O dia seguinte começou com o som da chuva batendo contra a janela do quarto de Hana. Ela acordou mais cedo do que o habitual, o sono leve e inquieto, como se algo estivesse prestes a acontecer. Algo que ela não conseguia compreender completamente, mas que já parecia pairar no ar.
Quando ela olhou para o relógio, percebeu que estava atrasada novamente. A pressa era algo constante em sua vida, mas aquele dia em particular parecia ter um peso diferente. Como se tudo estivesse sendo desenhado de alguma forma, preparando-se para algo que ela não poderia controlar.
No caminho para o trabalho, a cidade estava um pouco mais calma do que de costume. As ruas, ainda molhadas pela chuva, refletiam as luzes dos postes, dando a cidade uma sensação de silêncio profundo, como se o mundo estivesse esperando por algo.
E então, ela o viu.
Ele estava de pé em frente ao café onde ela costumava parar todas as manhãs. O mesmo homem de ontem, com o casaco preto, os cabelos ligeiramente bagunçados pela umidade, e os olhos, os mesmos olhos que agora pareciam estudar o movimento das pessoas, como se estivesse procurando por algo ou alguém. Ele não parecia estar à procura de Hana, mas algo naquele olhar fez com que ela sentisse que ele sabia que ela a observava.
Ela parou por um momento, hesitante, a mão no bolso do casaco, se perguntando se deveria se aproximar ou seguir em frente. Mas o destino parecia já ter feito sua escolha por ela.
Quando ele percebeu que ela estava ali, à distância, houve uma fração de segundo onde seus olhares se cruzaram. Ele não sorriu, não fez nenhum gesto de reconhecimento, mas algo na maneira como ele a olhou fez seu coração acelerar. Como se, de alguma forma, ele soubesse que ela estava pensando nele, e, mais importante, como se ele estivesse esperando por aquele momento.
Hana respirou fundo e decidiu seguir seu caminho, ignorando a sensação de que o mundo ao seu redor parecia ter parado. Mas a sensação não desapareceu, pelo contrário. Ela não conseguiu se livrar dele o dia todo. Sua mente ficava voltando àquele olhar, àquela sensação de que ele sabia algo que ela não sabia.
O trabalho foi um borrão de tarefas, chamadas e e-mails que Hana lidava como uma máquina, tentando não se perder em pensamentos que a deixavam desconfortável. Mas toda vez que ela olhava para a janela, não podia deixar de se perguntar: por que ele estava ali? E mais importante, por que ele parecia tão... distante?
Na hora do almoço, ela decidiu sair do escritório. Precisava respirar um pouco. A rua estava movimentada, mas ela não conseguiu deixar de procurar por ele, por aquele homem que havia cruzado sua vida de forma tão abrupta e misteriosa.
E, como se estivesse sendo guiada por algum tipo de força invisível, ela o encontrou.
Ele estava em uma livraria pequena, de esquina, com um livro nas mãos. Ela não podia ver o título, mas a maneira como ele o segurava, como se o estivesse estudando, a fez sentir uma curiosidade inesperada. Algo nele parecia tão... diferente de todos os outros homens que ela conhecia. Ele tinha uma aura de mistério, como se guardasse segredos que nem mesmo ele estava disposto a revelar.
Hana hesitou por um momento antes de entrar, mas algo a impulsionou a dar o passo. Talvez fosse a vontade de entender quem ele realmente era. Ou talvez fosse a certeza de que ele, de alguma forma, estava esperando por ela. Ela não sabia. Mas o que ela sabia era que, naquele momento, não conseguia mais se convencer de que ele era apenas um estranho qualquer.
Ela entrou na livraria e se dirigiu para a seção de romances. Suas mãos tocavam os livros distraidamente, enquanto seus olhos buscavam por ele. Finalmente, ela o viu, de pé entre as prateleiras. Ele estava sozinho, concentrado no livro em suas mãos, alheio a tudo ao seu redor. Hana se aproximou lentamente, sentindo uma tensão no ar, uma sensação de que aquele momento era mais do que um simples acaso.
Mas antes que ela pudesse chegar mais perto, ele se virou, como se soubesse que ela estava ali.
“Você novamente?” A voz dele era calma, mas havia uma intensidade em suas palavras, como se ele estivesse tentando ler seus pensamentos.
Hana parou, surpresa. Ela não esperava que ele fosse tão direto. “Sim”, respondeu ela, tentando esconder o desconforto crescente. “Eu… não estava planejando vir aqui, mas… parece que o destino tem um jeito de nos juntar de novo.”
Ele a observou por um momento, os olhos analisando cada movimento dela, antes de fechar o livro lentamente e colocá-lo de volta na prateleira. “O destino, é? Talvez seja algo mais simples do que isso.”
Hana sentiu uma pontada de curiosidade e desconforto. O que ele queria dizer com isso? “O que você quer dizer com isso?” ela perguntou, sem pensar, mas imediatamente sentindo que a pergunta estava mais carregada do que deveria.
Ele deu um sorriso pequeno, quase imperceptível, e fez um gesto para ela segui-lo até o balcão. “Vamos tomar um café. Eu preciso esclarecer algumas coisas.”
Ela hesitou. Algo naquele convite parecia errado, mas também a fazia sentir que não poderia dizer não. Era como se ele estivesse oferecendo uma resposta que ela não sabia que precisava ouvir.
Eles sentaram-se em uma mesa discreta, e o silêncio que se seguiu entre eles foi denso. Hana tentava entender o que estava acontecendo. Algo na atitude dele a desconcertava, mas ao mesmo tempo, ela não conseguia deixar de sentir que ele estava prestes a revelar algo importante.
Ele olhou para ela, como se estivesse decidindo se deveria continuar com o que tinha em mente. “Eu sei o que você está pensando”, disse ele, de repente. “Mas você está errada. Eu não sou o que você imagina.”
Hana sentiu uma onda de confusão. O que ele queria dizer com isso? E por que ele estava falando dessa maneira enigmática?
“Eu não sou quem você acha que sou, Hana.” Ele parecia ter lido sua mente, como se tivesse conhecimento de um segredo que ela ainda não conhecia.
O que ele sabia sobre ela? Por que ela sentia que algo estava prestes a se quebrar?
O mistério só aumentava. E ela não sabia se estava preparada para descobrir a verdade.
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Atualizado até capítulo 31
Comments
Sra Olga Mafalty
Obrigada querido por me acompanhar.
2025-04-12
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Sra Olga Mafalty
obrigada
2025-04-12
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Arleson Quadros
gostei muito! recomendo!!
2025-04-12
1