Capítulo 10: O Ponto Sem Retorno

O carro parou em frente a um grande portão de ferro, imponente, como se estivesse escondendo um segredo sombrio. Hana observou as cercas altas e as sombras dançando atrás das árvores, a sensação de estar em um lugar isolado a invadindo. O medo, que antes era uma sombra constante, agora se tornava palpável, se aninhando em seu peito, apertando sua respiração.

Jiwoo desligou o motor e permaneceu imóvel por um instante. Ele não olhou para ela. Não precisava. O que aconteceria a partir daquele momento era uma linha sem volta. Hana sabia disso, e seu corpo inteiro tremia com a antecipação do desconhecido.

"Este é o lugar", ele disse, com a voz grave e tensa.

"Este lugar?" Hana repetiu, tentando entender, embora a resposta fosse óbvia. "Onde estamos, Jiwoo?"

Ele a olhou finalmente, e seus olhos estavam carregados de uma tristeza profunda. "Este é o lugar onde tudo começou. Onde as decisões foram feitas. Onde as promessas foram quebradas."

Hana sentiu um arrepio percorrer sua espinha. As palavras dele eram como uma sentença, pesadas e definitivas. Ela não sabia se queria ouvir mais, se deveria continuar nessa jornada com ele. Mas algo dentro dela a mantinha ali. Algo mais forte do que a razão, algo que ela não podia controlar.

"Vamos", ele disse, abrindo a porta do carro e saindo sem esperar. Hana o seguiu, seus passos hesitantes, mas resolutos. Ela sabia que não poderia mais voltar atrás. A única opção agora era seguir em frente.

O portão rangeu ao ser aberto por Jiwoo, e os dois caminharam em silêncio por um caminho de pedras, iluminado por pequenas lâmpadas espalhadas ao longo da trilha. O ar estava denso, como se a noite estivesse carregada de promessas e segredos que não podiam ser ditos em voz alta.

"Jiwoo, eu preciso entender", Hana insistiu, sua voz mais firme agora, embora ainda cheia de emoção. "O que aconteceu aqui? O que você fez? E por que você me trouxe até aqui?"

Ele a olhou por um momento antes de suspirar, como se estivesse pesando suas palavras. "Eu fiz escolhas, Hana. Eu entrei em um mundo que não podia controlar, e você… você foi a única coisa que me fez querer mudar. Mas o que eu fiz antes de te conhecer… o que eles esperam de mim agora, isso vai afetar você. E eu não posso deixar isso acontecer."

Hana sentiu o estômago embrulhar com a sinceridade na voz dele. Ela sabia que estava perto de uma verdade dolorosa, e ao mesmo tempo, uma parte de si queria se afastar, correr para longe de tudo. Mas o que a impedia era a intensidade com que ela o amava, o desejo de acreditar que, apesar de tudo, ele ainda era a pessoa por quem ela se apaixonara.

Eles chegaram a uma grande casa, isolada, sombria, com as janelas fechadas e as portas guardadas por seguranças. O ar estava pesado, quase suffocante, e Hana podia sentir que o perigo estava à espreita, aguardando o momento certo para se revelar.

"Entre", Jiwoo disse, com uma expressão distante. Ele parecia mais velho, como se o peso de suas escolhas tivesse envelhecido sua alma.

Hana hesitou, o medo agora misturado com uma emoção indescritível. Ela não sabia o que esperar ali dentro, mas sabia que não seria simples. Jiwoo a guiou para dentro, e a casa estava vazia, exceto por uma mesa longa e uma única lâmpada que iluminava o centro da sala.

Sentaram-se frente a frente, e a tensão era quase palpável. Jiwoo parecia prestes a falar, mas antes que pudesse, a porta da sala se abriu, e uma figura surgiu. Um homem alto, de expressão impassível, vestido com um terno escuro. Seus olhos eram como lâminas, cortando a alma.

"Você finalmente trouxe ela", o homem disse com uma voz grave e sem emoção. "Achei que já tivesse abandonado isso tudo, Jiwoo."

Hana sentiu um calafrio percorrer seu corpo. "Quem é você?", ela perguntou, sua voz soando mais firme do que ela imaginava ser possível.

O homem olhou para ela, e um sorriso frio apareceu em seus lábios. "Eu sou alguém que sabe muito sobre o que você está fazendo aqui. E sobre o que Jiwoo fez para chegar até onde está. Mas, mais importante, eu sou alguém que pode destruir tudo o que você construiu, se não cooperar."

Hana sentiu sua respiração falhar por um momento, o medo agora tomando conta de cada célula de seu corpo. Ela olhou para Jiwoo, mas ele parecia tão distante, tão perdido em seus próprios pensamentos, que ela não sabia o que fazer.

"Você me trouxe até aqui para me entregar a eles?" Hana perguntou, a raiva tomando conta de suas palavras, mas o medo ainda pulsando em suas veias. "Você me prometeu que me protegeria!"

Jiwoo olhou para ela, os olhos desesperados, como se ele mesmo estivesse se destruindo. "Eu… não sabia o que fazer, Hana. Eu não queria te envolver nisso. Mas agora… eu não tenho escolha."

A figura do homem se aproximou, seus passos ecoando pela sala, e ele parou ao lado de Jiwoo. "Eu ofereci a ele uma chance, Hana", o homem disse, quase com um tom de desdém. "Mas ele decidiu brincar de herói. Agora, ele vai pagar o preço. E você também."

A sala ficou em silêncio, e Hana sentiu o peso da realidade desmoronando sobre ela. Tudo o que ela acreditava ser verdade estava sendo destruído diante de seus olhos. Ela olhou para Jiwoo, mas, ao invés de encontrar os olhos confiantes que ela conhecia, encontrou um homem quebrado, um homem que havia perdido o controle de sua própria vida.

"Você mentiu para mim", Hana sussurrou, a dor em sua voz quase insuportável. "Você me mentiu o tempo todo."

Jiwoo não respondeu. Ele estava mudo, incapaz de olhar para ela. O homem ao seu lado riu suavemente. "É assim que as coisas funcionam, Hana. Você acha que pode controlar seu destino, mas há sempre alguém mais poderoso. E você, minha querida, está no centro de tudo isso."

As palavras dele soaram como um eco em sua mente. Ela estava perdida. Não havia mais salvação, e o pior era que ela sentia como se estivesse à beira de perder tudo o que amava. O homem diante dela sorriu de forma cruel.

"Agora, vamos ver o que você vai fazer, Hana. O que você vai escolher."

Hana sentiu uma onda de raiva e frustração a consumir. Ela não ia deixar sua vida ser definida por escolhas que ela não fez. Ela não iria se deixar destruir. Não ali, não com ele.

E naquele momento, ela fez uma escolha. A escolha de lutar.

"Eu vou lutar", ela disse, sua voz firme, um grito de resistência que surgiu do fundo de sua alma. "Eu não vou ser a vítima dessa história."

Jiwoo olhou para ela, finalmente levantando os olhos. E pela primeira vez, ela viu nele a mesma determinação que ela sentia.

"Eu vou lutar com você", ele disse.

E naquele instante, Hana soube que, independentemente do que acontecesse, nada mais seria o mesmo. O ponto sem retorno havia sido cruzado. O jogo estava prestes a mudar, e ela estava pronta para enfrentar tudo o que vinha pela frente.

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