Melissa chegou apressada na entrada da faculdade, os cabelos presos em um coque despretensioso e a bolsa atravessada no ombro. Ainda usava o uniforme branco da babá, mas havia colocado um casaquinho por cima, tentando disfarçar. Ela respirou fundo antes de entrar e logo avistou Hanna e Isabella encostadas perto da escadaria, como combinado.
— Finalmente! Achei que ia nos dar um bolo hoje — disse Hanna, cruzando os braços.
— Desculpa, eu saí correndo do banho da Aurora direto pra cá — respondeu Melissa, rindo enquanto abraçava as amigas. — Minha vida virou uma maratona.
— E que maratona boa, hein? — provocou Isabella, olhando com malícia. — Porque pelo visto, ontem à noite teve emoção.
Melissa deu um risinho contido, meio envergonhado. — Vocês não vão largar disso, né?
— Claro que não — disse Hanna, puxando-a pelo braço enquanto subiam os degraus. — Você acha que a gente ia ignorar o fato de que Vinícius te deu um beijo e ainda foi todo cavalheiro?
— E que o Mathew viu tudinho — completou Isabella com um sorrisinho debochado.
— Ai, gente — Mel suspirou, entrando no prédio. — Foi um beijo rápido, meio no susto. Mas ele foi tão gentil... Vinícius tem esse jeito sedutor, sabe? E confesso que achei bonito, foi inesperado, mas… eu gostei.
As duas pararam, fazendo Melissa se virar para encará-las.
— Você gostou mesmo? — perguntou Hanna, com um olhar curioso.
— Gostei — confessou Melissa. — Mas fiquei confusa depois. Não sei se foi o momento ou se é algo que vai além disso.
— E o Mathew? — Isabella cutucou, maliciosa. — Notamos que você ficou mexida quando ele ficou estranho contigo hoje.
Melissa suspirou. — Ele ficou seco. Me perguntou o que eu estava fazendo com Vinícius, mas do jeito dele, sabe? Aí eu disse que somos só amigos, e ele retrucou com: “Amigos não se beijam na boca, Melissa.”
As meninas arregalaram os olhos em uníssono.
— Ele disse isso? — Hanna quase gritou, colocando a mão na boca.
— Sim! Eu fiquei sem reação. Nem consegui responder na hora. Foi... intenso.
— Amiga… ele sentiu ciúmes — Isabella disse firme. — E se tem uma coisa que homem não sabe esconder é isso.
— Não sei. Talvez — respondeu Mel, pensativa. — Mas ele é meu chefe. E ainda lida com um luto pesado, não dá pra saber o que se passa na cabeça dele.
— Às vezes nem ele sabe — Hanna completou com um suspiro.
O sinal tocou e as três entraram juntas na sala. Durante a aula, Melissa tentava se concentrar, mas as palavras de Mathew ecoavam em sua mente. Não era apenas o que ele dissera… mas o tom com que disse.
Depois da aula, as meninas caminharam juntas até o portão. Dessa vez, Melissa preferiu ir de ônibus. Vinícius mandou mensagem oferecendo carona novamente, mas ela recusou com um educado “Hoje prefiro ir sozinha, obrigada”.
Enquanto o veículo balançava suavemente no trajeto de volta, Melissa olhava pela janela, perdida em pensamentos. Seus sentimentos estavam embaralhados — entre a leveza de Vinícius e o peso que Mathew carregava nos olhos.
Ela só não sabia ainda que, do outro lado, Mathew também passava sua noite em silêncio… tentando entender por que aquela jovem de sorriso fácil e alma leve estava mexendo tanto com ele.
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Atualizado até capítulo 53
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