Capítulo 14: A Última Linha de Defesa

O céu parecia se fechar sobre eles, uma imensa capa de escuridão que não oferecia qualquer consolo. O vento cortante fazia as árvores balançarem como se estivessem tentando se livrar de algo invisível. Hana e Jiwoo estavam na periferia da cidade, o coração de ambos acelerado, mas agora havia algo novo em seus olhos — um tipo de determinação que vinha da necessidade de sobreviver.

O homem de terno, o líder da organização, ainda estava em seu encalço, e o que quer que tivesse acontecido naquela noite não era mais um simples jogo. Era uma guerra. E a luta por suas vidas havia se tornado pessoal.

"Vamos, precisamos sair daqui", Jiwoo disse, a urgência em sua voz se misturando com a exaustão. Ele estava respirando com dificuldade, mas seus olhos ainda estavam focados, prontos para mais uma batalha. Hana sabia que ele estava tentando se manter forte, mas também via a luta interna que ele estava travando — o peso do passado e a carga de seu presente.

"Mas para onde vamos?" Hana perguntou, sua voz baixa, mas carregada de tensão. Ela sabia que não havia lugar seguro, mas havia algo em sua mente, uma ideia, uma solução que ela ainda não conseguia articular completamente.

Jiwoo parou, virando-se para ela com um olhar que transparecia uma combinação de preocupação e algo mais profundo — um medo de perdê-la. "Eu não quero mais te colocar em perigo, Hana. Você não entende o que esses homens são capazes de fazer."

Hana tocou seu braço com firmeza. "Eu sei o que você está tentando fazer. Está tentando me proteger. Mas você não vai conseguir, Jiwoo. Se você realmente quer acabar com isso, vamos fazer isso juntos. Não podemos mais fugir."

Os olhos de Jiwoo estavam cheios de conflito. Ele queria acreditar nela, mas o medo ainda estava enraizado em suas veias. O medo de que ela fosse se perder nesse jogo mortal. "Não posso mais perder pessoas. Não posso mais arriscar a sua vida."

"Você não vai me perder", ela respondeu com convicção, um pouco mais forte agora. "Nós ainda temos uma chance. Não há mais volta, Jiwoo. Eles não vão nos deixar em paz. Mas você e eu, juntos, podemos reverter isso."

Eles estavam num beco sem saída. Literalmente e figurativamente. Jiwoo sabia que a única forma de enfrentarem isso era indo até o fim, enfrentando o inimigo diretamente. Não havia mais opções. Mas mesmo assim, ele hesitava.

"O que você sugeriria fazer?", ele perguntou, seu tom suavizando, deixando escapar um leve sorriso. Era uma tentativa de aliviar a tensão, mas também um sinal de que ele estava finalmente disposto a seguir o plano dela. A confiança que ela havia depositado nele estava começando a funcionar.

Hana respirou fundo. Ela sabia que agora não era hora de hesitar. Eles estavam em um ponto crucial, e não podiam mais se permitir voltar atrás. "Temos que ir até o centro da cidade, na área dos armazéns. Eu conheço uma passagem subterrânea. Lá podemos encontrar respostas. E se encontrarmos as respostas, podemos controlar o jogo."

Jiwoo a olhou surpreso. "Passagem subterrânea? Onde você aprendeu isso?"

"Eu... não importa agora." Ela estava focada, determinada. "Eu sei que ali há algo que pode nos ajudar. Não tenho certeza do que exatamente, mas algo me diz que é nossa única saída."

O som de motores ao longe interrompeu a conversa. A tensão aumentou, e Jiwoo imediatamente se colocou em alerta. Hana também sentiu a presença iminente, como se o tempo estivesse contra eles.

"Agora", ela disse, puxando Jiwoo pela mão e começando a caminhar rápido. "Agora é a nossa chance. Não podemos parar."

Eles correram pelas ruas, o som dos seus passos ecoando pelo asfalto. A cidade, antes familiar e cheia de vida, agora estava irreconhecível, tomada por um silêncio opressor. O medo estava no ar, como se toda a cidade soubesse que algo grande estava prestes a acontecer. E a cada esquina, eles sabiam que estavam mais perto da verdade. Mais perto de algo que mudaria tudo.

Quando chegaram ao local dos armazéns, uma sensação de desconforto tomou conta de Hana. Ela sabia que a área era frequentemente utilizada por negócios clandestinos. Mas o que os aguardava ali era algo muito maior. Eles chegaram à entrada de uma velha construção abandonada, uma porta enferrujada que ela abriu com dificuldade. O cheiro de mofo e decadência preenchia o ar.

Dentro, uma escada escura levava ao subterrâneo. Hana hesitou por um momento, olhando para Jiwoo. Seu olhar estava carregado de uma mistura de medo e expectativa, mas ela sabia que eles não podiam mais voltar.

"Você tem certeza disso?" Jiwoo perguntou, seu tom grave e pesaroso. "Eu não sei o que vamos encontrar aqui. Estamos indo em direção ao desconhecido."

"Eu também não sei o que vamos encontrar", Hana respondeu com sinceridade, "Mas o que sei é que não podemos mais viver com medo do que está lá embaixo. Se quisermos acabar com isso, precisamos encarar a escuridão."

Com uma última troca de olhares, eles desceram os degraus. A escuridão os envolveu rapidamente, e eles sentiram o peso do silêncio ao redor. O único som era o de suas respirações rápidas e os passos cautelosos sobre o concreto frio.

"Fique perto de mim", Jiwoo disse, seus olhos agora completamente focados na escuridão. "Eu não confio nesse lugar. E nem em quem o criou."

Hana não disse nada, mas sentiu o mesmo. O ambiente estava pesado, opressor, e havia algo lá embaixo que os aguardava. O medo, mais uma vez, apertava seu peito, mas ela sabia que a única maneira de seguir adiante era enfrentando esse medo, sem se deixar paralisar.

Finalmente, eles chegaram a uma porta metálica, com uma trava que parecia impossível de abrir. Hana, sem hesitar, começou a procurar a chave — uma chave que ela soubera que estaria ali, desde o momento em que entrou naquele mundo sombrio. Algo dentro dela dizia que estavam prestes a descobrir tudo. Ela só não sabia que, ao abrir aquela porta, suas vidas mudariam para sempre.

Com um clique suave, a porta se abriu.

O que estava do outro lado? Hana e Jiwoo estavam prestes a descobrir o que haviam buscado durante toda a vida: as respostas. E, com elas, os próximos passos dessa história os levariam a uma linha de defesa onde só um deles poderia sair ileso.

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