CAPÍTULO- 08 Medos e incertezas!

Naquela segunda-feira, após uma longa aula, Gabriel sentiu uma mistura de ansiedade e expectativa enquanto observava os alunos se levantarem para sair. O dia havia sido produtivo, mas sua mente estava completamente focada em Laura. Ele sabia que precisava contar a ela sobre a relação que tinha com Vivi, especialmente agora que sentia que havia algo especial entre eles.

Ele se despediu dos alunos e, ao ver Laura se aproximando, seu coração acelerou. Ela estava sorrindo, como sempre, e isso o fazia sentir-se mais à vontade.

— Oi, Laura! — disse Gabriel, tentando manter a calma na voz. — Você tem um minuto?

— Oi, professor! Claro! — respondeu Laura, com um brilho nos olhos. — O que você queria me contar?

Gabriel hesitou por um momento, buscando as palavras certas. Ele queria que esse momento fosse especial, mas também sabia que era delicado.

— Eu... eu queria te contar uma coisa importante — começou ele, respirando fundo. — Você sabe que sou irmão da Vivi, certo?

Laura o olhou com uma expressão que misturava surpresa e compreensão.

— Na verdade, eu já sabia — disse ela, um sorriso tímido surgindo em seu rosto.

Gabriel ficou atônito por um instante, sem saber como reagir.

— O quê? Como você soube? — perguntou, tentando processar a informação.

Laura riu suavemente, um pouco envergonhada.

— Vivi me contou no final de semana, exatamente após nós termos nos encontrado na biblioteca. Ela achou que era importante que eu soubesse, especialmente porque estávamos conversando sobre você — explicou Laura, olhando para baixo, um pouco nervosa.

Gabriel sentiu um alívio misturado com uma leve frustração. Ele havia se preparado para essa conversa, mas agora, ao saber que Laura já tinha conhecimento, não sabia o que mais dizer.

— Então, você não ficou surpresa? — perguntou ele, tentando entender o que isso significava para ela.

— Na verdade, sim, mas de uma forma boa. Eu acho que é legal saber que vocês são irmãos. Isso explica muita coisa — respondeu Laura, seu olhar se iluminando.

Gabriel sorriu, sentindo-se mais à vontade.

— Eu só queria garantir que você soubesse, porque isso é importante para mim. E eu não quero que isso crie qualquer tipo de mal-entendido entre nós — disse ele, seu tom sincero.

Laura assentiu, compreendendo a profundidade da situação.

— Eu entendo, Gabriel. E não se preocupe, isso não muda em nada. Na verdade, me deixa ainda mais feliz saber que você tem uma irmã tão incrível quanto a Vivi — respondeu Laura, seu sorriso se ampliando.

Gabriel sentiu seu coração aquecer com as palavras dela. A conexão entre eles parecia se fortalecer a cada momento.

— Obrigado por entender, Laura. Eu realmente gosto de você e quero que isso funcione, apesar de tudo — disse ele, olhando profundamente nos olhos dela.

Laura sorriu, e Gabriel percebeu que, apesar das complicações, havia algo especial entre eles que valia a pena explorar. Com um novo senso de esperança, ele se sentiu mais confiante sobre o que estava por vir.

Após a conversa reveladora, Gabriel e Laura ficaram em silêncio por um momento, ambos refletindo sobre o que havia sido dito. O ambiente estava carregado de uma tensão suave, como se o ar estivesse vibrando com a emoção que os envolvia.

Laura foi a primeira a quebrar o silêncio, seu olhar fixo em Gabriel.

— Eu realmente gosto de você, Gabriel — disse ela, a sinceridade em sua voz fazendo seu coração acelerar.

Gabriel sentiu um calor subir pelo rosto. Ele sabia que também sentia algo especial por Laura, algo que ia além da amizade.

— Eu gosto de você também, Laura. Você é incrível — respondeu ele, a verdade de suas palavras pulsando em cada sílaba.

Por um breve instante, eles trocaram olhares que diziam mais do que palavras poderiam expressar. Era como se o mundo ao redor tivesse desaparecido, e tudo o que importava fosse aquele momento, aquela conexão.

O silêncio entre eles se prolongou, mas não era desconfortável. Pelo contrário, havia uma eletricidade no ar, uma expectativa crescente que os envolvia. Gabriel sentiu sua respiração acelerar quando Laura deu um pequeno passo à frente, os olhos brilhando de maneira intensa.

Ele não sabia quem se aproximou primeiro, apenas que, de repente, estavam perto o suficiente para sentir o calor um do outro. O coração de Laura batia forte contra o peito, e Gabriel engoliu seco antes de erguer a mão lentamente, roçando os dedos de leve na lateral do rosto dela.

— Se isso for um erro, eu não quero acertar — murmurou ele, sua voz baixa e carregada de emoção.

Laura sorriu, os lábios entreabertos, e, sem pensar mais, se inclinou na direção dele. O primeiro toque foi hesitante, suave, como se ambos quisessem prolongar aquela tensão deliciosa. Mas logo, o beijo se aprofundou, intenso e cheio de sentimentos não ditos.

O mundo ao redor desapareceu. Não havia mais escola, não havia regras, não havia preocupação. Apenas o calor do beijo, a maneira como seus corpos pareciam se encaixar e a certeza de que algo dentro deles havia mudado para sempre.

O beijo foi tudo o que Gabriel não sabia que precisava. Intenso, quente, avassalador. Por um instante, ele se permitiu esquecer tudo: a escola, as regras, as consequências. Mas, quando seus lábios finalmente se afastaram, a realidade caiu sobre ele como um balde de água fria.

Ele abriu os olhos e viu Laura ainda próxima, os lábios levemente inchados pelo beijo, os olhos brilhando de expectativa. Ela sorriu, e aquilo fez algo dentro dele se quebrar.

"O que eu estou fazendo?"

A pergunta ecoou em sua mente, trazendo de volta tudo o que ele havia tentado ignorar. Ele era o professor dela. Irmão de sua melhor amiga. E, por mais que quisesse, sabia que aquilo não podia continuar.

Ele fechou os olhos por um segundo, tentando controlar a vontade desesperada de puxá-la para outro beijo. Sua respiração ainda estava descompassada, e ele teve que reunir toda sua força para dar um passo para trás.

— Laura... — Sua voz saiu rouca, carregada de conflito.

O sorriso dela vacilou.

— O que foi? — perguntou ela, seu tom agora carregado de incerteza.

Gabriel passou a mão pelos cabelos, frustrado consigo mesmo.

— A gente não pode... — Ele parou, buscando as palavras certas, mas nenhuma parecia suficiente para explicar o que sentia. — Isso não pode acontecer.

O rosto de Laura se fechou, e ele viu a dor passar por seus olhos.

— Mas... Gabriel... — Ela tentou argumentar, dando um passo na direção dele.

Ele sentiu o corpo reagir ao movimento dela, o desejo de segurá-la de novo queimando dentro dele. Mas, se cedesse mais uma vez, sabia que não conseguiria parar.

— Eu quero, Laura — admitiu, a voz carregada de emoção. — Deus, como eu quero. Mas eu sou seu professor. Isso não pode acontecer.

Ela ficou em silêncio por um momento, mordendo o lábio, lutando contra as lágrimas que ameaçavam surgir.

— Então, esse beijo... não significou nada para você? — Sua voz era quase um sussurro.

Gabriel sentiu o peito apertar. Como ele poderia mentir para ela? Como poderia dizer que não havia significado, quando cada célula do seu corpo ainda ardia pelo toque dela?

Ele soltou um suspiro pesado, olhando nos olhos dela com toda a intensidade do que sentia.

— Significou tudo. E é exatamente por isso que precisa parar por aqui.

Laura desviou o olhar, respirando fundo, tentando processar aquelas palavras. Gabriel queria dizer algo mais, mas sabia que qualquer coisa que dissesse só tornaria tudo mais difícil.

Então, ele fez a única coisa que podia fazer: deu mais um passo para trás, criando a distância que precisava.

— Me perdoe, Laura — murmurou, antes de virar as costas e sair dali, deixando para trás a única coisa que ele queria realmente ficar.

A realidade da situação os envolveu como uma sombra. Ambos sabiam que o que sentiam era verdadeiro, mas a pressão das circunstâncias tornava tudo mais complicado. Com um último olhar, cheio de sentimentos não ditos, ele se afastou lentamente, cada um levando consigo a dor da decisão que haviam tomado.

Gabriel saiu da sala, seu coração pesado, enquanto Laura permanecia, sentindo-se perdida em um mar de emoções. Ambos sabiam que o que haviam construído era precioso, mas o medo do que poderia acontecer os forçou a se afastar, mesmo que isso significasse renunciar a algo que poderia ser maravilhoso.

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