A tarde que seguiu o encontro inesperado na livraria foi carregada de algo mais do que o simples cansaço de um dia de trabalho. Hana não conseguia tirar os olhos de suas próprias mãos, como se estivesse sentindo ainda o toque dele, ainda a energia do café que haviam compartilhado em silêncio. O mistério que ele emitiu estava a deixando ansiosa, inquieta, como se algo estivesse prestes a acontecer — algo que ela não sabia se deveria querer.
Ela estava começando a perceber que aquele homem, com o olhar tão enigmático, talvez fosse mais do que um simples estranho que entrou em sua vida por acaso. A sensação de que ele sabia mais sobre ela do que deveria estava crescendo, mas, ao mesmo tempo, havia algo no comportamento dele que a atraía de uma forma que ela não sabia explicar. Como se, por mais que tentasse manter a distância, algo em sua alma o buscasse.
Na manhã seguinte, Hana acordou antes do despertador — algo raro para ela. A noite passada foi de insônia, de pensamentos que giravam sem parar, com o rosto de Jiwoo — o homem da livraria — aparecendo em sua mente em cada momento de quietude. Aquelas palavras, tão enigmáticas e quase ameaçadoras, ecoavam em sua cabeça. “Eu sei o que você está pensando. Mas você está errada. Eu não sou o que você imagina.” O que ele queria dizer com aquilo? Por que ela sentia que havia algo perigoso à sua volta, mesmo com a gentileza com que ele a tratava?
Ela se levantou rapidamente, tentando colocar seus pensamentos em ordem. Mas quanto mais tentava esquecer, mais ele aparecia. Era como se seu corpo, sua mente e até sua alma estivessem conectados a ele de uma forma inexplicável. No fundo, ela sabia que ele estava em sua vida por um motivo. Mas qual?
Ao sair para o trabalho, o céu estava pesado, nublado, mas não chovia. Como se o clima quisesse acompanhar o turbilhão que ela sentia dentro de si. O caminho até a estação de metrô parecia mais longo do que o habitual. Cada passo dela ecoava, mais forte, mais forte, até que ela viu, à distância, a silhueta que já conhecia bem.
Jiwoo estava parado na entrada do café, mais uma vez. Desta vez, ele não parecia ser uma simples coincidência. Ele estava lá, como se estivesse esperando por ela. Hana parou, a respiração ficando mais curta. Ele parecia mais imponente hoje, mais enigmático. E algo dentro dela dizia que ele sabia que ela o havia procurado, sabia que ela estava pensando nele a noite inteira.
Ela tentou disfarçar, mas, antes que pudesse se virar e seguir em frente, ele a viu. Os olhos dele a prenderam com um magnetismo difícil de desviar, como se, por um instante, o mundo ao redor deles tivesse desaparecido.
Sem palavras, sem gestos, ele deu um passo à frente. Hana sentiu seu corpo reter o ar, como se fosse impossível respirar normalmente. Ele se aproximou dela de forma tão silenciosa, que seus corações pareciam bater no mesmo ritmo.
"Você está atrasada", disse ele, sua voz baixa, mas carregada de uma intensidade que a fez estremecer. "Mas você não vai fugir de mim hoje, Hana."
Ela o olhou, confusa, sem saber o que dizer. Ele estava tão perto, quase a tocando, e ela sentia a eletricidade no ar. Algo entre eles estava se aquecendo, se tornando incontrolável. Mas o que era aquilo? Ela ainda não sabia. Não sabia o que estava acontecendo, mas algo dentro dela sabia que nada seria o mesmo a partir daquele momento.
"Eu não... eu não estou fugindo de você", ela respondeu, tentando encontrar a coragem para olhar nos olhos dele. "Só... não sei o que você quer de mim."
"Eu quero a verdade", ele disse, seu olhar fixo no dela, sem desviar, como se estivesse lendo cada pensamento, cada dúvida. "A verdade sobre o que você sente."
O silêncio que se seguiu foi denso, pesado, mas de uma maneira que fazia Hana querer gritar, correr, mas, ao mesmo tempo, ficar ali, perto dele, onde tudo parecia acontecer.
Mas antes que ela pudesse falar qualquer coisa, Jiwoo deu um passo à frente, mais uma vez. A distância entre eles era agora praticamente inexistente. O ar entre eles parecia ter desaparecido, e Hana sentia o calor dele, o cheiro inconfundível de algo que a deixava ainda mais vulnerável. Ele estava tão perto que ela podia ouvir os batimentos do coração dele.
"Eu sei que você sente", disse ele, com uma suavidade inesperada, mas com uma certeza que a fez tremer. "Mas você tem medo. E o medo é o que nos mantém distantes."
Hana estava paralisada. Seu corpo queria correr, queria sair dali, mas seus olhos não conseguiam se afastar dele. Ela queria, mais do que qualquer coisa, saber o que ele queria, saber o que ele sentia, e, ao mesmo tempo, tinha medo de descobrir a verdade. Mas uma parte dela, uma parte profunda, queria muito mais do que isso. Queria a conexão. Queria a entrega.
Ele olhou para ela, como se soubesse exatamente o que ela estava pensando. A tensão no ar aumentava, a energia entre os dois era palpável, uma força invisível que fazia o mundo ao redor desaparecer.
Então, antes que Hana pudesse tomar qualquer decisão, ele se afastou, de repente. O choque foi quase físico. Ela sentiu o calor da proximidade dele desaparecer em um instante, como se ele tivesse retirado algo importante de sua vida. Ela olhou para ele, confusa, sem saber o que estava acontecendo, sem saber o que ele queria, sem entender nada.
"Eu volto depois", disse Jiwoo, com um sorriso que não chegava aos olhos, antes de dar as costas e sair do café, deixando Hana ali, sozinha, com um coração batendo descompassado e um vazio que ela não sabia como preencher.
Ela sentiu uma necessidade urgente de segui-lo, de saber onde ele estava indo, o que ele faria, o que ele significava. Mas algo dentro dela a impediu de tomar qualquer atitude. Algo ainda a segurava, algo que ela não podia ignorar.
Ela ficou ali, no meio do café vazio, com os olhos fixos na porta pela qual ele desapareceu. O que era aquilo entre eles? E, mais importante, o que ele sabia que ela ainda não sabia?
A pergunta permanecia no ar. E Hana não sabia como lidar com ela.
O que ela não sabia era que aquele simples encontro mudaria tudo — e que ela, mais do que nunca, estava prestes a descobrir os segredos que ele estava tentando esconder.
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Atualizado até capítulo 31
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