foi o que Lia precisava.

Com um urro gutural, ela canalizou toda a dor, toda a raiva, em um único comando ao metal. Os canhões termogênicos **entortaram-se** como papel, apontando para o céu.

— *Não!* — Lady Vex avançou, mas era tarde.

O primeiro disparo incinerou três drones. O segundo atingiu a torre de transmissão da Liga Heroica. O terceiro…

— **Pare!** — Captain Virtue aterrissou como um meteoro, suas mãos envolvendo o último canhão. O metal derreteu sob seu toque.

Lia, sangrando e exausta, sorriu. — Muito tarde, herói. Olhe ao redor.

A praça estava cercada. Cidadãos, revoltosos, até membros da Guarda que desertaram. As telas mostravam Lady Vex admitindo o plano em uma gravação que Sofia hackeara.

— Sua máscara quebrou, — Lia cuspiu. — Ninguém mais acredita em vocês.

Captain Virtue olhou para a multidão, para os próprios aliados recuando. Pela primeira vez, seu rosto mostrou uma rachadura: **medo.**

— Isso não acabará aqui, — ele rosnou, erguendo voo com Lady Vex. — Você só adiou o inevitável.

Lia desabou no chão, mas manteve a cabeça erguida. Enquanto os rebeldes invadiam a praça, desativando os canhões, ela sussurrou para o vento:

— A fênix deles queimou. Agora, nossa revolução renasce.

***

**Amanhecer.**

Nas ruínas da Praça das Luzes, a população de Neo-Luz ergueu uma nova estátua: uma chama feita de metal retorcido, retirado dos canhões. Lia, de pé ao lado de Artur e Sofia, observava.

— Eles fugiram, mas não estão derrotados, — disse Sofia.

— Não, — Lia concordou. — Mas hoje, o povo viu que até heróis podem sangrar.

Artur colocou uma mão em seu ombro ferido. — E você?

Ela tocou a cicatriz, sorrindo. — Só mais uma marca para contar nossa história.

Enquanto o sol nascia, manchado pela poluição mas persistente, uma palavra ecoou nas ruas, primeiro em sussurros, depois em gritos:

— **Lia.**

— **Lia.**

— **LIA.**

A garota que desafiará os deuses de aço.

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